A IMPORTÂCIA DA SEGUNDA CHANCE
Eunice Mendes

A IMPORTÂCIA DA SEGUNDA CHANCE

O senso comum diz que “a primeira impressão é a que fica”. Mais uma ideia pré-concebida que exige um novo olhar. Afinal, quem nunca se surpreendeu consigo mesmo, realizando algo que jamais julgaria ser capaz de fazer? Se isso vale para a nossa experiência de vida, imagine com relação às pessoas que temos a oportunidade de conhece e estabelecer vínculos preciosos. Para isso, é preciso ter uma mente aberta para não se deixar enganar pela aparência imediata, assim como não devemos avaliar um livro pela capa. Ele pode ser muito melhor ou pior, mas é preciso encarar a leitura para saber.

Posso afirmar isso por experiência própria. Cresci em uma cidade do interior e, ainda menina, assistia às novelas da TV e sonhava em ser atriz. Como eu gostava muito de ler, meu pai me estimulava, porque percebia o meu jeito introvertido de ser. Ainda na adolescência, ele me incentivou a fazer teatro e lá fui eu ler as peças de Shakespeare. Confesso que, algumas delas, eu nem entendia muito bem, mas já se descortinavam ali momentos de intensa magia, que só fizeram aumentar a minha vontade de conhecer aquele mundo tão vasto e repleto de paixões humanas conflituosas, mas sempre fascinantes.

Apaixonada por esse aprendizado, eu decidi cursar a Faculdade de Letras. Depois, fui para São Paulo lecionar Português em escolas do estado, mas sempre aproveitei o tempo livre par fazer TV e teatro. Em apenas dois anos de ensaios, tive acesso a ensinamentos de uma vida inteira! Quanta luz e energia divididas com um grupo de 20 participantes. Eram artes marciais, oficinas de textos para teatro, para novelas de rádio, para comerciais televisivos e também para improvisos teatrais. Todas elas regidas pela batuta de um diretor que dizia o tempo todo: - teatro é vida, é pura paixão!

Certa da minha vontade e da vocação para atuar, eu acreditava que conseguiria conquistar o meu sonho. Só que isso não aconteceu, não dessa forma. A emissora de TV na qual eu trabalhava faliu e, com ela, boa parte das minhas expectativas ficou frustrada. Foi um longo período de depressão, vendo a vida se perder em um marasmo solitário. Como era arrimo de família, precisei logo encarar que a tão sonhada carreira artística não me daria o alimento de todo dia de forma garantida como se fazia necessário. Era preciso prosseguir e ir além, já que o salário de professora também não era suficiente.

Para a minha felicidade, “os sonhos não envelhecem”, como diz a canção emblemática do Clube da Esquina. Eles se transformam para nos dar outras perspectivas de realizá-los. E como é importante acreditar nisso nos momentos mais difíceis, naqueles dias obscuros, quando não sentimos vontade nem ao menos de levantar da cama para buscar novos caminhos. Certo dia, lendo sobre a experiência de treinamento de um grupo de fábrica para que cada um descobrisse a sua voz, eu tive um insight! Sim, eu tinha achado a minha voz, a minha cor e poderia contribuir para o universo de outras pessoas, levando-lhes a possibilidade de projetar um olhar diferenciado sobre elas mesmas.

Durante anos, pesquisei bastante sobre comunicação verbal e não verbal para dar palestras e para o meu próprio cotidiano. Criei exercícios teatrais com esse objetivo e fiz vários testes em parentes e amigos, até criar um bom repertório para poder “estrear”. E como foi maravilhoso estar diante de numerosas plateias para acender a chama da reinvenção. Também foi incrível perceber que, no decorrer dos últimos 30 anos, consegui construir uma carreira que me deu tantas alegrias quanto àquelas vivenciadas na prática artística.

Cuidei de mostrar a cada indivíduo que o autoconhecimento traz realizações em termos práticos, como a possibilidade de experimentar uma comunicação mais livre e corajosa, para que o medo não fosse capaz de detê-lo. Munidos dessa ferramenta, esses aprendizes puderam percorrer trajetórias profissionais e pessoais inéditas, vencendo grandes desafios. No meu caso, trago um belo legado como o resultado de ter escolhido dar um novo rumo ao meu dom de transmitir ideias e conteúdos construtivos. Dizem que o cavalo da sorte passa apenas uma vez. Engano. Ele tem, pelo menos, um irmão gêmeo sempre à espreita para nos dar uma merecida segunda CHANCE! E que ela seja muito bem-vinda.


Rosangela Vechiato Benvenuto

Gerente de RH | Coordenadora de DHO | Business Partner | Especialista Treinamento e Desenvolvimento | Recrutamento e Seleção |

3 a

Eunice, tenho muito orgulho de dizer que aprendi a falar em público contigo! Quanta gratidão. Hoje sou uma multiplicadora interna, dou o máximo de mim para colocar em prática tudo o que você ensinou e me encorajou. Você é uma pessoa e profissional sensacional. História de vida linda, e o que realmente importa é ser feliz dentro do que a gente gosta e valoriza! Sempre vou lembrar de ti com carinho e suas palavras: Acredite em você! E acredite em quem aposte em você! Bjs.

Fernanda Pecchio

Psicóloga e Mentora Comportamental

3 a

Que linda história amiga!! Valeu compartilhar ❤️

Mirella Ugolini

ACC ICF Executive Coach | Organizational Development Consultant | CHRO as a service

3 a

Sua história de vida é linda e se reflete na essência do seu trabalho, Eunice. Que coisa boa ler esse texto!! Sorte daqueles que, como eu, tiveram a sorte de conhecê-la e aprender com você!

Chances temos todos os dias enquanto vivermos e acreditarmos que queremos!

Calixto de Inhamuns

Ator, coordenador de oficinas, diretor e dramaturgo

3 a

Que bom ler o seu escrito Eunice, saudades. 

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