Inovação disruptiva e a sustentabilidade
O termo “disruptivo” é aplicado há várias décadas quando se refere à inovação, em especial quando uma nova tecnologia, produto ou serviço vem ao mercado para derrubar uma tecnologia dominante e revolucionar o status quo. A utilização do termo “inovação disruptiva” se deu especialmente através do célebre professor de Administração na Harvard Business School, Dr. Clayton Christensen.
Entretanto, a ligação desta inovação revolucionária com a sustentabilidade – apesar de soarem como temas desconexos num primeiro momento – tem total sentido. Se observarmos o modus operandi de desenvolvimento da sociedade global pós-revolução industrial, perceberemos que o mesmo tem se demonstrado insustentável.
Já a sustentabilidade entrou em voga especialmente ao longo das últimas três décadas com os diversos apelos globais e as diversas comprovações científicas de esgotamento de alguns recursos naturais, de espécies em extinção, a exclusão social, os riscos macro econômicos e, em especial, o aquecimento global, evento cíclico na história do nosso planeta que tem sido comprovadamente acelerado pelas ações humanas.
O mercado global em plena transformação
Você possivelmente deve estar se perguntando: Por que devo me preocupar com estes dois conceitos? Bem, a pergunta correta a ser feita é: Será que a inovação disruptiva pode destruir seu negócio, ou torná-lo insustentável?
Exemplos contundentes estão por toda parte, seja o segmento de taxis sendo transformado pelo Uber, a telefonia sofrendo disrupção pelo Whatsapp, os Bancos sofrendo com as Fintechs, as emissoras de televisão ameaçadas pelo Netflix, dentre inúmeros outros exemplos que vemos surgir e que estão colocando a escanteio aqueles que não percebem a importância de se preparar para a disrupção iminente.
Geração milênio e a nova economia
Novos negócios borbulham ao redor do planeta nas mãos de jovens empreendedores da geração milênio, especialmente na forma de start-ups e spin-offs, com grande apelo disruptivo à sustentabilidade, pois praticamente toda e qualquer solução voltada ao mercado sustentável possui escalabilidade global, com públicos-alvo tremendamente inexplorados e ávidos pelo novo (early adopters).
Estes mesmos jovens, engajados, já estão cansados do óbvio, do “apelo sustentável” para venda e pela venda, do greenwashing (propaganda sobre ser ambientalmente/ecologicamente correto). Desta forma fica evidente que os jovens sabem das oportunidades de mercado inexploradas pelas gigantes corporações econômicas, que por muitas vezes não possuem sensibilidade de negócio ou percepção daquilo que o mercado realmente busca.
Sociedade do conhecimento e a economia colaborativa
Estas novas oportunidades de negócios surgem sob a égide de novos mecanismos e métodos revolucionários – muito mais eficientes que os habituais – no uso do capital humano, ambiental e econômico.
As soluções inovadoras e disruptivas que surgem diariamente nos quatro cantos do mundo demonstram que é necessário romper com os modelos tradicionais para inovar a fim de garantir sustentabilidade econômica, social e ambiental ao planeta, mas é ainda mais importante não esquecer, tampouco deixar de lado, tudo aquilo que foi desenvolvido e aprendido pela humanidade até então, pois a inovação depende especialmente de erros e das formas de aprendizagem que estes geram.
Seja pelo uso do Bitcoin para estabelecer uma nova ordem monetária mundial, ou pelo uso de redes sociais para o voluntariado do bem (Social Good) a fim de atender os mais necessitados, seja pelas oportunidades de microfinanças idealizadas pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus para permitir acesso dos mais carentes a fomento, ou mesmo pelo crowdfunding para a viabilização de purificadores de água portáteis ou geradores de eletricidade para regiões do planeta carentes de saneamento e energia, o engajamento pela sustentabilidade disruptiva dos novos empreendedores é nítida.
Pertencimento, sentido e engajamento
Aos jovens empreendedores o “fazer sentido” e “fazer parte” de algo revolucionário é imprescindível, e isto é percebido especialmente em apresentações de startupers para captação de investidores anjo (pitch’s), por exemplo, onde o termo “ajuda a mudar o mundo” acaba sendo a frase finalística destes empreendedores engajados e persuasivos.
A inovação exerce – e ainda exercerá – papel-chave no desempenho de novos empreendedores que almejam mudar o mundo, pois estes habitualmente colocam em xeque o status quo, ameaçando-o, e ao fazê-lo induzem o mundo às novas oportunidades, novos olhares, novas percepções.
E é pelas mãos dos jovens, inconformados, destemidos e ávidos pela mudança, que nascerá um bravo novo mundo, através da 4ª revolução industrial que está em curso.
E enganam-se aqueles que pensam que a inovação é apenas uma moda ou um nicho de mercado, pois este verdadeiramente é “o mercado” do século 21. Podemos até afirmar que, cada vez mais, produtos e serviços que não estejam alinhados à sustentabilidade, em especial aquelas que não estejam buscando nela a inovação disruptiva, não alcançarão escalabilidade global, pois estarão na contramão da decisão de compra coletiva e ficarão fadados a alguns poucos nichos dispersos, e possivelmente ao esquecimento.
Benyamin Fard, 2016 (benyamin@biovita.com.br)
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