A Hora e a vez da Criatividade Corporativa
Decidi começar esse artigo com uma referência musical, algo pouco comum para um tema corporativo me diriam os especialistas. Renato Russo, consagrado compositor brasileiro, ao escrever a letra da música “Por enquanto”, disse:
“Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre sempre acaba.”
Mas onde quero chegar com essa analogia?
Assim como nas relações pessoais, as organizações que não mudam correm um grande risco de se tornarem obsoletas e deixarem de existir ao longo do tempo.
Com isso, chego ao ponto central deste artigo: as empresas precisam abraçar o imprevisível, se antecipar a novas tendências e tirar proveito da criatividade de suas equipes para se manterem vivas no mundo atual que tem como combustível a mudança.
Para isso, além de investir em tecnologias e máquinas, que permitirão maior agilidade através da digitalização de processos, ou até mesmo provocar uma verdadeira transformação digital, elas precisam investir em algo pouco tangível e incomodo para o até então rigoroso controle de riscos: a intuição humana.
A intuição é o berço da criatividade e, para que ela exista, é preciso criar um ambiente corporativo que não só a proporcione existir, mas incentive as pessoas a questionarem o status quo das atividades que exercem, não terem medo de experimentar novas formas e conceitos, abraçarem diferentes perspectivas e por fim: seguirem seus instintos.
Para os que ainda seguem com medo da automação de processos e perdas de empregos, lembrem-se, máquinas não fazem perguntas, não tem sentimentos, sensações e instintos. Tão pouco possuem pontos de vistas diferenciados sobre qualquer coisa, por mais simples que seja. Elas literalmente processam aquilo ao qual são programadas a fazer da forma mais rápida que conseguirem aprender.
Assim, deixo a dica para quem quer se diferenciar nesses novos tempos: cada vez mais, empresas e seus colaboradores precisarão de uma boa dose de intuição e criatividade. Para isso, nada melhor do que observar o comportamento de seus clientes, ver seu negócio de diferentes ângulos e nutrir-se constantemente com novos conhecimentos e perspectivas. Em poucas palavras, é hora do: “E se...”
Da Música Clássica ao Jazz
Antigamente, nossas estruturas organizacionais primavam pela perfeição e modelos de negócios incontestáveis, criando uma rotina de processos complicados, mas que com o bom exercício da prática se chegava ao êxito, assim como na perfeita execução de uma composição de música clássica.
Já os novos modelos de negócios nos imporão processos complexos, onde uma boa dose de criatividade e improvisação serão cruciais para respondermos no curto prazo de tempo aos anseios dinâmicos do mercado cada vez mais exigente e fluido. Neste caso, agiremos como integrantes de uma banda de jazz, onde cada membro usa das suas habilidades técnicas e intuição para improvisar criativamente na sua entrega, nunca se esquecendo do objetivo principal: contagiar o público.
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No livro, “The Creativity Leap” de Natalie Nixon, que recomendo a todos, pude ver que a autora cita: A lei dos 3I´s – Inquiry (Inquerir); Improvisation (Improvisar) e Intuition (Intuir).
Em sua obra, Nixon destaca duas atribuições que devemos ter em uma corporação:
a. Nossa capacidade e liberdade de fazer suposições;
b. Ter rigor no foco naquilo que buscamos como resultado;
Ela segue comentando que é comum que muitas empresas ainda privilegiem o rigor às suposições, limitando muito o processo criativo. Talvez isto explique outro fato que a autora apresenta em sua obra: a de que mais da metade das empresas que participavam da Fobes 500 nos anos 2000 simplesmente deixaram de existir.
Hoje entendo que cada vez mais as máquinas tomarão o método de automatizar processos com uma agilidade impressionante, para que o elemento humano possa exercitar finalmente aquilo que é sua essência: a arte de intuir e criar novos modelos a partir de suas percepções.
Este será um exercício que para ter bons resultados exigirá das empresas uma estrutura mais flexível e fluida o suficiente para permitirem erros de execução e resolução de problemas imediatos. Os profissionais terão sua parcela de responsabilidade, condicionando-se a uma ampla colaboração que exigirá o aprimoramento do ato de ouvir ideias e coletar suposições para serem empregadas em um momento oportuno. Também demandará mais empatia com os clientes e suas necessidades, que exigirão ser atendidos da forma que desejam ou simplesmente deixarão de interagir e consumir.
Ainda que os instintos e a criatividade sejam vistos como algo impreciso e fadado ao erro, veja quantos novos modelos de negócios foram criados ultimamente seguindo essa linha de raciocínio. É incrível como muitos empreendedores da atualidade quando questionados sobre como fizeram para obter sucesso respondem: “eu tive uma sensação/ideia de que as pessoas desejavam usar tal serviço ou produto dessa forma e decidi seguir por esse caminho”.
Nessa simples afirmação, concluo justamente o que comento neste artigo: precisamos dar maior espaço para o que os profissionais sigam sua intuição, troquem mais suas percepções, se conectem mais aos clientes e com isso tenham conhecimento suficiente para modelarem novos modelos de negócios para as empresas.
Mas isso funcionará mesmo?
A questão não é se funcionará, mas como implementar um ambiente cultural com este foco.
Aqui comento algumas recomendações dadas por Nixon, baseadas no mercado da moda:
E por fim, olhe para além do óbvio – abrace a diversidade de fontes inspiradoras e reconheça as ideias novas de suas equipes. Faça deste exercício uma prática ao ponto que se torne um valor efetivo na cultura de sua empresa e que assim, ela possa prosperar.
Supporting parents and relatives as they help their children with autism (ASD) reach their full potential.
2 aPaulo, thanks for sharing!
UX and Service Designer Director | Mentor | Human Centered Design | Ex-Fjord/Accenture | Ex-Visa | Ex-Amex
3 aMuito bom, Paulo, principalmente quando voce fala sobre as empresas adotarem um modelo mais flexível que permita erros de execução e a correção imediata deles. No design a gente chama de “fail fast and often”, pq qto mais vezes vc falha e mais rápido vc falha, mais vc aprende.