Inovação na saúde traz investimento para healthtechs
Embora todos os setores da economia tenham sido impactados pela pandemia, nenhum deles esteve tão envolvido com a linha de frente do combate ao coronavírus quanto o segmento de saúde. É um mercado que sempre utilizou tecnologia de ponta em sua atuação, mas houve um processo acelerado de inovação neste período.
Neste sentido, estamos falando de ferramentas digitais como prontuários eletrônicos, telemedicina, agendamento digital de consultas e outras facilidades que se tornaram mais frequente no cotidiano de médicos, hospitais, clínicas e consultórios. Podemos citar, também, tecnologias mais avançadas, como inteligência artificial, realidade virtual e internet das coisas, que também passaram a impactar mais o mercado da saúde. Além dos institutos de pesquisa e das grandes empresas do setor, quem vem liderando este movimento são as healthtechs.
“A tecnologia, unida a processos mais leves que seguem a premissa de ‘errar rápido’ para aprender a entregar a melhor solução, faz com que essas empresas inovadoras sejam vistas como uma saída importante em um momento delicado na saúde, no qual a velocidade de tomada de decisão precisa ser alta e o distanciamento social força e abre portas para o uso intensivo de mais tecnologia”, esclarece Tiago Ávila, líder do Distrito Dataminer a Consumidor Moderno. Este setor, somente no começo de 2021, somou mais de US$ 90 milhões de investimentos em negócios com o uso de tecnologias inovadoras no primeiro trimestre, segundo destaca o relatório 'Inside Healthtech Report', levantamento realizado pela Dataminer, braço de inteligência de mercado da empresa de consultoria e inovação aberta Distrito.
O mercado de healthtech (empresas que inovam na aplicação de conhecimentos e habilidades com a ajuda de dispositivos tecnológicos no setor de saúde, medicina e farmácia), vem crescendo rapidamente, e, dentro das categorias de soluções trabalhadas neste segmento, se destacam os negócios voltados à informação (portais e conteúdo educativo), com 17,3% de participação, seguido por marketplace (oferta própria, oferta de terceiros e clinicas populares) e farmacêutica & diagnóstico (e-commerce, pesquisa farmacêutica e exames), com 13,7% e 10,5%, respectivamente, de acordo com os dados do estudo da Distritto Dataminer. Ainda segundo o relatório, as cifras investidas para o setor já correspondem a 85% dos investimentos realizados em 2020, e a projeção é que até o fim de 2021 o setor receba mais de US$ 200 milhões em aportes.
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Setores de inovação em saúde
A adoção de ferramentas, aplicativos e dispositivos, assim como o uso destas tecnologias para a verificação e manutenção do setor de saúde é benéfico para os profissionais da área, em todos os seus segmentos, e para a sociedade. Proporciona segurança aos procedimentos, qualidade no atendimento e uma distribuição geográfica mais abrangente do serviços e produtos em todo o território nacional.
"No atual momento de pandemia, por exemplo, um paciente pode passar por uma consulta a distância, receber sua receita médica por SMS e tê-la em mãos em qualquer lugar que ele estiver. Além disso, o paciente pode ter acesso a orientações e outras informações que o ajudarão no tratamento", relata Ricardo Moraes, CEO e cofundador da startup Memed, plataforma para prescrição digital, em entrevista a Revista Universo Visual.
Dentre as soluções inovadoras em alta neste mercado, podemos destacar a telemedicina (atendimentos e consultas virtuais), que durante este tempo de pandemia teve 51% de participação nos serviços oferecidos pelo setor, segundo a pesquisa “Global Top Health Industry Issues 2021”, da PWC. Houve um salto de 139%, se comparado os anos de 2019 e 2020, no investimento de empresas de telemedicina, atingindo um patamar de US$ 4,3 bilhões, a nível global.
“Empresas que não investem pelo menos 10% em novas tecnologias não sobreviverão, e o mesmo acontece na área médica onde os modelos analógicos irão desaparecer. Startups poderão substituir rapidamente o que uma organização médica tem feito nos últimos 50 ou 100 anos”, alerta Wagner Sanchez, coordenador acadêmico do MBA em Healthtech do Centro Universitário FIAP ao portal Conexão Unimed.
Outras tendências a que muitas PMEs ou startups devem ficar de olho são: inteligência artificial e big data, seja para gestão de negócios ou para desenvolvimento de vacinas e remédios; novos modelos em planos de saúde, segmento ainda carente de inovação e com possibilidades de parcerias com empresas de diversos tamanhos; gestão e plano executivo de projetos, plataformas para gerir prontuários e demais temas ligados a logística de insumos, seja para clínicas, hospitais, laboratórios ou consultórios; medical devices, que seria a utilização de software e hardware para diagnosticar, prevenir e tratar enfermidades, com o apoio de algoritmos; odontotechs, setor pouco explorado de saúde bucal; saúde mental, onde se pode trabalhar prevenção e cuidados com o bem-estar.