INBOUND E A ARTE DE INFLUENCIAR PELO CONTEÚDO
Os amigos que acompanham meu trabalho no universo "interativo" (onde aportei depois de fazer carreira no mercado financeiro) sabem o quanto me dediquei, e ainda me dedico, para construir um ambiente de negócios propicio e humanizado no meio Digital.
Boa parte desse esforço esteve presente em dois importantes projetos que ajudaram a sedimentar/ pavimentar esse caminho:
· O ACHEI (que depois virou Zeek): que foi um dos primeiros engenhos de busca na rede aqui no Brasil e que inclusive funcionava como motor de busca dos principais ISPs (provedores de acesso) por aqui, como UOL, ZAZ dentre outros dentre os 50 maiores.
· O IMAIS: que foi um portal de conteúdos e um dos primeiros modelos de Sindicate marketing no Brasil focado em comunicação digital contextual para gerar relevância e retorno para os anunciantes (com uma taxa de click rate absurda para a época).
Em ambos os projetos, apostamos fortemente em modelos de segmentação que nos permitissem adequar a comunicação ao que poderíamos chamar de “o embrião dos processos de CURADORIA de conteúdos, visando estabelecer uma aproximação com extratos significativos da população digital: sempre defendí que a segmentação no ambiente digital não era uma opção e sim a única.
Não por acaso, fomos parte de um pequeno grupo de ardorosos defensores do que chamávamos à época de: COMUNIDADES VIRTUAIS (proferi inúmeras palestras na finada Fenasoft, sobre esse tema) e que hoje conhecemos como REDES SOCIAIS.
Pois bem, muitos dos meus amigos e pessoas que conhecem essas histórias e visto que continuo fortemente ligado à expansão desses modelos que, nos últimos anos, tem sido amplamente afetado por novas tecnologias que o qualificam ainda mais, tenho sido estimulado a escrever mais sobre o funcionamento dos processos que envolvem os negócios ditos online ou do mercado digital como é chamado visto que, estamos num momento em que negócios digitais e analógicos se encontram em processo irreversível de fusão.
Dessa forma, resolvi escrever mais sobre o tema, como o fiz recentemente em duas trilogias:
· A que fala das FINTECH’s e dos Bancos Digitais e seu impacto no mercado financeiro e na sociedade brasileira (e mundial);
· A que fala sobre tecnologias como BLOCKCHAIN e seu impacto em todos os negócios conhecidos (e ainda porvir) ao redor do planeta;
Um dos temas que me solicitam reiteradamente, talvez pelo fato de não apenas ser um player importante desse jogo, mas sobretudo, por minha formação em Psicologia de consumo e de como o comportamento digital (fruto dos processos de migração e nativos) vem determinando toda estratégia dos negócios na face do planeta, e a importância dos Modelos de comunicação que impactam os negócios em razão da conectividade crescente das pessoas (e dos objetos e sistemas).
Um desses aspectos está relacionado aos modelos de segmentação, cada vez mais relacionados a conteúdos e, portanto, a um processo de curadoria, que são conduzidos por canais, estes representados por pessoas talentosas, OS INFLUENCER’S, com especial capacidade/habilidade em impactar e arregimentar verdadeiras legiões de fãs (chamados de seguidores) com um importante grau de engajamento (interação ativa) com tais canais (digamos com esses influencers).
Quando falamos em negócios (uma venda direta ou indireta) estamos falando de um novo MODELO DE COMUNICAÇÃO envolvendo canais digitais: estamos falando de, desculpem o "palavrão (rsss...), de INBOUND MARKETING, que representa basicamente a arte de atrair clientes por meio de conteúdos e comunicação em rede, nesse caso, pela ação estruturada de INFLUENCERS, capazes de contruir conteúdos de valor (via CURADORIA).
Dito isso, vamos lá:
O que é e como funciona um canal de “negócios” com base em INFLUENCIA DIGITAL?
· Do que estamos falando: um blog digital temático (ou um canal Digital temático) dentro da Rede Instagram, por exemplo (que pode se integrar com outras redes ou não) ou do Youtube ou de ambos (ou outra rede).
· Como são constituídos: Esses canais são Personais e definem seus autores como INFLUENSERS quando segmentados e são capazes de angariar grande número de seguidores (dentro da temática escolhida) com importante grau de engajamento (interação com o canal seja, curtindo, disseminando, compartilhando e impactando na melhor visibilidade de produtos e serviços que são oferecidos de forma “incidental” (estamos falando de modelos inbound marketing).
· Como deve ser o foco: o canal tem que ser uma referência em relação ao (s) tema (s) que aborda. Ou seja: se falamos de entretenimento, os conteúdos devem estar relacionados de forma atrativa a esse tipo de conteúdo (curadoria de conteúdos) ou seja, os seguidores procuram o canal de forma assídua e ficam sabendo das “novidades” sobre o tema do canal e, incidentalmente tem contato com as promoções (de onde vem a renda do canal) que fazem parte da comunicação, de forma sutil.
· Porque não devemos abrir o leque (foco é tudo): os temas que envolvem “Life style”, são os mais seguidos no Instagram, por exemplo, tido como o mais importante canal de vendas, inbound, da rede, na atualidade. Esse conceito envolve: gastronomia, Moda; Saúde & Beleza, Turismo & Viagens, Entretenimento, Decoração que são os temas mais acessados no Instagram (que, como sabem pertence ao Facebook que conta com mais de 2 bilhoes de seguidores no mundo dos quais cerca de 140 milhões no Brasil. O Instagram possui cerca de 60 milhões registrados no Brasil e certamente vai dobrar esse numero rapidamente. Veja os dados) .
- Um bom exemplo no Instagram: podemos citar o da Carol Cantelli (@decoremais), que é 100% focado em Decoração e tem muitos seguidores com elevando nível de engajamento (gente que republica conteúdos e/ou propaga o conceito com a Hasteg #geraçãocarolcantelli). Assim, ela se tornou uma referência no tema DECORAÇÃO, seguida e distribuída por seus seguidores.
· O melhores Influencer’s: tendem a ser os “micro-influensers temáticos”, ou seja, é melhor ter alguns milhares de seguidores 100% focados num segmento importante do que ter milhões de seguidores genéricos (o Neymar tem mais de 100 milhões de seguidores mas não é um "curador") . Claro que mesmo os micro influencer’s costumam atrair e manter muitos seguidores: mas a palavra-chave é “engajamento” (algo que vai além das curtidas) dentre de temas e segmentos importantes.
· Modelo de Curadoria e mídia: o maior desafio de um canal online é o que se refere à CURADORIA DO CONTEÚDO. Além de estabelecer com clareza o perfil do público e seu comportamento e interesses é preciso, dentro de uma abordagem lógica/cientifica, o que e como publicar em termos dos conteúdos que vão atrair, fidelizar e expandir a rede de seguidores, permitindo o estabelecimento de um modelo IMBOUND de comercialização. Existem vários estudos sobre o que funciona melhor em termos de frequência e horários de publicação, além dos modelos de publicação: por exemplo, os “stories” são bem mais efetivos que as publicações estáticas, mas é preciso fazer as duas coisas. Tem que haver um processo permanente de aferição dos resultados em termos de engajamento e retorno do público alvo uma ver que tudo se encontra em "movimento" o tempo todo.
· Modelo de renda de um canal digital, baseado num modelo INBOUND: Basicamente estão relacionados a publicidade e a propaganda, comercialização de espaços, campanhas, programas de afiliação, venda direta (*), etc. Com base no que e como estará sendo oferecido, estruturas devem ser incorporadas ao canal (direta ou indiretamente).
· Clientes em termos de Renda: indústria, comercio, serviços (muitas vezes, representados por agências de publicidade). Seguidores, no caso de vendas próprias/ diretas.
Passo a passo para criar e expandir um canal de relacionamento digital:
Passo um:
Criando um Canal; um personagem e uma maneira dele se comunicar com o seu publico
· São ações/definições determinantes dessa etapa:
o Definir Claramente o tema e o Público Alvo: por exemplo podemos citar o segmento saúde & beleza e o publico como sendo pessoas de ambos os sexos com idade entre 18 e 30 anos.
o Separar o perfil pessoal do perfil Profissional (*): muitas vezes significa modificar o perfil pessoal para empresarial (aproveitando o número de seguidores e abrir um outro pessoal. Essa separação é importante porque misturar os conteúdos (pessoal e profissional) pode confundir o público alvo e atrapalhar o modelo de curadoria dos conteúdos para atrair novos seguidores, alem de dificultar a sedimentação do conceito do canal.
o Criar um Modelo de Conteúdo (Curadoria): o que oferecer ao público alvo (algo que normalmente ele não busca em pesquisas nas gosta de ver ou saber). O conteúdo é o PRODUTO, aquilo que conquista seguidores e estabelece o processo de engajamento. Para isso é preciso conhecer em profundidade os interesses do público alvo e monitorar o engajamento a seguir.
o Não esquecer que, VOCE É O PRODUTO e deve se posicionar como tal.
o CRIANDO UMA IDENTIDADE: já que você é o produto, é preciso se constituir como tal: ou seja, jeito de falar; jeito de publicar; jeito de escrever; inventar “bordões”; definir hashtags; criar marcas pessoais que só você tem ou usa, enfim: identidade é sua marca pessoal e como as pessoas vão te amar (e até odiar) o que você representa nesse universo. Essa identidade e diferenciação imprimem AUTENTICIDADE, SINGULARIDADE E CREDIBILIDADE no que você apresenta ou sugere.
o Separar claramente os conteúdos curados da oferta de produtos de venda (esse desafio é monumental): conteúdo atrai e fideliza os seguidores e vendas são os produtos que podem ser adquiridos ou distribuídos pelo seu público de maneira INBOUND, ou seja, o público que procura o teu conteúdo, é também, o mesmo que compra ou indica os produtos que você oferece, adicionalmente, no seu canal. Tem que haver sinceridade, ética e parcimônia naquilo que é oferecido, ou seja, algo que não coloque em risco a sua IMAGEM e que não se choque com a mensagem que o seu canal procura levar e defender.
o Formato das publicações: estrutura dos posts; stories, mídias, periodicidades, etc. Responder sempre à pergunta: O QUE AGRADA O MEU PÚBLICO?
o Fontes de pesquisa: onde obter conteúdo de valor agregado. Uma boa CURADORIA de conteúdos (você é o curador, é claro) requer um trabalho permanente de pesquisa (e estabelecimento de fontes dinâmicas) para que seja considerado atrativo pelo público alvo.
o Ferramentas de controle e apoio editorial (*). Verificar recursos como CROWDFIRE ou outros análogos. É bem difícil administrar um bom canal sem o uso de recursos e ferramentas de apoio e existem muitas, boa parte gratuitas ou baratas.
o Métricas de aferição da audiência/engajamento (*): é preciso monitorar a audiência e os resultados produzidos pelas publicações pois é o que determina o sucesso comercial do canal pode oferecer aos seus "clientes".
o Outros aspectos relacionados: avaliar sempre o que mais se relaciona com o seu tema e público FOCO, lembrando que a vida é dinâmica e a relevância se altera ao longo do tempo pela própria evolução dos canais e seus concorrentes.
Passo dois:
o Estabelecer objetivos iniciais;
- CRIAR O PERFIL que será utilizado (apenas para garantir o nome), sem ativação, apenas o registro.
o Estabelecer uma “campanha” de compartilhamento do novo perfil
o Estabelecer ferramentas e metodologias de distribuição na rede
o Estabelecer uma estratégia de distribuição e conquista de seguidores
o Estabelecer objetivos de número de seguidores (semanais, mensais, semestrais, anuais)
o Estabelecer Parcerias com perfis agregadores (*) quando existam.
o Outras ações relacionadas
Passo Três:
· Mapeamento dos POTENCIAIS CLIENTES (aqueles que vão trazer renda para o Canal):
o Ver quem são os grandes anunciantes temáticos (o conteúdo tem que ir ao encontro deles)
o Mapear e conhece-los em profundidade, principalmente sua política de investimentos em redes sociais
o Estudar suas campanhas, programas e formas de lançamento de produtos.
o Outras ações relacionadas
Passo Quatro:
- · Ativação do Perfil:
- Migrar seguidores do perfil pessoal para o profissional (se for o caso)
o Iniciar as postagens dentro da estratégia e frequência estabelecidas (as primeiras postagens devem explicar do que se trata) no passo um. Um Canal Temático carece o tempo todo de "peixe fresco", sem isso ele morre.
o Criar campanhas e promoções de adesão: CONVIDAR OS SEGUIDORES DO PERFIL PESSOAL, por exemplo, se você resolveu criar um novo perfil sem converter o perfil pessoal em Empresarial.
o Estimular o compartilhamento do PERFIL pelos seguidores do perfil pessoal (se fez a opção acima).
o SEGUIR perfis estratégicos (*)
o Outras ações relacionadas
Passo cinco:
· FOLLOW UP E AJUSTES DO MODELO DE CURADORIA E ATIVAÇÃO
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Sobre a escolha de um Nome para o CANAL:
Algumas considerações:
· Que tenha significado relacionado com o conteúdo e proposta editorial (conteúdo alvo de curadoria)
· Que seja fácil de lembrar
· Que seja único
· Que seja VOCÊ
Nomes de exemplo (normalmente é difícil encontrar disponível nomes mais óbvios), se fosse um CANAL de BELEZA & SAÚDE:
· @vivermaisemelhor (hipotético)
· @vidaquequerover (hipotético)
· @Euestoubemevoce (hipotético)
Chamada/FRASE DE EFEITO: VOCÊ É O QUE COME ou VIVER MAIS COM QUALIDADE
É mais ou menos por aí...
Que esse roteiro possa ser útil.
Sanchez
Hotelaria e restauração
5 aAmei!!! Muito interessante!
Data-Driven Digital Marketing Director & Strategist
6 aMuito orgulho por ter participado contigo em parte de sua trajetória e vendo que como sempre à frente do seu tempo. Parabéns pelo artigo meu amigo!