Inovação e Design Thinking: amigos separáveis
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Inovação e Design Thinking: amigos separáveis

by Paulo Guerra

Você sabe a diferença entre inovação e invenção? Se não sabe, talvez seja bom começar a diferenciá-las.

Embora tenham semelhanças, os conceitos são distintos e podem determinar o sucesso ou fracasso daquela ideia espetacular que você tem na cabeça. Funciona assim: tudo que é novo ou feito pela primeira vez é uma invenção. Quando essa coisa nova possui retorno econômico ou social, então estamos encarando uma inovação. Assim, toda inovação é uma invenção, mas nem toda invenção é uma inovação.

Mas porque começar um artigo de design thinking separando inovação e invenção? Porque uma das grandes vantagens dessa metodologia é exatamente essa. Durante o processo de design thinking surgem muitas invenções e a maioria delas vai sendo descartada até que, em determinado momento, restam apenas algumas poucas alternativas. São essas sobreviventes que mais se aproximam do conceito de inovação, ou seja, que têm mais potencial de gerar benefícios sociais ou econômicos.

E qual a grande vantagem do processo de design thinking? Esta metodologia tem a capacidade de objetivar o esforço de criação sem, entretanto, abrir mão da capacidade criativa. Ao manter o foco nas necessidades das pessoas esse processo permite a evolução de ideias embrionárias de maneira rápida e de certa forma segura, pois está sempre alicerçada no binômio diálogo e teste. A lógica é pensar, e testar o mais rápido possível e da forma mais barata possível para se ter uma ideia do impacto da ideia nas pessoas.

Ao aprender a metodologia a gente precisa ficar muito atento para que aquela imagem apresentada no cabeçalho não enraize em nossas mentes. Design Thinking não é necessariamente um processo linear. Ele até pode ser, mas isso é raro. Em regra, apesar do objetivo ser exatamente organizar um pouco o caos criativo que circunda novas ideias, é comum, e muitas vezes desejável, que durante o processo, os indivíduos revisitem fases já encerradas a fim de aprimorar algo que foi considerado insuficiente. Assim, o design thinking provavelmente te tirará da situação 1 para a 2, mas dificilmente te levará à 3.

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Apesar de ser uma metodologia bastante utilizada e poderosa, o design thinking não se confunde com a inovação, e esta não depende daquela. Sempre que vamos implementar algo em nossas organizações precisamos parar e pensar sobre alguns aspectos:

  1. Isso que eu vou fazer está alinhado à cultura da minha organização? Se não, o que preciso fazer para alinhá-los?
  2. O esforço que vou fazer para fazer isso será recompensado pelos benefícios que colherei?
  3. Eu tenho na minha empresa alguém capacitado em fazer isso? Com quem mais posso contar para me ajudar nessa empreitada?

Amo Design Thinking, mas a verdade é que leva tempo, consome recursos e muitas vezes ao invés de ajudar traz repulsa das pessoas da organização. Se duvida, experimente usar design thinking em uma empresa tradicional. Já te adianto que o comentário mais frequente que você receberá é que não têm tempo para brincar no horário de trabalho. Por isso, certamente não é uma metodologia que deve ser usada a qualquer momento e para qualquer finalidade, principalmente em empresas muito hierarquizadas.

O Design Thinking baseia-se nas necessidades humanas, então se você quer adotá-lo comecemos entendendo que as pessoas tem dificuldade com a mudança e, por isso, a adoção de uma metodologia como essa deve ser preparada dando às pessoas tempo para se adaptarem. E não me venha com essa conversa de que inovação é para ontem.

A forma mais simples e eficaz de inovar é simplesmente levantar da cadeira e ir ouvir quem está no chão da organização fazendo as coisas acontecerem. Você não precisa de Design Thinking para isso.

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Ouvir demanda menos tempo, menos recursos e aproxima as pessoas. Se quer inovar comece ouvindo e logo perceberá que sem querer estará preparando sua equipe e contribuindo para adaptar a cultura organizacional à cultura da inovação e consequentemente do Design Thinking.

Na inovação, por mais que queiram nos fazer pensar o contrário, é mais importante estar na direção certa do que sair correndo para adotar essa ou aquela metodologia. Boa parte das informações fundamentais ao processo de inovação está com as pessoas da sua organização. Você pode ter certeza que elas esconderão essas informações se você violar a necessidade de segurança que elas têm. Então tente fazer o processo de mudança o mais suave possível. Comece pouco a pouco a trazer elementos da cultura da inovação para seu ambiente de trabalho e logo a mudança não será mais um problema.

Se sua organização já tem um perfil inovador e você está precisando organizar esse potencial criativo, aí sim, está na hora de usar e abusar do Design Thinking. Mas lembre-se sempre, Design Thinking não faz ninguém ser inovador, o espírito de inovação precisa existir para que o Design Thinking faça sua mágica. Portanto, antes dele desperte aquilo que as escolas esconderam nas pessoas.

Luiz Paulo Oliveira

Analista de Soluções Tecnologia Informação | CEMIG

5 a

excelente amigo!

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