A importância da gestão no transporte rodoviário de carga.

A gestão profissional do transporte rodoviário de carga, muitas vezes, tem sido deixada para segundo plano, mantendo ainda, modelos antigos de gestão empresarial.

Este descaso tem - infelizmente- sido fatal para grandes empresas do segmento, empresas com faturamento anual na faixa de R$ 1 bilhão , foram vendidas ou cessaram suas atividades.

A competitividade, a concorrência predatória, a falta de estrutura de apoio e o incorreto gerenciamento de recursos vem ceifando a saúde financeira de transportadoras em um cenário de demanda altamente volátil, sujeito à sazonalidades e de grande necessidade de aporte de capital.

No Brasil, o modal rodoviário transporta a maior parte dos produtos manufaturados, tendo a vantagem competitiva de chegar a qualquer ponto do território nacional, com poucas exceções.

O gestor dessas operações deve conhecer todo o sistema de distribuição, inter-relacionando essas atividades com as demais informações de outros setores da empresa. A distribuição física de produtos envolve diversos componentes físicos e processuais: instalações físicas, estoque de produtos, veículos, informações diversas, custos e pessoal. Todos esses componentes estão interligados e é função do gestor cuidar para que cada elemento seja administrado adequadamente.

Neste aspecto, consideramos o trinômio : Patrimônio, Processos e Pessoas. Historicamente as empresas de transporte zelam com excelência por seu patrimônio, são itens de fácil identificação e avaliação, além de seu valor intrínseco declarado.

Quando abordamos os processos, o nível de dificuldade cresce, sua leitura necessita de uma análise mais profunda e os impactos, embora significativos, são percebidos com mais lentidão. A falta de domínio do conceito entre faturamento e margem, custos e despesas e aplicação de descontos arbitrários, são perniciosos para a saúde do negócio, e na maioria das vezes, comportam-se como uma enfermidade assintomática.

No tocante à pessoas, temos o item de maior dificuldade de controle e aferição. Cuidados com avarias e roubos na operação tem sido alvo de constantes estudos, mas, os setores administrativo, financeiro e comercial, também carecem de cuidados, os quais não raro passam desapercebidos no curto prazo, porém, gerando prejuízos muito mais danosos do que aqueles relacionados com a indenização da carga sinistrada.

Execução da politica comercial, observação do perfil de produtos desejado para transporte, prática de descontos, etc. são executados no dia a dia por pessoas, que também carecem de constante treinamento e feedbacks de alinhamento, para coesão entre a estrategia desenhada pela alta gestão e a rotina diária de execução.

Assim a saída é investir em treinamento, tecnologia de ponta e ações sociais para minimizar desvios.

Porém, a necessidade de uma gestão integrada , em todos os seus aspectos é imprescindível para que a empresa obtenha êxito e permaneça no mercado.

Todos os elementos são importantes na estratégia da empresa para alcançar maior eficácia, e a função final do gestor é manter o equilíbrio entre o patrimônio, os processos e as pessoas.

Ricardo Cunha trabalha na área de transportes e logística. Engenheiro Mecânico e administrador com mestrado em Administração, possui mais de 25 anos de experiência em empresas multinacionais e nacionais de grande porte, onde tem sido responsável por atividades de gestão comercial, operacional e custos. Reside atualmente no Rio de Janeiro ( RJ ).