A IDEIA que Move o Mundo

A IDEIA que Move o Mundo

Há um certo preconceito contra expressões como "propósito" no ambiente corporativo, e isso acontece porque elas muitas vezes são usadas de forma superficial ou sem conexão real com a prática.

Vamos dar uma olhada mais de perto nos motivos e em outras palavras que sofreram o mesmo destino:


Por que isso acontece?

  1. Repetição: Muitos adotam esses termos como buzzwords, sem realmente entender ou aplicar seus significados de forma consistente. O "propósito" vira só um slogan bonito no site, sem guiar decisões estratégicas ou a cultura da empresa.
  2. Desconexão: Se a empresa fala em "propósito" mas age apenas em função do lucro imediato, cria-se um descompasso entre o discurso e a prática. Isso gera cinismo interno e externo.
  3. Fadiga: O uso excessivo de uma palavra em contextos descolados da realidade leva ao cansaço. "Propósito" pode começar a soar vazio porque foi banalizado, assim como palavras como "inovação" e "agilidade" já foram.
  4. Profundidade: Muitas vezes, empresas não traduzem esses conceitos de forma que façam sentido para seus times ou clientes. Ficam no campo das ideias abstratas.


Realidade ou Ficção

O que nos encanta profundamente nas histórias mais cativantes é o propósito do herói.

É lindo ver alguém lutar com uma “energia extra”, que vem de uma fonte aparentemente desconhecida, e vencer desafios incríveis.

Assistimos a filmes e lemos livros com os olhos brilhando diante dessas histórias.

- Por que é realidade na ficção e ficção na realidade? - desculpe o trocadilho, mas não resisti. (rsrsrs)

Todos conhecemos histórias fantásticas sobre “reconfiguração de propósito” em empresas reais, que até viraram filmes.

Por ser um elemento emocional e, por isso, abstrato o PROPÓSITO fica restrito no campo das ideias por exigir mudança de comportamento e o risco de sair de nossas zonas de conforto.

E, mesmo quando alguém resolve dar o primeiro passo sente-se, às vezes, sozinho, abandonado pelo resto que preferiu não arriscar, mantendo a vulnerabilidade muito bem presa à coleira.

Propósito é um tipo de idioma, que as pessoas precisam dominar, pra soar natural; e, como tal, pra fazer sentido, é preciso ser compartilhado com o grupo, se misturando à cultura das pessoas envolvidas nesse “jeito de falar”, como um código que guia suas ações, emoções e sonhos.

Um propósito que não reescreve o DNA de um grupo social tende a morrer com o tempo, como um corpo estranho, expulso violentamente do sistema por não se parecer nem um pouco com seus membros.

E é exatamente isso que faz com que outros conceitos poderosos como SUSTENTABILIDADE, INOVAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO, INOVAÇÃO, MINDSET E EMPODERAMENTO percam a sua verdadeira força e viram apenas adereços e maquiagem pra fazer uma marca soar como responsável.

Sem propósito real, que move as engrenagens sociais (emocionais e culturais) é praticamente impossível fazer mudanças profundas no CORE (essência, raiz) de um grupo de pessoas que se dedica a um negócio.

Se estiverem unidos apenas pela grana que ganham, suas conexões serão sempre as mais frágeis, se desfazendo com facilidade, dando lugar a desilusão e um senso de perda de tempo, a despeito do quanto acumulam financeiramente.

A grana precisa vir, sim! Mas, com a energia certa.


Como evitar isso e dar vida real a essas palavras?

  1. Conexão com a prática: Traduza conceitos abstratos em comportamentos, ações e decisões do dia a dia da organização. Se o "propósito" é "melhorar a vida das pessoas", mostre como isso se reflete no produto, nos processos e nas políticas internas.
  2. Conte histórias reais: Use narrativas que demonstrem o impacto real desses conceitos. Histórias bem contadas ajudam a restaurar significados e criar conexões emocionais.
  3. Adapte ao público interno: Muitos colaboradores não entendem esses conceitos porque são apresentados em linguagem corporativa hermética. Traga o "propósito" para a realidade cotidiana deles.
  4. Ação contínua: O significado das palavras só se sustenta com consistência ao longo do tempo. Se a empresa disser que valoriza inovação, precisa investir em P&D, dar espaço para erros e premiar a criatividade.



Outros conceitos importantes que se desgastaram com o tempo, e que podem transformar o senso de propósito em uma empresa:


Mindset: A única prosperidade que conta é a emocional

O problema: "Mindset" virou sinônimo de qualquer coisa que precise de mudança, de forma genérica e preguiçosa. Fala-se em "mindset de crescimento" (obrigado, Carol Dweck!) em quase toda apresentação corporativa, mas a profundidade desse conceito é muitas vezes ignorada. Empresas esperam que seus colaboradores "mudem o mindset" como se fosse apertar um botão, sem criar condições reais para essa transformação.

Raiz do desgaste:

  • Usado como fórmula mágica: mudar mindset exige tempo, recursos e ações consistentes.
  • Raramente acompanhado por uma cultura que suporte aprendizado, experimentação e erros.
  • Redução ao indivíduo: é mais fácil culpar o colaborador por não "ter o mindset certo" do que repensar sistemas ou lideranças.

Como cultivar:

  • Explicar o que é o mindset e como ele é moldado por contextos, não só por esforço individual.
  • Enfatizar que mudança de mindset é consequência de ações práticas, como treinamento, liderança inspiradora e espaços de diálogo.
  • Exemplificar com histórias de pessoas ou equipes que transformaram sua mentalidade graças a estímulos claros.


Inovação: A Bela e a Banal

O problema: "Inovação" se tornou a queridinha do marketing corporativo, mas, na prática, ainda é tratada como algo opcional ou restrito à tecnologia. Todo mundo quer ser inovador, mas poucos estão dispostos a assumir os riscos ou questionar o status quo que a inovação exige.

Raiz do desgaste:

  • Associada apenas à tecnologia: inovação vai muito além de gadgets ou IA; trata também de processos, cultura e formas de pensar.
  • Promessas vazias: "seremos inovadores" sem orçamento, estrutura ou tolerância ao fracasso.
  • Fetichização: inovação vira espetáculo (hackathons, startups) em vez de uma prática integrada ao cotidiano da empresa.

Como cultivar:

  • Reposicionar a inovação como um processo contínuo, não um evento pontual.
  • Comunicar que inovar é arriscado e trabalhoso, mas pode ser aplicado em coisas simples, como atender melhor um cliente ou reduzir desperdícios.
  • Reconhecer que inovação vem de pessoas e culturas inclusivas, não só de máquinas.


Sustentabilidade: O Verde Desbotado

O problema: Sustentabilidade, essencial para o futuro, virou um termo tão genérico que já é sinônimo de "boas intenções". Empresas falam em ESG, neutralidade de carbono e ações sociais, mas, muitas vezes, tudo isso é tratado como obrigação de marketing ou compliance, não como estratégia central de negócios.

Raiz do desgaste:

  • Greenwashing: a superficialidade das ações gera desconfiança.
  • Desconexão com o negócio: sustentabilidade é tratada como "departamento isolado" em vez de parte essencial da estratégia.
  • Pouco impacto mensurável: muitas ações não têm resultados claros ou transparência para os stakeholders.

Como cultivar:

  • Trazer sustentabilidade para o centro da estratégia empresarial. Empresas sustentáveis são mais resilientes e lucrativas no longo prazo.
  • Mostrar impacto real: métricas claras, ações concretas e transparência na comunicação.
  • Focar na educação interna: envolver equipes para que entendam como sustentabilidade beneficia a todos, não só a imagem da empresa.


Agilidade: O Rápido e o Superficial

O problema: "Agilidade" muitas vezes é confundida com "fazer mais em menos tempo" ou simplesmente "ser rápido". No contexto das metodologias ágeis, a palavra carrega um significado muito mais profundo, relacionado à capacidade de adaptação, flexibilidade e aprendizado contínuo. No entanto, é usada como justificativa para cortar etapas, aumentar prazos irreais ou atropelar processos importantes.

Raiz do desgaste:

  • Mal interpretada: "Ágil" não é "apressado". É sobre ciclos rápidos de entrega com aprendizado e melhorias contínuas.
  • Desrespeito ao processo: muitas empresas adotam a "moda do ágil" sem investir na estrutura necessária para aplicá-la corretamente.
  • Pressão desumana: agilidade vira sinônimo de sobrecarga em vez de eficiência com equilíbrio.

Como cultivar:

  • Reforçar que agilidade é sobre adaptação, não sobre velocidade.
  • Treinar lideranças e equipes em metodologias reais, que façam sentido em seus contextos culturais, com ênfase no aprendizado iterativo.
  • Focar em entregas de valor, não apenas em rapidez.


Empoderamento: A Palavra Que Fala, Mas Não Faz

O problema: "Empoderamento" virou um bordão poderoso, mas muitas vezes falha em se materializar. Promover empoderamento exige mais do que discursos motivacionais. Significa criar condições para que as pessoas tenham autonomia, voz e ferramentas para agir. Na prática, empresas ainda concentram poder em hierarquias rígidas, minando qualquer tentativa genuína de empoderar seus colaboradores.

Raiz do desgaste:

  • Redução a discurso: "Você está empoderado" soa vazio sem mudanças estruturais.
  • Centralização de poder: líderes que não descentralizam decisões contradizem a ideia de empoderamento.
  • Falta de ferramentas: empoderar sem oferecer recursos ou apoio é só retórica.

Como cultivar:

  • Criar ambientes que ofereçam autonomia e celebrem iniciativas individuais.
  • Descentralizar decisões e permitir que as pessoas sejam responsáveis por seus projetos.
  • Demonstrar com exemplos reais como colaboradores empoderados transformaram o negócio.


Colaboração: O Isolado e o Falso Conectado

O problema: "Colaboração" é vendida como um mantra em apresentações corporativas, mas, na prática, muitas empresas ainda incentivam silos e competições internas. Verdadeira colaboração exige confiança, comunicação clara e objetivos compartilhados. Sem isso, fica no discurso.

Raiz do desgaste:

  • Competitividade interna: empresas que promovem rivalidades não permitem que a colaboração aconteça genuinamente.
  • Falta de ferramentas: times sem recursos adequados para trabalhar juntos são incapazes de colaborar de forma eficaz.
  • Ruptura entre intenção e ação: valorizar a colaboração exige investimento cultural constante.

Como cultivar:

  • Estabelecer objetivos comuns claros e recompensar o trabalho coletivo, não só individual.
  • Criar estruturas que permitam a troca de ideias (design thinking, sessões de brainstorming, hackathons).
  • Focar na construção de confiança: sem ela, colaboração verdadeira não acontece.



Diversidade e Inclusão: O Marketing Que Não Transforma

O problema: Diversidade e Inclusão (D&I) são frequentemente tratadas como obrigação ou estratégia de marketing, e não como pilares essenciais para o sucesso organizacional. Muitas empresas contratam pessoas diversas, mas falham em criar um ambiente inclusivo onde todos possam prosperar e contribuir plenamente.

Raiz do desgaste:

  • Tokenismo: a contratação de pessoas diversas sem criar um ambiente inclusivo é uma abordagem superficial.
  • Falta de liderança inclusiva: líderes que não são treinados para gerenciar equipes diversas perpetuam exclusões.
  • Métricas vazias: D&I é tratado como meta numérica em vez de transformação cultural.

Como cultivar:

  • Investir em programas de educação e conscientização sobre viés inconsciente.
  • Construir políticas que vão além de contratar; incluir significa promover pertencimento e oportunidades iguais.
  • Compartilhar casos de sucesso internos e externos para inspirar mudanças reais.



Esse é um bom início de papo sobre conceitos que precisam evoluir de forma orgânica para que mudanças realmente positivas comecem a acontecer dentro das empresas e centros de geração de cultura e conhecimento.


Heróis improváveis e futuros possíveis

Como disse lá em cima, personagens de ficção abraçam novos desafios, às vezes, maiores que podem dar conta, porque acreditam na força da combinação de talentos do grupo ao qual está conectado.

Os super heróis solitários já não fazem mais sucesso nos dias de hoje.

No passado, Capitão América e Super Man, vestidos de azul e vermelho, representavam um país e uma ideologia; hoje, se não houver um grupo trabalhando junto, uma equipe em prol de algo maior que a soma de suas forças, é quase impossível atrair a atenção do público.

Esse é um reflexo que se percebe na realidade: as pessoas estão cansadas de ter foco em apenas uma ideia ou fonte de inspiração.

O mundo social e natural é feito de misturas e diversidade.

Os partidos políticos já entenderam isso fazendo coligações; os países com suas alianças; os comics com seus universos; as religiões com seus ecumenismos; a PIXAR com seus infinitos filmes com heróis improváveis que combinam uma diversidade incrível de talentos; e a própria humanidade, de forma geral e inconsciente, com a criação da Internet. Somos seres que evoluímos na troca diversa de ideias pra vencer desafios maiores que a gente; por isso nossos os ídolos que inventamos parecem ser invencíveis.

O segredo é que só repetimos os feitos dos heróis da ficção quando somamos nossas forças individuais; mas, para isso, é preciso um propósito que nos faça acreditar nisso.

Eis aí, o desafio para líderes que desejam viajar para o futuro aprendendo com a ficção e criar realidades, verdadeiramente, fantásticas.

Thor aprendeu que seu propósito não estava em seu Mjolnir (martelo); uma vez destruído, ele foi obrigado a ressignificar a sua própria existência como um "deus".

Quando perdemos algo valioso (emprego, relacionamento, empresa, pessoas, bens materiais, etc) pode parecer que a vida não tem mais sentido. Mas, é exatamente nesse momento que a vida vai te dar a oportunidade de sair ainda mais forte, usando esse evento pra perceber habilidades e talentos invisíveis que a vida tinha se encarregado de embaçar, enquanto você se dedicava à árdua tarefa de apertar parafusos, esperando que aquilo fosse a receita da felicidade.

A "magia" nunca está nas coisas (Martelos Mágicos que soltam raios), mas na forma como interagimos com as pessoas e criamos sinergia com elas.

Pode parecer utópico, mas é isso que tem levado uma multidão de pessoas na direção dos divãs e outra na direção do sucesso. Qual vai ser a sua escolha?


O que você acha dessas ideias?

Gostaria muito de conversar mais contigo...

Márzia Piccolo

Professora /magistério, técnica em hotelaria/ hospitality management, Soror Rosacruz , mãe e avó,

2 m

Nós lemos e lemos muito bem. No entanto, sem compreender o verdadeiro significado das palavras.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de WILLIAM BARTER

  • A Startup Mais Valiosa do Mundo

    A Startup Mais Valiosa do Mundo

    Imagine que você tem um orçamento ilimitado para abrir uma empresa. Você investe em tecnologia, contrata os melhores…

    21 comentários
  • Connecting the Dots: When a Setback is the Best Way to Fly into the Future

    Connecting the Dots: When a Setback is the Best Way to Fly into the Future

    This is a fictional event, but the ideas are all original and they were taken from his biography, written by Walter…

  • Five Technology Trends That Will Reshape The Future

    Five Technology Trends That Will Reshape The Future

    The rapid pace of technological advancements is revolutionizing industries worldwide, creating new opportunities and…

    1 comentário
  • Água: A Química da Inovação

    Água: A Química da Inovação

    Era uma tarde de verão, daquelas em que o calor parece que vai dissolver tudo. No quintal da minha infância, um velho…

  • Crise Climática: A Culpa é da Diversidade?

    Crise Climática: A Culpa é da Diversidade?

    Você já ouviu isso antes: “Diversidade traz inovação”. Mas e se eu te dissesse que essa não é uma questão de opinião…

  • A Imaginação Não Acredita no Impossível

    A Imaginação Não Acredita no Impossível

    Nutrir a curiosidade pode nos ajudar a desbloquear as melhores e mais originais ideias. Mas, muita gente ainda luta com…

    6 comentários
  • 3 Estratégias Baseadas em Ciência para Aumentar Sua Criatividade

    3 Estratégias Baseadas em Ciência para Aumentar Sua Criatividade

    Como você pode hackear sua criatividade? O termo "hacking" tem uma conotação negativa. Ele surgiu da programação e se…

  • Troque o Mundo por Outros Olhos

    Troque o Mundo por Outros Olhos

    A criação pura pode ser fascinante, mas a verdadeira magia da inovação acontece na edição. No refinamento, na troca de…

    9 comentários
  • Inimigo Íntimo: Seu Cérebro "Rouba" Você

    Inimigo Íntimo: Seu Cérebro "Rouba" Você

    Você precisa tirar um tempo para manter seu motor criativo funcionando bem. O lendário guru dos negócios Peter Drucker…

    2 comentários
  • ACC: O segredo das 3 Letras

    ACC: O segredo das 3 Letras

    Você já sentiu aquele momento em que uma ideia está prestes a surgir, mas algo parece travar? Ou quando está em um…

    1 comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos