Ilha do Bailique 28/03/22
Essa semana conheci a comunidade do Arraiol, localizada na ilha do Bailique, um arquipélago que se localiza bem no encontro do grandioso Rio Amazonas com o mar.
Essa comunidade, assim como outras, possui um processo de organização social muito interessante. Aliás, um processo muito próprio de quem precisa de colaboração para conseguir superar os desafios de morar a 12h de barco da capital.
Numa roda de conversa com eles, descobrimos que elegeram como um dos vetores mais importantes para o desenvolvimento da comunidade a produção do açaí e a educação.
Existe um protocolo comunitário feito a várias mãos, com várias comunidades, que definiram em conjunto os planos para o futuro do território. Como esses planos mudam de tempos em tempos, eles precisam repactuar se os caminhos são os mesmos definidos anteriormente. Se não repactuam, segundo sr. Zeca, uma liderança do Arraiol, “as pessoas e os pactos vão se perdendo, se desconectando”.
A conversa é muito franca. Fala-se de conquistas, mas também das pedras no caminho; de desentendimentos e de desafios. Mas, a virtude do protocolo é criar essa “argamassa” que se traduz na resiliência das comunidades.
Um dos sonhos coletivos já concretizado foi a criação da cooperativa @Amazonbai para processar o açaí e vender a polpa. Essa polpa foi testada nos mercados de SP e, em dezembro de 2021, finalmente foi inaugurada a fábrica. Tudo isso durante uma pandemia. E não foi só. Eles fizeram o planejamento estratégico, apresentaram e aprovaram na Assembleia da cooperativa e agora esperam dar um retorno aos cooperados no sentido de ter uma “sobra financeira” maior para cada um no final do ano.
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Esse é um sonho que vem sendo construído a muitas mãos e há muitos anos. Tudo começou com uma visão de um açaí produzido pela comunidade e valorizado pelo mercado por todos os serviços ambientais e sociais agregados. Na época essa visão era propagada pelo saudoso “Rubão”, que transitava em todos os espaços trazendo conexões para fortalecer a comunidade.
Infelizmente, o sonho dele de encontrar empresas que pagassem mais por esse açaí certificado de várias formas (orgânico, FSC) não se concretizou completamente. De modo geral, as empresas não pagam por um açaí produzido nessas bases, com manejo de mínimo impacto ambiental e com todo esse benefício social para os envolvidos. Não só pelo açaí, hoje não se paga pelos serviços socioambientais que os negócios comunitários baseados na floresta prestam.
O mercado quer preço competitivo. O que fazer diante dessa constatação? Não desistir é o primeiro item. Aumentar a produtividade dentro da cadeia, reduzir ineficiências, melhorar o aporte tecnológico são algumas saídas possíveis para superar alguns dos desafios. Ou seja, tentar de fato virar um negócio competitivo é um passo importante. Mas é possível agregar mais valor a alguns produtos e ter margens mais atrativas.
Mas, essa história precisa ser contada e deveria ser vivida pelos empresários que querem fazer a diferença em suas cadeias e que querem levar a sério a tão propagada sigla ASG (Responsabilidade Ambiental, Social e Governança). O comprometimento de uma empresa com valores ASG significa internalizar as externalidades negativas de sua produção e alavancar as externalidades positivas.
O Fundo JBS pela Amazônia apoia esse projeto porque acredita no potencial dos negócios geridos pelas comunidades e no quanto dar mais autonomia e conhecimento sobre a cadeia inteira pode mudar a vida de muitas pessoas que hoje cuidam da floresta, voluntariamente, por meio de seu trabalho.
Esperamos ajudar a desenvolver e consolidar esses modelos de desenvolvimento sustentável para que possam ser auto sustentáveis e replicáveis. Para tanto, almejamos a parceria de empresas que saibam valorizar essa cadeia de fornecimento muito diferenciada.
Gerente Amazônia e Parcerias
2 aQue viagem bacana! Saudoso Rubão 🙏 Apoiamos a construção do Protocolo Comunitário do Bailique para definição de regras de acesso aos recursos da biodiversidade e divisão equitativa de benefícios, junto ao GTA, e também o início da estruturação da cadeia do açaí por aí... depois quero saber mais sobre como está o negócio deles. Parabéns pelo artigo!
Parceiro de negócios na OCV Zootecnia
2 aAndrea parabéns pelo artigo , de que forma prática é esta ajuda do fundo JBS ?
CEO and Founder @ Bluebell Index | Environmental Tech, New Business Development
2 aParabéns pelo lindo trabalho Andrea