Hell de Janeiro
Não adianta fazer operação pra prender os buchas do crime organizado. Não adianta querer exterminar o traficante que fica no alto do morro portando um fuzil, e mal sabe pronunciar direito seu próprio nome, que sua mãe, analfabeta, colocou em inglês porque viu na TV e achou bonito.
Claro, há exceções, como pra tudo na vida. Cada um com seu cada um, e sua história vivida. Nem todo traficante/bandido/ladrão (ou qualquer outro nome que você queira chamar) é realmente uma "vítima da sociedade", que não teve oportunidade de frequentar uma escola com ensino de qualidade. Nem todos eles são negros, de cabelo crespo.
Mas sabe o que é pior? Eles vivem entre nós. Pode ser o seu amigo de infância, o filho da sua vizinha, um primo distante, o afilhado do seu patrão. Eles vivem entre nós. Você pode estar andando na rua e ser abordado por alguém colocando a arma na sua cabeça e gritando para que lhe dê a carteira, e se surpreender ao ver um rosto já conhecido. Eles vivem entre nós.
Não sou adepta ao "bandido bom é bandido morto"; mas se for mesmo, por que não há a caça dos bandidos de terno e gravata? Dos buchas de camisa do Flamengo e radinho na mão é bem mais fácil, né?! Será mesmo que ninguém entende que isso é enxugar gelo?
É por este motivo que o crime organizado se espalha cada vez mais e mais. Os responsáveis continuam do alto, liderando, de dentro de seus carros importados e blindados, protegidos por três (ou mais!) seguranças diariamente.
Morre um chefe do tráfico hoje, amanhã já tem outro no lugar. E assim, sucessivamente, porque quem do alto lidera, não deixa aquela vaga ali disponível por muito tempo.
Abra seu olho! Você pode até não apoiar o seu amigo que virou traficante. Mas e aquele que virou político e arrumou um emprego pra você, que mal terminou o ensino médio?
A corrupção está no nosso dia-dia. As pessoas não querem formar um bandido de "boca de fumo", mas se formar um bandido de terno e gravata, está ok. Ele tem um diploma na gaveta e fala três idiomas? Então tá ótimo. Já é inteligente o bastante para roubar bilhões dos cofres públicos, enquanto a atenção da sociedade está voltada ao traficante analfabeto com camisa de time.