IES ou agência? Quem é quem na hora do Ead.
Há poucos dias me vi no meio de uma discussão, ou melhor, debate... um debate caloroso entre profissionais do Ead participantes de um dos grupos mais seletos e renomados da área, o que nos permite imaginar a quantididade de experiências profissionais ali reunidas.
O debate girava em torno das atividades de home office, não queria ter que admitir, mas tudo teve inicio em um dos meus artigos mais engajados "O lado B do home office", que de forma descontraída aponta as desvantagens cômicas da atividade. Até poderia ter sido esse o tema debatido, mas, distrair pessoas observadoras com as questões alheias ao foco do grupo, pode não ser uma tarefa das mais fáceis.
E como num campo de batalha, de um lado adeptos do home, defendendo a competência de sua categoria com unhas e dentes, e de outro, profissionais de CLT, em meio ao cumprimento de sua jornada de trabalho, argumentando contra. E ao passo que eu ia lendo e tendando compreender todos os argumentos, percebi que ali não havia o certo ou o errado, mas sim competâncias e habilidades distintas. Enquanto uns pensavam na prática do home para IES, outros pensavam nas agências e produtoras.
Debater a questão se tornou quase que inconclusivo, uma vez que a diferença entre esses modelos é tão absurda que as vezes é necessário listar os itens ponto a ponto para entendê-los. Desde o ambiente de trabalho, metodologias, profissionais, produtos, etc.
Nas IES é muito comum a formação do NEAD (Núcleo de Ensino a distância), muitas vezes montado em uma sala de aula adptada com alguns computadores de qualidade básica, móveis executivos de colégio, uma mesa grande para reuniões, uma parede com avisos, recados e senhas de acesso, e com certeza, uma bandeijinha com café e biscoito maizena em alguma mesinha por ali.
Os profissionais Ead da IES são sem dúvida nenhuma, super qualificados, as IES sabem da importância de manter esses profissionais, até mesmo para garantirem boas avaliações do MEC. Mestres, Doutores, PHDs, todos professores pesquisadores que desenvolvem os melhores conteúdos e elaboram os melhores temas contextualizados para mediação e debate nos fóruns do Moodle.
Geralmente os cursos seguem um único formato de Design Instrucional, o DI aberto, que permite interação ampla entre tutor e aluno e não massifica conteúdo. O que é muito engraçado definir, uma vez que a maioria das IES não possuem profissionais de DI em sua grade Ead e tão pouco pensam em processos produtivos quando criam os cursos e disciplinas.
Os investimentos em recursos e interatividades são limitados nas IES, já que essas não dispôem dos contratos milhonários das agências (eu já chego lá). No entanto, mesmo com cursos mais simples em termos de investimentos tecnológicos, uma premissa é sempre constante na IES, a qualidade da aprendizagem. Na IES não se criam cursos que não ensinam ou que deixem de estimular a pesquisa... aluno Ead de IES, lê e escreve muito mais do que aluno de agência. Mas muuuuito mais...
Mas quando você vive nesse mercado IES e passa para o lado da agência, em um primeiro momento, você se sente um caipira. Não porque você realmente seja um caipira, mas porque o investimento tecnológico é tão grande que você chega a por em dúvida se dará conta de tantas ferramentas. Em alguns momentos até me questionei quanto a necessidade de comprar um celular melhor.
Os ambientes completamente diferentes, cheios de estações de trabalho com super computadores e duas telas por profissional. Design de decoração para todos os lados, parece mesmo que o Marcelo Rosembaum passou por ali. Aparelhos de ar condicionado deixando os stúdios gelados, mesas coloridas, lotadas de totens e brinquedos ou qualquer outra forma de presonalização do espaço, fones de ouvidos e a possibilidade de trabalhar ouvindo música, além de uma cozinha equipada de guloseimas para que os profissionais se sintam em casa.
Ainda que tenham profissionais da educação atuando nessas agências ou produtoras, a maioria não é de "origem" acadêmica. Jovens, recém formados, ou até mesmo estudantes, todos perítos em programação, design gráfico, edições de vídeo, audio, animações, marketing social, midia meios... aliados à uma imensa equipe de TI que vai garantir que tudo rode.
O Design Instrucional é protagonista, define a forma como os conteúdos serão apresentados por meio dos diversos recursos digitais que irão garantir a instrução, no entanto, nem sempre as agências recrutam profissionais da educação para essa cargo.
As produtoras englobam a comunicação e o marketing em suas ações de produção, por isso possuem tantas características de agências. Seus principais clientes são o mercado de treinamento corporativo e as tão desejadas licitações. Geralmente esse tipo de produto utiliza DI Fixo, pois massificam conteúdo devido ao grande fluxo de alunos, não é possível haver mediação para tantos acessos, daí a importância da equipe de TI para manter tudo nos trilhos.
E como são pouco acadêmicas, porém ainda educativas, as agências montam linhas de produção e adotam as características de fábrica de cursos, e mesmo que muitos duvidem da qualidade dos conteúdos oferecidos, arregalam os olhos quanto a atratividade e interatividade desses materiais.
Não há dúvidas que existam diferenças gritantes entre essas duas pontas da produção do Ead, ambas possuem qualidades e desvantagens, no entanto, a porta inicial do pedagogo é a IES, que traz muita instrução acerca dessas criações disciplinares, tutorias, gestão de AVA, entre outros, mas, para os entusiastas das tecnologias e inovações educacionais, são as agências que facilitam o acesso a recursos incrivelmente fantásticos, como simuladores, inteligência artificial, realidade aumentada, gamificação e vários outros.
E apesar das diferenças, essas empresas e instituições se completam e mostram suas competências, seja quanto a formação do mercado educacional, ampliação dos debates, enriquecimento dos temas, engajamento docente, produção de pesquisa ou construção literária das metodologias Ead.
IES ou agência, ambas possuem papel de importância nesse mercado, e seus colaboradores acabam da mesma maneira, seja na bandeijinha do café ou na cozinha de gulosiemas, deve ter alguma explicação para isso.