HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL À LUZ DA SUSTENTABILIDADE
Os problemas relacionados às alterações climáticas são devido à intensa degradação ambiental advindo de todos os lugares do planeta. Esta degradação têm contribuído para o aumento dos níveis dos oceanos, crescimento de áreas desérticas, perda de terras férteis, ricos de desabastecimento de energia e água potável, escassez dos recursos naturais e muito outros fatores que prosseguem se agravando.
Dentre os problemas apresentadas anteriormente, evidencia-se como um dos agentes agressores o alto nível de degradação que a construção civil tem causado aos finitos recursos naturais, e essa preocupação se intensifica quando se considera o numeroso déficit habitacional brasileiro, chegando a milhares de novas residências. Porém a preservação ambiental, como produto mercadológico, tem ganhado muitos aliados no competitivo mercado mobiliário, uma vez que os consumidores destas áreas têm cobrado cada vez mais por projetos que impactem o mínimo possível o meio ambiente. Desta forma, torna-se extremamente importante, a construção de habitações com qualidade e conforto, sem afetar os frágeis ecossistemas viventes.
Todos estes problemas são de certa forma um empecilho, para o desenvolvimento sustentável de projetos na construção civil, porém neste trabalho o projeto de habitação de interesse social adotará práticas da sustentabilidade para assim ajudar as sanar as problemáticas da construção civil e do meio ambiente.
Ao longo do amadurecimento do termo Desenvolvimento Sustentável surgiram algumas praticas que proporcionam a aplicação de diretrizes sustentáveis à construção civil. Diante das principais ferramentas que a sustentabilidade oferece no âmbito do projeto arquitetônico, como pode ser projetada uma edificação habitacional de interesse social sustentável, de forma a atender às dimensões ambientais, sociais e econômicas, consideradas o tripé da sustentabilidade?
Valores como segurança, abrigo e status são cultuados desde a infância, uma vez que essas metas são alcançadas, o indivíduo se permite a alcançar novos objetivos, caso contrário muitas vezes, esses novos objetivos serão deixados para traz no intuito de conquistar seus valores tanto desejados. Assim a casa tão sonhada é a representação do abrigo natural, criando segurança para as famílias, sendo esta o pilar da estrutura social de um país. Dessa forma a habitação se conforma como um importante instrumento para o equilíbrio social, e a aspiração por uma moradia condigna configura um dos mais importantes direitos do homem, e esta moradia é uma condição básica para a promoção da dignidade familiar, o que faz dela um importante fator de estabilidade social e política (MARTINS, 2013).
As perspectivas para amparar os problemas habitacionais no mundo não são muito positivas. No ano de 2030, de acordo com projeções do UN-HABITAT (Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos), da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 40% da população mundial, três bilhões de pessoas, precisará de casa e serviços básicos de infraestrutura. Para abrigar esta população será necessária a construção de 96.150 unidades habitacionais por dia ou 4.000 por hora (ONU, 2014), isso mostra o tamanho do déficit habitacional e o gigantesco trabalho que essa área necessita.
No Brasil os problemas habitacionais são de longa data. Atualmente o déficit habitacional brasileiro chega a 6.940 milhões de unidades, sendo que deste total 85% estão concentradas nos centros urbanos (FURTADO; LIMA NETO; KRAUSE, 2013).
O rápido crescimento populacional já chegou aos frágeis e vitais ecossistemas para a biosfera, que muitas vezes são ocupados ilegalmente pelo homem, como mangues, áreas de florestas remanescentes e áreas de preservação ambiental. Como se isso não bastasse essas ocupações irregulares são precárias e carecem de todo tipo de qualificação, demonstrando o anseio por uma moradia mesmo ela não sendo condigna. Os problemas causados aos ecossistemas são ainda mais preocupantes quando se avalia o nível de agressão que a construção civil já vem cometendo ao meio ambiente, devido ao alto consumo de matéria prima. Esta situação se agrava ainda mais na medida em que, o número de habitações, como apontado pela ONU, a serem construídas é gigantesco e as reservas dos recursos naturais só diminuem.
Além do alto consumo da construção civil, outros fatores podem ser apontados para a busca de novas soluções para o processo do desenvolvimento urbano, e consequentemente, para a escolha de novos caminhos a serem seguidos pelo setor da construção civil. São apontados: efeitos provenientes da mudança climática, aquecimento global, provocados pela dispersão de CO₂ e outros gases; esgotamentos dos recursos naturais; crescimento populacional; expansão da pobreza; falta de alimentos, de energia e de água; destruição da camada de ozônio; redução contínua da biodiversidade; problemas de saúde produzidos pelos aditivos tóxicos na comida e na bebida e pelo acúmulo de toxinas no solo, no ar e na água; risco de mega desastres casados por acidentes nucleares e vazamentos de lixo nuclear; e homogeneização das culturas com a consequente perda das identidades locais (SUSTENTAVEL, 2014).
Os problemas habitacionais e as consequências destes problemas são certamente maiores nos países em desenvolvimento como, por exemplo, no Brasil, já que o desafio de construir com o emprego de volumes inferiores de recursos naturais é certamente maior, pois o déficit habitacional e o volume de bens a serem construídos são maiores que nos países de economia avançada. Dessa forma, busca-se aliar a sustentabilidade à grande demanda por novas unidades habitacionais, para assim amenizar o desmedido impacto que a construção civil vem causando no meio ambiente.
Além de tudo isso, é importante ressaltar a necessidade da sustentabilidade não somente no planejamento do projeto, mas também na fase da construção e bem como na fase de uso. Construir com sustentabilidade é desenvolver uma abordagem integrada de um ambiente construído saudável com seu entorno, baseado na eficiência de recursos e princípios ecológicos.