A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE CONTROLADORIA PARA AS PMEs COMO APOIO AO DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA LOCAL.

Uma das linhas de atuação da controladoria está na disseminação de conhecimento, modelagem e implantação de sistemas de informações. É função da controladoria a elaboração de relatórios e de suas interpretações, medindo o desempenho entre os planos operacionais aprovados e os padrões desejados nos diversos níveis da organização. É da controladoria, pelo conhecimento de legislação e por possuir uma visão ampla das operações, o papel estratégico no fornecimento de visão crítica à administração da empresa. A controladoria será útil e desenvolverá seu trabalho trazendo resultados positivos, proporcionalmente ao nível de “compliance” das organizações. Empresas comprometidas com sua política de “compliance” terão melhores chances de sobrevivência, cabendo à controladoria boa parte da estruturação desta política dentro da organização.

Empresas que atuam em economias subdesenvolvidas ou em desenvolvimento tendem a encontrar maior dificuldade de sobrevivência por conta dos graves problemas reais encontrados, como o alto grau de corrupção, a baixa capacidade de investimento, a alta carga tributária, a tecnologia obsoleta e o baixo nível de mão de obra disponível no mercado. Parte destes problemas consegue ser filtrado nas grandes organizações, porém são como corrosão a beira mar e cruéis para as pequenas empresas.

Sabemos que é obrigatória a utilização de profissionais de contabilidade em todas as organizações, independentemente de seu tamanho. Normalmente as grandes empresas optam pela utilização de profissionais internos, contratados para seu corpo de colaboradores e as pequenas empresas optam pela terceirização dos serviços de contabilidade. Estes profissionais terceirizados, muitas vezes constituídos em sociedades contábeis, são o que de mais perto as pequenas empresas têm para a obtenção de “know-how” técnico para análise de resultados, apontamentos de mercado e direcionamento para um rumo mais próspero. O problema é que as organizações contábeis não me parecem dispostas a investir nesta direção de apoio a seus clientes; muito pelo baixo conhecimento de controladoria da maioria de profissionais de contabilidade empregados nestas organizações. Sem dúvidas, o profissional de controladoria demandaria destas organizações um “up grade” na faixa salarial e de benefícios. Porém, entendo ser um bom nicho a ser explorado pelos contadores e escritórios contábeis, ao mesmo tempo, que penso ser de extrema importância municiar as pequenas empresas de material sistemático para apoio a avaliação de seu desempenho.

No entanto, a função de controladoria não é uma função de baixo custo e não está diretamente relacionada a atividade fim das empresas. Por isto, nem sempre é possível ter em seu quadro funcional o apoio de um profissional de controladoria. O primeiro passo seria tentar entender até quanto estas pequenas empresas estariam dispostas a investir neste importante serviço.

Contudo; a necessidade crescente de uma cultura que permita nos antecipar aos problemas de gestão nos faz refletir sobre as maneiras como as organizações gerenciam as suas atividades diárias. Principalmente as micro, pequenas e médias empresas. É comum a existência de uma lacuna entre as necessidades de controle das ações diárias e as ferramentas e metodologias existentes no mercado. Muito disto, se deve ao paradoxo do desconhecimento das consequências dessas ações diárias sobre os recursos disponíveis; ou ainda, a ineficiência do uso de ferramentas para a medição de como estes recursos deveriam ser utilizados no intuito de otimizá-los. Filtramos na história a limitação tecnológica e a crescente necessidade priorizada de gerar receita, vendando as organizações ao fato da importância de serem cada vez mais eficazes na utilização de seus ativos/recursos. Na década de 1980, Michael Porter descreveu que seria preciso criar vantagem sobre nossos concorrentes em vetores chave de cada negócio. Sabemos hoje a necessidade de trabalhar com metas cada vez mais arrojadas, processos bem desenhados e principalmente, comprometimento com o seu cliente. Hoje entendemos que o sucesso das organizações, a grande vantagem competitiva, está na rapidez com que elas conseguem responder às necessidades de mercado, principalmente com os custos controlados. Temos plena convicção de que o grande desafio desta última década vem sendo a capacidade e a competência diária das organizações na incorporação de novos modelos, atitudes e comportamentos necessários a absorção destas contínuas inovações; levando-as à sobrevivência sadia e competitiva de mercado. Devemos estar atentos e buscar um novo método a cada pequeno instante de vida da organização.

Se considerarmos também outra importante teoria surgida nos anos 80, a Teoria das Restrições de Goldratt; é possível entender esta nova ambiência de mudanças velozes, com o futuro se aproximando do presente em uma dimensão antes desconhecida. O presente das organizações é vivido sob uma volatilidade que se apresenta na forma de risco e incerteza, sendo a administração desses fatores vital para a organização.

Um estudo feito pelo IBGE estima que menos da metade das empresas abertas hoje conseguem chegar a cinco anos de sobrevivência. E que há "uma relação direta entre o porte das empresas e a taxa de sobrevivência". Há muito se fala na importância das PMEs para a economia dos países e, sobretudo para as economias de países que são considerados “não desenvolvidos”. O que não é comum, e penso ainda não ter sido bem mensurado, é o impacto negativo do fechamento das PMEs para a economia em que elas estão inseridas. Quanto esforço e desperdício, principalmente em talento, dinheiro e de precioso tempo...

Uma pesquisa da Universidade de Harvard aponta que a situação da economia de um país tem relação direta com o número de empregados em pequenas e médias empresas. Quanto mais mão de obra empregada em PMEs, menor é a capacidade econômica do país, e vice-versa. O estudo afirma que a esperança de desenvolvimento econômico repousa na criação de grandes empresas, administradas por profissionais e utilizando modernas práticas de gestão. Por outro lado, temos estudos que indicam que as pequenas e médias empresas (PMEs) facilitam o processo de mudança estrutural, propiciam lastro de estabilidade da economia e constituem, na realidade, o principal respaldo comercial dos valores do ambiente de livre mercado no qual se desenvolve toda a atividade econômica da maior parte do mundo. Então; mesmo que aceitemos que estas empresas estão longe de um papel central na economia de qualquer que seja o país ou região, pequenas empresas são onde a maioria dos novos empregos começa.

Grandes empresas, multinacionais, nacionais de grande porte e aquelas que um dia surgiram pequenas e hoje estão grandes no mercado, parecem ter descoberto o caminho do sucesso, mas sabemos que também sobrevivem na linha tênue entre o sucesso e o fracasso. As PMEs precisam sobreviver e crescer, não em tamanho, mas principalmente em inovação e valor produzido. Elas estão à espera de capacitação profissional, consultoria em inovação tecnológica e organizacional e não tão somente em oferta de crédito. A empresa precisa de instrumentos para aprender a rever suas estratégias e abrir novos canais com fornecedores, compradores e, sobretudo, concorrentes. Não basta ao Estado apostar no paradoxo de criar mais órgãos para desburocratizar a abertura e o fechamento dos pequenos negócios, embora seja um primeiro passo, mas também precisa desenvolver parcerias com as próprias empresas para ajudá-las a diagnosticar seus erros, oportunidades e ameaças. A pequena empresa precisa estar bem cercada também de suas concorrentes, trocando conhecimentos e juntando esforços, enraizando no local a sinergia para crescer até o global.

De uma maneira geral as causas da falência já são conhecidas e estão mapeadas. O problema é que a visão tacanha do “benefício próprio” ou do “este problema não é meu” é predominante e vemos poucos tentando fazer alguma coisa concreta para mudar esta realidade. Penso que a contabilidade, na oferta de serviços de controladoria, poderia ter papel fundamental e ajudar em muito o desenvolvimento das PMEs em suas economias locais.

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