Imóveis de traça antiga: sim ou não?
Vou contar-vos uma pequena história que se passou comigo.
Sempre gostei de casas e decoração. Quando fiz a minha primeira troca de casa, há cerca de 15 anos, não me passava pela cabeça gostar de outros estilos que não a construção de linhas modernas e contemporâneas.
No entanto, há cerca de seis anos decidi procurar uma segunda habitação para investimento. Aquele momento coincidiu com o início do fenómeno de intensa reabilitação urbana vivida no centro histórico de Lisboa e… dei comigo a apaixonar-me pelas casas de traça antiga, com as suas portadas de madeira, os soalhos de madeira, os varandins, os tetos trabalhados, os azulejos antigos e uma “alma” inconfundível. A sua beleza e autenticidade tornam estes imóveis únicos.
O que se passou comigo acabou por acontecer também a muitos outros, portugueses ou estrangeiros, que (re)descobriram esta essência. Sendo o nosso país um dos mais antigos da Europa e do Mundo é com naturalidade que encontramos um vasto património habitacional e cultural, algum dos quais com mais de 100 anos de história. E se, até há bem pouco tempo, a maioria deste património se encontrava abandonado e desprezado, a realidade de hoje é bem diferente. Basta, para isso, passearmos pelo centro histórico de Lisboa ou do Porto para assistirmos a uma profunda onda de reabilitação deste património.
Este intenso fenómeno de reabilitação urbana a que temos assistido nos últimos anos, coincidente e em grande parte responsável pela recuperação do mercado imobiliário português desde 2015, veio despoletar um grande interesse e paixão pelos imóveis antigos que predominam nas freguesias históricas destas duas grandes cidades e um pouco por todo o país. Um fenómeno que integra também uma nova maneira de estar e pensar onde dominam as preocupações ambientais.
Mas, como eu costumo dizer, nada é perfeito! Para quem andar à procura de casa, comprar um imóvel novo ou comprar um imóvel antigo e reabilitá-lo são opções diferentes; caso se decida pela reabilitação deverá ponderar as respetivas vantagens e desvantagens:
Principais Vantagens
- Aproveitamento de recursos já existentes evitando aumentar o índice de construção nas cidades contribuindo deste modo positivamente para o ambiente;
- Recuperar património antigo e diferenciado evitando a destruição da história e da identidade dos locais;
- Aproveitamento de construção de qualidade;
- Fazer e reconstruir à medida do gosto e das necessidades de cada um de nós;
- Criar ambientes mais personalizados e distintos pelas características únicas dos imóveis;
Principais desvantagens
- Ausência de elevadores;
- Ausência de arrecadação e/ou garagem;
- Áreas reduzidas;
- Menor proteção ao risco sísmico;
- Menor isolamento acústico e térmico;
- Menor espaço para arrumação;
- Maior custo da obra para garantir a comodidade de um imóvel moderno;
- Maior custo de manutenção do imóvel;
A maior parte destes problemas podem ser ultrapassados mas exigem um investimento superior e um rigoroso acompanhamento da obra.
O segredo será conseguir conciliar a estrutura antiga com elementos modernos e funcionais que resultem em ambientes únicos e distintos. Esta combinação fará de cada imóvel recuperado verdadeiramente único e portanto com valorização acrescida.
Relembro ainda que estão em vigor diversos benefícios fiscais relacionados com a reabilitação urbana ao nível de diversos impostos como o IMT, o IMI , IVA e a tributação sobre rendimentos e mais-valias.