A incoerência faz parte da aprendizagem

A incoerência faz parte da aprendizagem

O ser humano na constituição que conhecemos hoje tem aproximadamente 200 mil anos, no livro Sapiens Yuval Harari desenvolve a tese de que várias espécies de Homo conviveram conosco no desenvolvimento da nossa espécie, nossos "primos" sucumbiram a nossa capacidade de adaptação e engenharia social.

Passamos pelo período de caçador coletor, desenvolvemos a agricultura, desenvolvemos povoados, tribos, cidades, estados, países, a narrativa das transformações ao longo da história humana passa por diversos momentos em que foi necessário deixar para trás valores, conceitos e a forma como a espécie humana lida com o universo ao seu redor.

Aristóteles é lembrando como um dos pais do geocentrismo, em 2 d.c Ptolomeu desenvolveu o modelo simplificado de geocentrismo que viria a se popularizar por um longo período na história da humanidade, embora já houvesse registros de uma teoria de heliocentrismo em períodos a.c somente no século XVI Copérnico sistematizou uma teoria que contrapunha o geocentrismo, teoria que sofreu forte resistência pelo estado e a igreja.

Não é difícil analisar que o processo de aprendizagem tem uma lógica complexa que entrelaça diversas competências, comportamentos, habilidades, conhecimentos e valores que são adquiridos ou modificados através de experiências, observação, estudo e raciocínio.

A análise do contexto importa muito nessa análise, se deixarmos de lado valores humanitários é fácil enxergar a escravidão como o método mais barato de produção, se o critério norteador for apenas o menor custo de produção com boa capacidade produtiva vamos repetir os crimes grotescos cometidos nos últimos séculos que levaram a mais de 6 milhões de africanos serem sequestrados, violentados e escravizados.

Felizmente deixamos para trás essa mancha na história da humanidade, desenvolvemos métodos para tentar reparar parte dos danos lesados (ainda falta muito) e aprendemos que em hipótese alguma podemos abandonar os valores que nos fazem humanos.

O futuro é uma narrativa incerta e imprevisível, mesmo quando o projetamos para um espaço curtíssimo de tempo numa escala de segundos as coisas podem simplesmente não ocorrer como prevíamos, mas há uma máxima que estatísticamente pode ser usada como lei universal e Heráclito observando isso produz uma das frases mais célebres do século 500 a.c : Nada é permanente, exceto a mudança.

Nesse período de constantes transformações em que vivemos é necessário estar aberto para observar as demandas transformacionais da nossa sociedade e perceber que certamente temos valores que precisam ser reconstruídos mesmo quando há risco de incoerência, ser sempre coerente demanda muito esforço e possivelmente te fará flexionar observações, dados e percepções que vão te roubar tempo e gerar desgastes que poderiam ser evitados através do simples reconhecimento de que a sociedade mudou.

Obviamente esse texto não é um apelo para a contínua incoerência, tampouco uma tentativa de militar para que as pessoas abandonem seus valores e convicções, são eles que compõe a contrução da personalidade que temos, contudo a proposta aqui é demonstrar a mutabilidade das coisas e inferir a importância de sempre revisitar, testar e questionar as velhas convicções para abrir espaço para mudar quando necessário.

Estar aberto ao novo sem revisitar nossos aprendizados é o que nos faz adaptáveis e capazes de evoluir, certamente a incoerência é um preço barato no processo de aprendizagem.

E você tem medo da incoerência?

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