IA e educação: rumo ao futuro inteligente
Interação com as inteligências artificiais auxilia educadores na criação de experiências de aprendizagem; Inicie lança oficinas para capacitar equipes pedagógicas
Com a ascensão tecnológica, a inteligência artificial (IA) foi ganhando espaço e está cada vez mais presente na sociedade, inclusive no ambiente escolar. O mundo está em contínua evolução e é necessário saber interagir com as tecnologias para poder usufruir de suas potencialidades. Com o objetivo de promover uma transformação educacional ao fornecer insights sobre o impacto da IA na educação, a Inicie promoveu uma palestra em seu canal no YouTube, no último dia 15, com a temática "IA e educação: rumo ao futuro inteligente".
A live, conduzida pelo coordenador de Inovação da Inicie, Kadu Braga, provocou os participantes a pensarem sobre a utilização estratégica da IA para melhorar a qualidade da educação e preparar os alunos para um futuro cada vez mais digital. Além da análise do impacto da inteligência artificial nas instituições de ensino, foram apresentados exemplos e sugestões de utilização das tecnologias e estimulada uma reflexão acerca da ética no uso da IA e do papel dos educadores diante dela.
Quem não usar as IAs na educação ficará para trás? A inteligência artificial como recurso de pesquisa e aquisição do conhecimento não é sinônimo de substituição do papel do professor. Ao contrário, ela tem o potencial de auxiliá-lo no planejamento de aula, na avaliação do desempenho dos alunos, dentre outras inúmeras possibilidades. “As máquinas não substituirão os humanos na prática pedagógica, porém, os humanos que têm maior interação e fluência no trato com as máquinas poderão substituir aqueles que hoje não as detêm”, considerou o coordenador de Inovação da Inicie.
O contexto da cultura digital tornou-se uma tarefa do docente no sentido de orientar o estudante para o desenvolvimento da habilidade de manusear corretamente a tecnologia, valendo-se dela para adquirir conhecimento. Em vez de tentar proibir o acesso do aluno a essas ferramentas, é preciso pensar em como criar experiências de ensino e aprendizagem, considerando isso como um fator da realidade.
Com exemplos práticos, durante a palestra foram citadas novas abordagens educacionais e o potencial da IA na personalização do ensino, na análise de dados e na criação de ambientes de aprendizagem mais adaptativos.
ChatGPT e outras ferramentas
Quanto à hipótese de o ChatGPT acabar com a Educação, Braga ponderou: “Se pensarmos nessa linha, por que a Barsa [enciclopédia] não fez isso antes? Será que não estamos confundindo informação com conhecimento?”. Na escola, acrescenta, é necessário propiciar uma experiência que faça emergir a aprendizagem. Em uma desconstrução da prática pedagógica, Jean Piaget superou academicamente o paradigma da transmissão de conhecimento. O cientista suíço revolucionou o modo de encarar a Educação, mostrou que o professor não ensina, ele promove a aprendizagem. Portanto, cabe a ele mostrar ao aluno a necessidade da utilização ética e estratégica da IA como ferramenta que pode robustecer a educação de forma a prepará-lo para um futuro cada vez mais digital.
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Para Kadu Braga, a chave para a boa utilização das Inteligências Artificiais visando a personalização do ensino é se integrar e não se entregar a ela. “Em sala de aula podemos, por exemplo, comparar um texto feito por um grupo de alunos com um feito por IA e trabalhar uma análise de discurso acerca disso”, sugeriu.
Ele defendeu ainda a necessidade de inverter os papéis com relação à utilização da inteligência artificial e também “colocá-la em seu devido lugar, tirando-a do lugar de entidade oracular diante da qual iremos nos prostrar”. É preciso passar pelo momento de desencanto com a ferramenta. “No início, quando perguntamos algo para o ChatGPT e ele responde, ficamos maravilhados, mas com o tempo, conforme vamos interagindo com essa e outras inteligências artificiais, vamos vendo que são pouco profundas”, observou.
Como testar o desempenho de redação dos alunos diante da possibilidade de usarem o ChatGPT? Dentre as possibilidades, foram citadas na palestra a opção de inversão de papel, de trazer a aprendizagem por pares para que os próprios alunos corrijam os textos uns dos outros.
Para os professores, especificamente, há a facilidade de inserir o conteúdo programático no ChatGPT e pedir para ele dar 50 ideias de temas para aulas de cultura maker, por exemplo, utilizando a abordagem metodológica de acordo com a turma, série etc. Outra ferramenta citada durante a live foi a Wisdolia, uma extensão do Google Chrome utilizada para elaborar resumos, estruturar os estudos e criar flash cards.
Oficinas sobre IA
A Inicie está lançando a oficina de introdução à inteligência artificial com a proposta de familiarizar os professores, alunos, gestores e profissionais de setores administrativos com conceitos básicos de IA. “Essa introdução é mais uma camada do letramento digital e do processo de transformação digital apresentado com maestria pela Inicie para as instituições parceiras desde a alfabetização até o mais alto nível de proficiência”, comentou o coordenador de Inovação.
Avaliações em tempo de IA (como reestruturar e repensar os processos avaliativos) será outra temática abordada pela Inicie. Haverá também a oficina sobre a criação de personas no ChatGPT. A habilidade que os educadores têm para interagir com esses tipos de tecnologias se dá pela capacidade pedagógica, pelo quanto conseguem ser didáticos e assertivos ao explicar para a máquina o que querem.