Habilidades do século XXI e o mundo do trabalho

Com a Quarta Revolução Industrial (Indústria 4.0), que é a era da internet, o mercado de trabalho tem passado por mudanças significativas, refletidas na reinvenção de produtos, redefinição de serviços e remodelagem da maneira como trabalhamos e nos relacionamos. E, como consequência desse novo contexto social global, tem havido cada vez mais discussões sobre o contraste entre as competências atuais da força de trabalho e as necessárias para se ter sucesso no futuro, mais conhecidas como Habilidades do Século XXI.

Quando falamos sobre Habilidades do Século XXI, esse conceito é motivado pela crença de que ensinar aos alunos as habilidades mais relevantes, úteis, e demandadas universalmente, deve ser priorizado nas escolas atuais. Isso, vemos reforçado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), que diz que em menos de 10 anos, as pessoas já não serão pagas pelo que sabem, mas pelo que elas sabem fazer com o que sabem.

Alguns dados importantes são: 65% dos estudantes, vão trabalhar em empregos que ainda não foram inventados; 47% dos empregos atuais, serão assumidos por máquinas durante as próximas duas décadas; 6.5 milhões dos novos empregos de TI, até 2022, serão relacionados a nuvem; apenas 33% da demanda mundial por funcionários com habilidades tecnológicas está sendo atendida; e, o percentual de empregos que exigem habilidades tecnológicas aumentará 77%, em menos de uma década.

As famosas habilidades e competências para que sejamos bem-sucedidos nesse novo contexto, podem ser divididas em três grandes domínios. O primeiro deles é o cognitivo, que é aquele que envolve memória, pensamento crítico e resolução de problemas. Os outros dois domínios, muito menos estudados, ainda, são o intrapessoal e o interpessoal. O intrapessoal, tem relação com a nossa capacidade de lidar com emoções e moldar comportamentos para atingir objetivos. Já o interpessoal, envolve a habilidade de expressar ideias, interpretar e responder aos estímulos de outras pessoas. Nós podemos, ainda, diferenciar os tipos de habilidades em dois grupos: hard skills (habilidades técnicas) e soft skills (habilidades comportamentais).

A principal forma de avaliação para a contratação de candidatos no mercado de trabalho ainda está muito baseada nas hard skills. Vemos isso com frequência no modelo dos processos seletivos de famosos programas de trainees, por exemplo. Mas o que diferencia os profissionais mais bem-sucedidos dos demais, com certeza, são as soft skills.

Para comprovar a importância das habilidades comportamentais, Claudio Fernandez Araoz, em seu livro "Great People Decisions", de 2007 - que traz aprendizados de mais de três décadas no recrutamento e desenvolvimento de pessoas - compartilha um experimento com uma determinada empresa, onde mostra que 97% dos candidatos com um elevado grau de inteligência emocional, combinado com uma relevante experiência na função a ser desempenhada, foram (brilhantemente) bem-sucedidos em seus papéis. Enquanto 25% daqueles com elevado grau de QI e relevante experiência, mas com baixo nível de inteligência emocional, fracassaram miseravelmente.

Logo, somos levados a crer que as responsabilidades das famílias, educadores e centros de formação, têm se tornado cada vez mais complexas, pois, muito embora na era da Indústria 4.0, as oportunidades de trabalho estejam crescentemente relacionadas às novas tecnologias, sem habilidades comportamentais e competências socioemocionais, as possibilidades de se obter sucesso na vida profissional passam a ser questionadas.

E você, concorda?

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