O projeto e a história do artista

Estava em Caruaru, PE, trabalhando com Marketing Político quando conheci o diretor de cena Luciano De Segni, cuja parceria e amizade se estabeleceram de imediato. A campanha acabou com uma vitória estrondosa do candidato e, claro, a vontade de continuar trabalhando juntos permaneceu. Coincidentemente, o centenário de Mestre Vitalino, o lendário artista que reproduz cenas da vida nordestina, se aproximava e Luciano enxergou que caberia produzir um documentário comemorativo. Foi aí que ele me convidou para ser a roteirista. Abaixo, o texto de apresentação do projeto, que infelizmente não se concretizou por motivos que fugiram ao nosso poder de resolução.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Obra Banda de Pífanos

Mestre Vitalino, o grão-mestre de todos aqueles que trabalham com barro no Nordeste

Vitalino Pereira dos Santos nasceu em 10 de julho de 1909 na zona rural de Caruaru, Pernambuco. Filho de lavrador e louceira. Cresceu pobre, analfabeto e religioso, em meio a muitos irmãos. Ainda na primeira infância despontou para a arte. Aos seis anos modelava seus brinquedos com restos do barro, que a mãe utilizava na confecção de utensílios. Junto com as panelas e jarros que Dona Zefa levava para vender na feira de Caruaru iam seus cavalinhos, bodinhos e boizinhos, peças que eram embriões da maior arte figurativa em barro do país. Observador arguto da realidade e hábil modelador, Vitalino mudou de tema aos nove anos, sendo o primeiro a retratar cenas da vida rural do agreste nordestino. A grande aceitação das suas peças no comércio rendia sustento para a família e sinalizava fama e sucesso na sua trajetória. Homem feito, mantinha a pureza do menino. Dividia de bom grado conhecimentos, técnicas e autoria. O que era de Mestre Vitalino era patrimônio de todos. Fez escola, fez discípulos, nunca fez conta. Viajou, conquistou reconhecimento nacional e internacional e rompeu fronteiras geográficas e sociais. Levou o Alto do Moura, bairro da sua cidade natal, a ser considerado pela UNESCO como o maior Centro de Arte Figurativa das Américas e elevou o Brasil. Morreu de varíola aos 57 anos sozinho, pobre e cansado de trabalhar. Segundo seu compadre, o ceramista e poeta Manuel Galdino, “Mestre Vitalino era um homem famoso que não sabia que era famoso”. Nem por isso, o artista deixou um legado menos extraordinário. O que veio do barro pelas mãos de Vitalino perpetua-se através das gerações como fontes de trabalho e renda para o homem, e de deleite para a percepção do homem.

ANA GUANAES

Diretora na AGilize Ideias em Movimento / Consultora de MKT / Executiva de Atendimento / Coordenadora de Conteúdo Audiovisual

3 a

Acompanhei de perto!! Muito bom o artigo, Alcione!

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