Havia um fio que separava o presente e o futuro digital

Havia um fio que separava o presente e o futuro digital

E esse fio já foi ultrapassado. Porém, como tudo que envolve o meio tecnológico muda num piscar de olhos, esse fio não está muito distante. Ainda ontem jornalistas, empresários da comunicação, professores e especialistas no tema discutiam o quanto a vida dentro das redações seria influenciada pela internet. Debatiam o quanto a vida de todos nós seria influenciada. Hoje não há mais dúvidas: o digital não é mais futuro, é presente.

Mas quando foi que ultrapassamos esse fio? Não vejo uma data, como um aniversário. E sim um período. Mudança de cultura. Movimentos dos empresários da comunicação que, diante da crise, resolvem inovar. E inovação é algo mais do que necessário nos dias atuais.

Volto um pouco no passado. No início dos anos 2000, eu percorria os corredores da Unisinos, em São Leopoldo (RS), onde cursava Jornalismo, e me deparava com debates acalorados sobre o fim do jornal impresso. Professores e alunos faziam previsões sombrias para as empresas de comunicação do setor. As apostas eram que em até dez anos muitos impressos deixariam de circular.

A web está substituindo o impresso. O papel está sendo substituído pelos smartphones e iphones.

De fato, as previsões estão se concretizando. Não na data proclamada em salas e nos cafés da Unisinos. Mas isso é apenas um detalhe. A web está substituindo o impresso. O papel está sendo substituído pelos smartphones e iphones. As informações estão num toque com a ponta do dedo.

De pequenas a grandes empresas, aposentar o papel e investir no digital é questão de tempo, de continuidade no mercado. Em Cachoeira do Sul, município com cerca de 90 mil habitantes e localizado na região central do Rio Grande do Sul, o jornal O Correio deixou de circular em novembro de 2015. O Grupo Fandango, proprietário do título, informou que a medida visou acompanhar tendências mundiais de informação e hábitos comportamentais.

No entanto, as dificuldades econômicas estão no cerne da questão. O mesmo vale para outros veículos, alguns muito mais conhecidos e que fazem parte da história brasileira como Jornal do Brasil (RJ), que encerrou o impresso em 2010; O Estado do Paraná, que deixou de circular em 2011; e Brasil Econômico (SP), que abandonou o papel em 2015.

Mais recentemente, outro jornal paranaense, a Gazeta do Povo, anunciou que em junho de 2017 encerra a edição impressa. Segundo a direção da empresa, o foco passa a ser apenas o digital. Porém, a edição impressa de sábado será mantida, trazendo uma análise da semana.

Um jornal sobrevive de assinaturas e anúncios. E sem isso, como manter uma empresa de comunicação?

No final de 2016, o Portal Comunique-se divulgou um levantamento indicando que o Brasil perdeu ao menos sete jornais em 12 meses. A reportagem não especifica quantos permanecem ativos na internet. Diz apenas que alguns títulos aposentaram o papel e outros, infelizmente, fecharam as portas.

Comparo a passagem desse fio entre presente e futuro como subir uma montanha sem saber o que há lá em cima e muito menos do outro lado. Um jornal sobrevive de assinaturas e anúncios. E sem isso, como manter uma empresa de comunicação?

No início dos anos 2000, jornalistas, empresários, professores e estudantes estavam divididos não somente quanto ao futuro das empresas, mas quanto ao que ocorreria com a profissão. Muitos se perguntavam: haveria jornalismo sem papel? As perguntas, 17 anos depois, são as mesmas. E o bom jornalismo segue vivo.

A informação relevante sempre será fundamental na vida da pessoas.

Há jornalismo sem o papel e nossa profissão está mais viva do que nunca. A informação relevante sempre será fundamental na vida das pessoas, seja distribuída no papel, na internet, no rádio, na TV ou outra forma que a tecnologia venha a oferecer. Por isso, jornalistas e empresários precisam investir no online, gastar tempo e dinheiro em novos formatos para a informação.

Não se surpreenda se outras empresas tradicionais da comunicação anunciarem a aposentadoria do papel. É um destino sem volta. O fio entre presente e futuro digital dentro das redações já foi ultrapassado. A tecnologia muda as nossas vidas. E sem informação não há vida.

Até a próxima!


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