Idade mínima para aposentadoria X Empregabilidade
A declaração dada ontem (06/03/2017) pelo deputado Arthur Oliveira Maia, relator da reforma da Previdência, após uma reunião com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e com o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, onde afirmou “Não dá para pensar em não ter idade mínima de 65 anos, de jeito nenhum”.
Seriam os profissionais que se aposentam antes dos 65 anos, os responsáveis pelo “déficit da Previdência”? Especialmente com a existência do fator previdenciário, que reduz o valor das aposentadorias à medida que a idade do requerente, somada ao seu tempo de contribuição, seja inferior aos critérios estabelecidos pelas regras do INSS para a concessão de aposentadorias.
Esse comentário de Arthur Maia demonstra, claramente, uma total desconexão, desconhecimento e descompromisso, por parte deste deputado, e todos os que defendem, irresponsavelmente, esta posição em relação às reais necessidades do trabalhador brasileiro, da dinâmica de nosso mercado de trabalho, do número de “desoportunidades” que o trabalhador acima dos 50 anos encontra, etc.
Saberiam esses senhores o significado do termo empregabilidade? Que decai a partir dos 40 anos e se acelera exponencialmente com o tempo e, como parceira, a queda da empregabilidade é acompanhada pela redução da qualidade dos empregos e dos salários percebidos.
A maior longevidade do brasileiro não assegura, todavia, que trabalhadores com 60+ apresentem condições físicas e de saúde, para continuar sua atividade profissional de modo a assegurar uma renda estável até o momento de sua aposentadoria.
Salvo uma pequena parcela de trabalhadores celetistas, que ocupam posições executivas, ou profissionais liberais que contribuem para o INSS, a esmagadora maioria dos trabalhadores ocupam posições operacionais, podendo, pelas práticas atuais de mercado, serem facilmente substituídos por profissionais mais jovens, com maior potencial de realizações e produtividade.
Ao final, nos últimos 5 a 10 anos antes da aposentadoria, a maior parte dos requerentes estará fadada a receber salários menores, reduzindo também, como consequência, o valor do benefício a ser recebido. Temos aí uma tripla vantagem para o INSS:
- Recolhimento de contribuições ao INSS (empregado e empregador) por maior tempo, com efeito positivo para o caixa da Previdência;
- Pagamento de benefícios menores, pela redução dos salários nos últimos anos de vida profissional;
- Pagamento do benefício por menor tempo, uma vez que será concedido em idade mais avançada, diminuindo a sobrevida do beneficiário.
Isso talvez pareça fatalista, reacionário ou refratário, mas a verdade é que sempre, sempre que há um desequilíbrio nas contas do governo, a alternativa mais utilizada é socializar o déficit com os contribuintes, independentemente do valor monetário e social que a solução represente, desde que o custo político, possa ser mitigado.
O recente repasse para o contribuinte, por meio de aumento nas contas de energia elétrica para indenizar concessionárias, no valor de R$ 62 bi demonstra que não importando o partido que esteja à frente do executivo, esse é o expediente utilizado para solucionar os problemas de caixa.
Se tiver interesse em saber como a questão da empregabilidade após os 40 anos está sendo pensada e discutida, sugiro os seguintes endereços:
http://www.ibe.edu.br/o-drama-e-as-estrategias-de-carreira-apos-os-40-anos/
Convido você a refletir sobre o tema e, esteja em que fase de sua vida profissional estiver, prepare-se assegurar sua independência financeira e reduzir a inexorável dependência da Seguridade Social.