A Importância da Agência para o Clima, Mais do que uma Iniciativa Política, uma Oportunidade de Transformação para Portugal
De acordo com a notícia do Observador do passado sia 19, a criação da Agência para o Clima (ApC), que entrará em funcionamento em janeiro de 2025, representa uma oportunidade única para Portugal reforçar o seu compromisso com a transição energética e o combate às alterações climáticas. Contudo, é crucial que esta nova entidade não se limite a ser um reflexo das agendas políticas de curto prazo. Para que a ApC cumpra plenamente o seu papel, é fundamental que esta se traduza em ações concretas, com impacto real na transformação energética e na criação de riqueza sustentável para o país.
Estrutura e Recursos Humanos: Um Novo Começo
A ApC contará com uma equipa composta por 120 a 130 funcionários, oriundos de instituições como a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Secretaria-Geral do Ministério do Ambiente. Esta abordagem é positiva, pois aproveita a experiência acumulada por estas entidades, garantindo que o conhecimento técnico e operacional já existente seja integrado na nova estrutura. No entanto, é essencial que esta transição não se limite a um processo meramente administrativo. A ApC deve ser orientada por uma visão estratégica, que vá além da redistribuição de recursos humanos, assegurando a incorporação de novos talentos com competências específicas nas áreas-chave da ação climática e da sustentabilidade.
O Potencial da Agência
A ApC assumirá responsabilidades de grande importância em várias áreas:
A Necessidade de Ações Concretas
A criação da ApC surge num momento crucial para o futuro de Portugal e do planeta. As alterações climáticas já estão a causar impactos visíveis, com eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos. Nesse contexto, a ApC deve ser um verdadeiro agente de mudança, garantindo que o país avance na transição energética de forma estruturada, inclusiva e sustentável.
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O meu desejo é que esta agência não se transforme em mais uma iniciativa limitada pelas agendas políticas do momento. Infelizmente, é frequente em Portugal que projetos com grande potencial não atinjam os resultados esperados devido à falta de continuidade ou ambição na sua execução. A ApC precisa de ser diferente. Deve ser uma entidade que inspire confiança e que crie pontes entre a ciência climática, a ação governamental e o setor privado, promovendo sinergias que gerem resultados concretos e transformadores.
Energia e Riqueza Sustentável
A transição energética é uma oportunidade para Portugal se reinventar economicamente. Investir em energias renováveis, modernizar infraestruturas energéticas e fomentar uma economia circular são medidas que podem não só reduzir a dependência de combustíveis fósseis, como também posicionar o país como um líder na inovação e no desenvolvimento sustentável.
Além disso, a transição energética pode gerar riqueza de formas inovadoras. A criação de empregos verdes, o desenvolvimento de novas tecnologias e a atração de investimentos internacionais são exemplos de como as ações climáticas podem contribuir para o crescimento económico. A ApC deve liderar este esforço, não apenas como um instrumento para cumprir metas europeias, mas como um verdadeiro motor de transformação económica e social.
Um Apelo à Ambição e ao Compromisso
Para que a Agência para o Clima seja bem-sucedida, é necessário que o seu trabalho seja guiado por uma ambição clara e uma execução rigorosa. A crise climática não pode ser resolvida com medidas paliativas ou soluções temporárias. Portugal tem uma oportunidade única de se posicionar na linha da frente da transição energética e de construir um futuro sustentável e próspero.
O sucesso da ApC dependerá da sua capacidade de superar os erros do passado e afirmar-se como uma entidade ágil, transparente e focada em resultados. Acredito que esta agência pode ser um marco na política climática portuguesa, mas para isso é imprescindível que vá além das intenções e traduza as suas competências em ações concretas, impactantes e duradouras. O futuro de Portugal enquanto líder na transição energética depende disso.