História Perdida
“Nem tudo está escrito” – Pedro Costa
A mitologia do Egito Antigo dedicava esse dia a Hathor, a deusa do amor e da música. Ela personifica os princípios do amor e da beleza, da música, dança e alegria, da fertilidade e maternidade; é uma das divindades mais importantes e populares do Egito Antigo, já que era venerada tanto pela realeza quanto pela população comum, cujas sepulturas a descrevem como a “Senhora do Ocidente” que recebe os mortos na vida seguinte.
O culto a Hathor vem de uma época anterior ao período histórico e por isso é difícil apontar as raízes da veneração à deusa; ela foi representada sobre uma urna de pedra que data da Primeira Dinastia, o que sugere seu papel como deusa celestial e sua relação com Hórus. Os antigos egípcios entendiam a realidade como formada por camadas múltiplas, onde as divindades se misturavam pelos mais variados motivos, conservando atributos e mitos divergentes, mas que não eram vistos como contraditórios, e sim complementares. Numa relação complicada Hathor é algumas vezes mãe, filha ou esposa de Rá, e tal qual Ísis, outras vezes é descrita como mãe de Hórus.
E falando em história perdida, faz 484 anos que Atahuallpa (Ataw Wallpa, em quíchua) o 13º e último Sapa Inca (Imperador Soberano) de Tahuantinsuyu, como era chamado o Império Inca, foi executado por ordem do conquistador espanhol Francisco Pizarro.
Atahuallpa herdou o reino de seu pai, o Sapa Inca Huayna Capac em 1525; governou Quito pacificamente por cinco anos antes de unificar o império inca conquistando a parte de seu irmão revoltoso Huáscar. Voltando para Cusco, a capital do império, para tomar posse do trono recém-conquistado, parou na cidade andina de Cajamarca, quando foi aprisionado por Pizarro.
O soberano inca caiu na cilada armada pelo espanhol ao aceitar um convite para jantar e conversar. Quando chegou à praça principal, acompanhado apenas por um pequeno contingente de guardas de honra, a praça parecia vazia, pois os homens de Pizarro esperavam escondidos. Foi recebido apenas pelo padre Vicente Valverde que imediatamente o interpelou exigindo que ele se convertesse ao cristianismo e se submetesse à soberania do rei espanhol, ameaçando-o de ser considerado inimigo da Igreja Católica e do Reino da Espanha. Conforme a lei espanhola, a esperada recusa de Atahuallpa permitia aos espanhóis oficialmente declarar guerra aos incas.
Atahuallpa acabou aprisionado no Templo do Sol. Em troca da liberdade, foi-lhe exigido encher de peças de ouro o grande aposento que ocupava, e a dar ao espanhol o dobro daquela quantia, em prata. Porém, embora atendido com o resgate, Pizarro jamais teve intenção de liberta-lo. O líder inca foi acusado de vários crimes, entre eles heresia e poligamia; foi julgado culpado e condenado a ser queimado vivo na fogueira. No momento da execução, Atahuallpa aceitou a proposta do padre Valverde de diminuição da pena e concordou em ser batizado para em seguida ser morto por enforcamento.
Como não aprendi nada disso na escola, fico me perguntando quanta história mais se deve ter perdido... E por que utilizamos a expressão “descobrimento” no lugar de “genocídio” ou “Invasão das Américas”.
“Nem tudo está escrito” – Pedro Costa
Publicado originalmente em www.pedrolcosta.com.br