Inovação sem governança: será este o caminho rápido para o fracasso das startups?

Governança corporativa é um daqueles termos que, à primeira vista, pode parecer distante e burocrático, especialmente para startups que respiram inovação e agilidade. Mas será que podemos realmente ignorar a governança em um ecossistema onde a inovação é a moeda corrente?

Dentro da minha jornada como Conselheira, resolvi adentrar no universo das startups para entender qual o impacto de uma boa governança corporativa. Trabalho com empresas de diferentes portes há mais de 20 anos, porém conhecer mais sobre esta dinâmica dentro de um ecossistema de inovação me trouxe insights valiosos que compartilho neste artigo.

O ecossistema de startups é vibrante, dinâmico e, acima de tudo, inovador. Startups são conhecidas por sua capacidade de disruptar mercados, criar novos produtos e serviços e, algumas vezes, até mudar o mundo. No entanto, essa mesma agilidade e inovação podem levar a uma falta de estrutura e, em alguns casos, a um desrespeito às práticas de governança.

E por que a governança corporativa é importante para startups?

1. Transparência e Confiança

Em um ambiente onde a confiança é fundamental, a transparência proporcionada pela governança corporativa é essencial. Investidores, clientes e parceiros precisam saber que a startup está sendo gerida de maneira responsável e ética. A falta de transparência pode levar à desconfiança e, eventualmente, ao fracasso.

2. Responsabilidade e Sustentabilidade

Práticas de governança sólidas podem ajudar as startups a operar de maneira sustentável, tanto do ponto de vista socioambiental quanto financeiro. Além disso, quando se tem um propósito genuíno de buscar uma solução para um problema existente que cause impacto positivo no mundo, a sustentabilidade passa a ser estratégica.

3. Tomada de Decisão Estruturada

A inovação é fantástica, mas sem uma estrutura de tomada de decisão, pode levar ao caos. A governança corporativa fornece um framework para a tomada de decisões, garantindo que todas as partes interessadas sejam consideradas e que as decisões sejam tomadas de maneira informada e responsável.

4. Atração de Investimentos

Investidores são atraídos por startups que demonstram práticas de governança sólidas. Isso porque a governança corporativa reduz o risco e aumenta a previsibilidade, tornando a startup uma opção de investimento mais atraente.

5. Gestão de Riscos

A governança ajuda a identificar e gerenciar riscos, permitindo que as startups tomem decisões mais informadas e reduzam incertezas.

6. Gerenciamento de Conflitos

A definição clara de papéis e responsabilidades, bem como a estrutura de governança, ajuda a resolver conflitos entre fundadores e outros agentes envolvidos.

7. Reputação da Empresa:

Uma boa governança contribui para a reputação da empresa, tornando-a mais confiável para stakeholders e parceiros.

No entanto, apesar da importância ser clara, ainda há muito a ser feito...

Apenas 18% das startups possuem iniciativas de governança desenvolvidas segundo a pesquisa Startups & scale-ups: maturidade em governança: uma pesquisa que retrata o panorama do ecossistema brasileiro, 2022.

Além disso, o índice de mortalidade das startups chega a ser assustador. Segundo a FDC, 50% das startups morrem com menos de 4 anos de existência e 75% morrem com menos de 13 anos de existência.

Talvez falte para muitas empresas a compreensão clara dos caminhos a serem seguidos que possam fortalecer sua governança, respeitando seu estágio de maturidade e as particularidades do ecossistema em que está inserida.

Neste sentido, conhecer a ferramenta do Lean Governance Canvas e sua aplicação em diversas startups traz a luz no fim do túnel necessária para mudar este panorama.

É sobre enxergar caminhos e oportunidades adequadas ao momento atual de cada empresa entendendo suas limitações. É sobre transformar problemas em oportunidades. E também é sobre incorporar princípios, valores e propósito que garantam a sua sustentabilidade.

E o que é esta ferramenta?

O Lean Governance Canvas é uma metodologia desenvolvida pela Board Academy Br que visa apoiar o processo de estruturação da governança corporativa de acordo com a fase que a startup se encontra. Aborda 4 principais fases:

1. Ideação: Identificação de dores, motivações e propósito.
2. Validação: validação do produto/serviço, marca, comunicação, pessoas, recursos
3. Tração: Métricas, KPIs, investimento, cadeia de valor, networking e parceiros
4. Escala: Gestão de risco, performance, acordos e saídas.

É comum que founders de startups se sintam sozinhos e com muitas dúvidas frente aos desafios impostos pela evolução de seu negócio. Ter um advisor ou mentor no início pode ser uma excelente alternativa. E na medida em que ser produto e serviço já esteja estruturado dentro de uma fase de validação ou tração, a criação de um Conselho Consultivo pode fazer toda a diferença.

Um Conselho de Alto Impacto opera com as seguintes premissas, transformadas aqui em dicas práticas:

• Abraçar a Incerteza: Não lute contra ela, aceite-a! A incerteza pode ser uma aliada poderosa.
• Humildade é Fundamental: Nosso conhecimento é sempre provisório e incompleto. Esteja aberto a revisões e novas evidências.
• Visão 360°: Considere o ecossistema mais amplo e consulte todos os stakeholders para uma visão completa do problema.
• Dados e Fatos: Sempre opere com base em dados e realize experimentos para testar hipóteses. O famoso "fail fast"!
• Inteligência Coletiva: Acredite na força da inteligência coletiva e diversa. Juntos somos mais fortes!
• Narrativa que Inspira Ação: Use a narrativa para conectar seu público ao problema e gerar ação.

A governança corporativa não é um luxo ou uma burocracia desnecessária; é uma necessidade fundamental para qualquer startup que deseja crescer de maneira sustentável e responsável.

Portanto, se você é um fundador de startup ou está envolvido em um ecossistema de inovação, não subestime o poder da governança corporativa e do potencial transformador na criação de um Conselho Consultivo. Pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso, entre a confiança e a desconfiança, entre a inovação e o caos.

Artigo construído especialmente para o Programa de Formação em Lean Governance Board Academy Br com a facilitação incrível de Rafaela França e Eduardo Gomes, MBA, CCA IBGC .

Além de contar com falas inspiradoras de Daniel Medina , Udo Kurt Gierlich , Fabrini Galo (CCA IBGC) MBA , Sergio Campos , Catarina Pohl , Paulo Grigorovski e Lucas Indio .

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