Integração de Cuidados em Saúde e Segurança Social: Lições da Catalunha – Entrevista com Carles Campuzano

No contexto dos trabalhos de preparação do próximo plenário do Think Tank SNS de Contas Certas, tivemos o privilégio de conversar com Carles Campuzano, deputado do Parlamento da Catalunha e presidente da Comissão de Saúde, sobre os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde e segurança social em sociedades que enfrentam envelhecimento demográfico e limitações de recursos.

O Desafio da Integração

Carles, com uma vasta experiência política e de gestão, destacou que a integração dos sistemas de saúde e segurança social tem sido um tema de debate na Catalunha desde os anos 80. Apesar de avanços pontuais, a pandemia de COVID-19 expôs as fraquezas na coordenação entre os serviços de saúde e sociais, sublinhando a necessidade de abordagens estruturadas e integradas.

Um marco recente foi o desenvolvimento da Agência de Atenção Integrada Social e Sanitária, que pretende unificar esforços entre os departamentos governamentais e criar sinergias entre saúde, segurança social e municípios. Este projeto, que está atualmente no Parlamento catalão para aprovação, visa garantir maior eficiência no uso de recursos e melhorar a experiência dos cidadãos com um sistema mais amigável e coeso.

Lições de uma Realidade Comum

Entre os desafios partilhados entre a Catalunha e Portugal, Carles destacou a necessidade de:

• Mobilizar mais recursos fiscais para políticas de saúde e segurança social.
• Resolver a escassez de profissionais, particularmente médicos e enfermeiros, reconhecendo que a formação leva anos e que as soluções de curto prazo são limitadas.
• Combater a desmotivação e desigualdade salarial, especialmente em setores cruciais como os cuidados de longa duração.
• Utilizar a tecnologia como aliada para melhorar a eficiência e produtividade, sem perder de vista o impacto humano nos cuidados.

Propostas para um Futuro Sustentável

Entre os avanços catalães, Carles partilhou iniciativas como:

1. Atenção Domiciliária Integrada: Experiências-piloto em que centros de saúde e serviços sociais municipais colaboram para atender pessoas idosas.
2. Atenção Primária em Residências: Transferência da responsabilidade pela saúde dos residentes para a atenção primária, assegurando atendimento médico universal e consistente.
3. Sistemas de Informação Interligados: Trabalhos para integrar os sistemas de saúde e sociais, reduzindo redundâncias e melhorando a comunicação.

Reflexão Final

Para Carles, uma das lições aprendidas é a necessidade de lutar por melhores condições salariais para profissionais de cuidados, algo que considera fundamental para garantir a dignidade e a eficácia nos serviços prestados. "Cuidar de pessoas vulneráveis exige reconhecimento, não só em discursos, mas em salários e condições dignas", afirmou.

A Catalunha e Portugal têm muito a aprender um com o outro, dado que enfrentam desafios semelhantes. Como Carles mencionou, "conhecer melhor as experiências mútuas pode gerar soluções mais robustas e alinhadas às necessidades da população".

Leia mais sobre esta iniciativa no site oficial: SNS de Contas Certas.

Esta entrevista reflete o compromisso do Fórum Hospital do Futuro em fomentar diálogos sobre a sustentabilidade e inovação em saúde. Fique atento às próximas edições para mais insights inspiradores!

Assista no LinkedIn

Assista a esta entrevista em direto no próximo dia 17-12 às 18:00: AQUI ou no YouTube aqui:

Próximo Plenário do Think Tank SNS de Contas Certas

Com um governo de minoria, o SNS enfrenta desafios que só podem ser superados através de consenso. A inovação tecnológica, especialmente a saúde digital, oferece respostas essenciais, mas sem um alinhamento efetivo entre as diferentes esferas de governação, essas soluções de elevado potencial terão um impacto limitado.

O IV Plenário do Think Tank SNS de Contas Certas, que se realiza nos dias 3 e 4 de abril na Fundação Calouste Gulbenkian, terá um papel crucial ao reunir especialistas e decisores para discutir o alinhamento entre políticas nacionais e competências locais. A capacidade de gerar consensos em torno de soluções inovadoras será essencial para que o SNS possa enfrentar desafios futuros com resiliência, promovendo equidade e eficiência.

Os municípios desempenham um papel fundamental neste novo quadro, uma vez que, através das Unidades Locais de Saúde (ULS), podem adaptar políticas às realidades locais e integrar cuidados primários, hospitalares e continuados. Contudo, ainda há lacunas na coordenação estratégica entre as ULS e os municípios. Falta um diálogo mais formalizado e estruturas de comunicação mais eficazes para que os municípios possam influenciar decisões de forma ativa, promovendo uma colaboração mais próxima.

Do IV Plenário poderão emergir importantes pontos de ação:

1. Fortalecimento da coordenação interinstitucional, com estratégias para melhorar o diálogo entre ULS e municípios.
2. Descentralização, permitindo maior transferência de competências para os municípios e uma resposta mais ajustada às necessidades locais.
3. Inovação na governança, com a promoção de abordagens que incentivem a participação cidadã e a transparência.
4. Modelos de financiamento sustentáveis, para garantir o uso eficiente dos recursos e a sustentabilidade financeira do SNS.
5. Capacitação local, fortalecendo a capacidade técnica dos municípios para participar na gestão das ULS de forma eficaz.

O futuro da saúde em Portugal depende da capacidade de integrar inovação e consenso político. Este IV Plenário do Think Tank SNS de Contas Certas representa uma oportunidade única para debater estas questões e definir diretrizes que poderão transformar o SNS, adaptando-o às necessidades locais e garantindo a sua sustentabilidade a longo prazo.

Agora, mais do que nunca, precisamos de todos aqueles que acreditam numa saúde sustentável e num SNS de contas certas. Junte-se a nós nesta jornada. O seu contributo é essencial para criar um sistema de saúde mais justo e, acima de tudo, mais eficiente no seu conjunto.

E se o SNS aprendesse com o próprio SNS?

No editorial deste mês do Fórum Hospital do Futuro, refletimos sobre a capacidade do SNS de aprender com as suas próprias boas práticas e "ilhas de produtividade". Será possível transformar essas ilhas em um oceano de eficiência? Exploramos como uma abordagem mais focada na aprendizagem organizacional e na responsabilização pode ser o caminho para a sustentabilidade do sistema.

🔗 Leia o editorial completo e partilhe as suas opiniões: E Se o SNS Aprendesse com o Próprio SNS?

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