Incor-Instituto do Coração inaugura novo Pronto Socorro e quita sua dívida
Em seu aniversário de 40 anos, o Incor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas de São Paulo, inaugura na próxima quinta (27) o novo pronto-socorro, que passa a ser uma das emergências cardiológicas mais bem estruturadas da cidade de São Paulo.
No mesmo prédio, o PS estará integrado ao setor de exames diagnósticos e à hemodinâmica, que ocupará três andares.
Antes, os pacientes tinham que ser transferidos para outro prédio para fazer os procedimentos.
Com a integração, a pessoa que chega infartada ao PS estará em seis minutos na hemodinâmica para o tratamento (colocação de stent, por exemplo). “Quanto antes abrir a artéria, melhor.
Tempo é músculo”, diz o cardiologista Roberto Kalil, presidente do conselho diretor do Incor.
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A unidade terá uma sala especial para a colocação de marcapasso por escopia (por meio do uso de raios X).
O tamanho do pronto-socorro quase triplicou, de 600 m2 de área para 1.600 m2.
O número de atendimentos, porém, será o mesmo–15 mil por ano.
Só serão atendidos no local casos cardiológicos graves, encaminhados por outros serviços de saúde.
Até dois anos atrás, o PS tinha “porta aberta”, ou seja, os pacientes iam até lá por conta própria.
“As pessoas vinham com gripe, resfriado. Era um caos. O PS chegou a ser fechado algumas vezes. O problema era insolúvel”, lembra Kalil.
Durante a construção do novo prédio, o pronto-socorro funcionou em um espaço ao lado.
Ao mesmo tempo, o sistema de entrada mudou e houve uma hierarquização do atendimento do paciente SUS.
Segundo o cirurgião Fabio Jatene, vice-presidente do conselho, o primeiro atendimento passou a ser feito no serviço de saúde mais próximo do doente, como um pronto-socorro ou hospital.
“Se o caso cardiológico ou pulmonar for muito grave, o médico entra em contato com o plantão controlador da Secretaria de Estado da Saúde, que o encaminha para o Incor”, afirma Jatene.
De acordo com Múcio Tavares de Oliveira Jr., diretor da unidade de emergência do Incor, antes dessa mudança só 16% dos casos atendidos por mês no pronto-socorro do instituto eram infartos.
Agora, esse índice é de 60%.
“O Incor volta ao seu princípio fundamental, que é atender o paciente de alta complexidade.
Não vamos atender mais [em quantidade], mas vamos atender melhor, dando mais conforto ao paciente”, diz Edison Tayar, diretor-executivo do Incor.
A próxima meta, segundo Kalil, é criar no PS um serviço de telemedicina que dê suporte à distância, como orientar a equipe do Samu para já aplicar o trombolítico (drogas de rápida dissolução de coágulos sanguíneos) no paciente infartado antes da chegada ao Incor.
Dívida
Outra boa notícia é que, em setembro próximo, a Fundação Zerbini, mantenedora do Incor, quitará com bancos uma dívida de R$ 464 milhões que foi sendo paga ao longo de mais de uma década.
“Foi um período de vacas magras. Tivemos que fazer uma economia de guerra. O processo de inovação e de incorporação de novas tecnologias no instituto ficou prejudicado”, diz Jatene.
Uma das medidas foi modernizar a gestão, que passou para as mãos de José Antônio de Lima, especializado em administração hospitalar.
Segundo Lima, houve revisão de contratos com fornecedores, abertura de sindicâncias e renegociação de preços de produtos.
Com isso, dispositivos que antes não eram acessíveis ao paciente SUS, como stents farmacológicos e corações artificiais, passaram a ser.
Nos últimos anos, empresários passaram a ajudar o Incor. Reformas da pediatria e do anfiteatro, por exemplo, foram possíveis graças a doações, que somam por ano cerca de R$ 2,5 milhões.
Agora, essa captação de recursos está sendo profissionalizada também com a ajuda de um grupo de empresários.
A meta é que as doações passem a R$ 150 milhões ao ano.
“Quando você resgata a credibilidade, todo mundo quer ajudar”, diz Kalil.
Em 2016, a receita global do Incor foi de R$ 540 milhões. Metade dos recursos vem do Estado, e a outra metade vem da fundação, por meio do SUS e de convênios.
Outra novidade do instituto em seu 40º ano é o projeto InovaIncor, que cria soluções para as áreas cardiovascular e respiratória.
“São projetos de inovação tecnológica, como o desenvolvimento de softwares, válvulas, aparelhagens.
No passado, existia a área de bioengenharia do Incor e queremos retomar isso”, explica Kalil.
E o que esperar do Incor nos próximos 40 anos?
“Voltar ao Incor do passado. Sem dívidas, com credibilidade, inovando, modernizando-se e voltado ao ensino, à pesquisa e à assistência.
Fonte: Folha de São Paulo-23.04.2017.
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