“A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) como Estratégia para a Sustentabilidade no Agronegócio Brasileiro"
Leonel da Silva Oliveira*
RESUMO
O presente trabalho desempenha o papel técnico para entendimento do uso do ILPF – Integração, Lavoura, Pecuária, Floresta – na agropecuária brasileira. Baseando em importantes pesquisas científicas analisadas bibliograficamente nos artigos fornecidos pela Embrapa, ABIEC e outros pesquisadores. Abordam-se fatores importantes, como commodities, que tem seu papel importante da geração de emprego e renda para sociedade brasileira, levando em consideração a sustentabilidade ambiental para longo prazo. Analisa-se os tipos de manejos do solo junto com a vegetação adequada para cada espécie animal exigida no âmbito do ILPF, partindo de uma introdução histórica, fundamento de pesquisa, técnicas aplicadas e exemplos expostos. Concluindo que além das diversas técnicas para recuperação de pastagens, o ILPF pode ser uma alternativa interessante até para recuperação de florestas nativas.
Palavras-chave: Lavoura; Pecuária; Floresta; Manejo.
1 INTRODUÇÃO
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) começou a ser adotada de maneira mais estruturada no Brasil no início dos anos 2000, com o objetivo de promover práticas agrícolas sustentáveis que combinassem produção de grãos, criação de animais e cultivo de árvores em um mesmo espaço de terra, de forma rotativa ou simultânea.
Esta implementação vem de encontro com diversas culturas agropecuárias a qual se utilizavam de manejo de solo degradante para longo prazo. O iLPF agrega a importância em unir a lavoura ou pecuária junto ao replantio de floretas ou em meio delas, valorizando o solo e a emissão de baixo carbono em produções agrícolas. Esse sistema tem suas bases em pesquisas anteriores sobre sustentabilidade e uso eficiente do solo, mas ganhou força com o apoio de instituições como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que desenvolveu e disseminou as tecnologias e práticas necessárias para a adoção do ILPF. Em 2010, o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) do governo federal brasileiro passou a incentivar o uso de sistemas integrados como o ILPF, promovendo sua expansão em várias regiões do país (EMBRAPA, 2010).
Como exemplo, pesquisas em propriedades rurais baianas têm avaliado o impacto do ILPF na recuperação de áreas degradadas, melhoria da qualidade do solo, aumento da retenção de água e diversificação de renda. A introdução de árvores, como eucalipto e espécies nativas, junto à produção de grãos e pecuária, tem mostrado resultados promissores para a sustentabilidade econômica e ambiental (EMBRAPA, 2021). Esta introdução deve seguir critérios sistematizados:
Para se caracterizar como um sistema de produção sustentável, é necessário que as atividades sejam realizadas de forma planejada, sistematizada e continuada ao longo do tempo. A adoção desses sistemas de produção é recomendada e estimulada para a recuperação e/ou renovação de pastagens degradadas, manutenção e reconstituição de cobertura florestal, melhoria na conservação do solo e da água e diversificação da renda na propriedade rural (BERNADO at, al, 2022, p. 2).
Diante disto, esta compreensão do ILPF será explicada por uma pesquisa de âmbito qualitativo, de forma bibliográfica, voltada a importância da implantação na agropecuária e consequentemente demonstrar a seu valor para sociedade brasileira, analisando alguns exemplos de culturas produtivas de commodities, como café e a pecuária, suas relevâncias e seus projetos.
2 A AGROPECUÁRIA BRASILEIRA
A história do Brasil está diretamente relacionada a produção agrícola e pecuária, sendo importantes para o desenvolvimento do país. Com impacto no PIB gerando emprego, renda e alimentos para milhões de brasileiros, mas, a cultura produtivista com processos antigos de aproveitamento do solo e de lavoura, tiveram que passar por modificações, levando em consideração a preservação dos biomas e redução da degradação de solo (SILVA & BOTELHO, 2014).
2.1 Café
Como exemplo, podemos citar o Café, que foi durante 150 anos de história do Brasil a principal commodities do país, com início no século XIX até metade do século XX (Veja figura 1). Apesar de o café ter entrado no Brasil pelo norte do país, a região sul foi a que a mais prosperou em sua produção, devido a fatores como solo e clima, chegando aos estados de São Paulo e Minas Gerais (JÚNIOR, 1990). Porem, em meados do início do século XX o preço do café teve uma grande queda e isto impactou a produção, já que tínhamos um aumento expressivo da lavoura naquele momento e uma redução na demanda internacional (CARVALHO,1990).
Figura 1 – Percentual de exportação do café por década.
Apesar dos fatores econômicos, a produção de café no Brasil também teve que se adaptar aos novos manejos de solo, como correção de acidez e fertilização, Plantio direto e conservação do solo, adaptação a novas técnicas de irrigação, sistemas agroflorestais e sombreamento (ILPF), manejo de pragas e doenças de formas sustentáveis e recuperação de áreas degradadas. Essas práticas de manejo são fundamentais para garantir a sustentabilidade da produção de café no Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Com a demanda global por café de alta qualidade e práticas sustentáveis crescendo, a adoção dessas técnicas ajuda os produtores a manter sua competitividade no mercado internacional e a enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela degradação dos recursos naturais (VEIGA et. al., 2010). Seguindo a estas mudanças, a implantação de Lavoura-Pecuário-Floresta na produção do café é definida pelo sistema agroflorestais e sombreamento, em que integram o cultivo do café com árvores de espécies nativas ou comerciais (como açaí ou madeira) e isso proporciona sombreamento às plantas de café, o que é especialmente útil em áreas quentes, além de melhorar a estrutura do solo, aumentar a biodiversidade e promover o sequestro de carbono (MATOS & VEIGA, 2010).
2.2 Pecuária
Temos outro produtor de commodities muito importante para o país, a pecuária, que em 2024, a produção anual de carne bovina no Brasil está projetada para alcançar aproximadamente 9,9 milhões de toneladas. O setor de exportações de carne bovina continua robusto, com o Brasil exportando mais de 2 milhões de toneladas em 2023 e estimativas semelhantes para 2024 (IBGE, 2024). Porem existem preocupações a serem analisadas quanto a modernização da produção pecuária diante dos fatores ambientais, uma é o desmatamento de florestas diante da expansão de pastagens para rabanhos e a outra é as mudanças climáticas causadas pela emissão significativa de gases de efeito estufa (como o metano), o que exige a busca por soluções para mitigar esses impactos.
Apesar da grande importância da pecuária para o país, fatores ambientais são preocupantes, como o grande surgimento de áreas de pastagens degradadas e improprias para a criação de bovinos, justamente por falta de práticas sustentáveis e o não cumprimento de critérios ambientais comprovados cientificamente. Esse problema é uma das principais questões relacionadas à pecuária extensiva, que ocupa grandes extensões de terra com baixa produtividade. Estima-se que cerca de 30 a 50 milhões de hectares de pastagens estejam degradados no Brasil, comprometendo a qualidade do solo e a sustentabilidade da produção, sendo as causas mais prováveis o “superpastejo”, que é o uso excessivo de pastagens sem o descanso adequado, o manejo inadequado do solo, falta de rotação de culturas e técnicas de conservação e o desmatamento para abrir novas áreas de pastagens, frequentemente em biomas sensíveis como a Amazônia e o Cerrado, sem considerar os impactos ambientais (EMBRAPA, 2024).
Na figura 2, temos a demonstração de uma ferramenta para análise de pastagens degradadas pelo país, o projeto MapBiomas. Que utiliza imagens de satélite para mapear áreas com diferentes níveis de degradação em biomas como a Amazônia, Cerrado e Pantanal. Essa ferramenta mostra locais onde a pecuária extensiva e o manejo inadequado resultaram em degradação severa, com solos expostos e baixa capacidade de suporte para a produção agropecuária. Um exemplo são as áreas do Cerrado e da Amazônia, onde pastagens abertas através do desmatamento não foram adequadamente manejadas, levando à desertificação e perda de fertilidade do solo (FERREIRA, 2024)
Figura 2 – MapBiomas, essa ferramenta mostram locais onde a pecuária extensiva e o manejo inadequado resultaram em degradação severa, com solos expostos e baixa capacidade de suporte para a produção agropecuária.
Para citar algumas localidades no Brasil onde há áreas de pastagens degradadas e impróprias para produção pecuária devido à falta de práticas sustentáveis, temos o Mato Grosso que é estado com maior produção de carne bovina do Brasil, mas que também concentra grandes áreas de pastagens degradadas, principalmente em regiões de expansão agropecuária no Cerrado e parte dessa degradação está ligada ao desmatamento sem recuperação adequada do solo. O outro estado é o Pará, onde na Amazônia, o desmatamento para abertura de pastagens é uma questão crítica em que muitas dessas áreas acabam se tornando degradadas devido ao manejo inadequado e à conversão rápida de florestas em áreas de pasto. Na Bahia, em áreas semiáridas, a pecuária extensiva em regiões de solo frágil contribui para a degradação, resultando em pastagens improdutivas, especialmente em períodos de seca. Por último, temos Minas Gerais, que em áreas de pecuária no Vale do Jequitinhonha e norte de Minas Gerais o uso prolongado de pastagens sem a implementação de técnicas de rotação de pastos e adubação adequada tem levado também à degradação dos solos (EMBRAPA, 2024).
Apesar destas notícias serem ruins, a técnica de ILPF tem apresentado resultados satisfatórios na recuperação de pastagens e de florestas nativas na pecuária, pois ela tem sido implantada em diversas regiões do Brasil, principalmente nas áreas de produção agropecuária do Cerrado, Sul, Centro-Oeste e Sudeste, mas já há iniciativas em praticamente todas as regiões do país (CARVALHO et. al., 2015). A qual consiste na combinação de diferentes componentes — lavoura, pecuária e florestas — em uma mesma área de forma planejada e integrada, promovendo a sustentabilidade e aumentando a produtividade. Segundo Balbino et al. (2011):
“...a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) “é uma estratégia de produção sustentável que integra diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área, proporcionando benefícios econômicos, ambientais e sociais. A ILPF permite a diversificação das atividades na propriedade rural, melhora o uso do solo e da água, promove o sequestro de carbono e a preservação da biodiversidade. Além disso, ao associar a pecuária com a lavoura e a floresta, os produtores conseguem equilibrar o uso da terra, reduzindo a pressão sobre áreas naturais e aumentando a eficiência na produção” (p. 35).”
A ILPF é de fundamental importância para a sustentabilidade do solo e por isto a metodologia científica a ser usada na pesquisa é a de âmbito qualitativo e bibliográfico para uma análise precisa dos dados.
3 METODOLOGIA CIENTÍFICA
Para chegar a estas informações foram necessárias leituras pontuais e específicas sobre o tema que é a implantação de Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), com método de análise documental, que é uma técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos. Sendo que o estudo foi feito de um levantamento bibliográfico, em um período de 3 meses, anotando as citações importantes sobre o tema, que é um estudo baseado na consulta de obras e materiais já publicados, como livros, artigos acadêmicos, teses, dissertações e documentos técnicos (LAKATOS & MARCONI, 2023).
A pesquisa de âmbito qualitativo foi importante em três etapas, com a definição do problema pesquisa, a revisão da literatura e interpretação dos dados. Sendo que o problema pesquisa surgiu de um contexto pessoal, diante da experiência profissional adquirida durante anos, em duas empresas de relevância nacional, sendo uma relacionada a produção de carne e a outra responsável pela maior parte de liberação dos créditos rurais (LUDKE & ANDRE,1986). Percebendo a grande importância em geração de renda e emprego para muitos brasileiros, foi se desenvolvendo a pesquisa voltada para o futuro da produção agropecuária e por isto a implantação do ILPF se tornou um fator relevante.
Para se fazer a interpretação dos dados pelo levantamento bibliográfico foram precisos a busca pelas fontes dos dados, como livros, artigos acadêmicos, teses, dissertações, documentos técnicos, legislações e relatórios. Também foram feitas buscas sistemática em que o pesquisador realiza uma revisão da literatura de forma estruturada para coletar informações que fundamentem o estudo ou ajudem a responder à questão de pesquisa. E em seguida uma reflexão crítica a qual não se trata apenas de uma revisão, mas sim de uma análise sucinta do que já foi estudado, destacando lacunas, tendências e debates na área (LAKATOS & MARCONI, 2023). Segundo Marconi e Lakatos (2003):
“a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Seu objetivo é colocar o pesquisador em contato direto com todo o material já escrito sobre o tema de estudo, proporcionando uma compreensão ampla e crítica do estado da arte no campo investigado” (p. 43).
Sendo assim, a pesquisa bibliográfica foi a principal metodologia aplicada neste trabalho de pesquisa, levando em consideração a definição do tema, a busca das fontes de pesquisa, leitura e fichamento, síntese e análise crítica e a elaboração do referencial teórico. Entretanto, a elaboração do tema surgiu da análise crítica, que é fundamental para interpretação do ILPF em lavouras e pecuárias pelo Brasil, compreendendo que os recursos naturais são escassos e finitos para as próximas gerações, na ausência de métodos sustentáveis.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Integração Lavoura-pecuária-floresta consiste em algumas etapas, e uma delas é o planejamento e diagnóstico, pois é importante fazer uma análise detalhada da área. Que consiste em análise do solo, verificando as condições químicas, físicas e biológicas; o clima, estudando as condições climáticas da região, como precipitação e temperatura; a capacidade produtiva, avaliando o potencial da propriedade para suportar os diferentes componentes (lavoura, pecuária, floresta); e a seleção das espécies, que vai definir as espécies de cultivo, as espécies forrageiras para o pasto e as árvores mais adequadas para o clima e solo da região (VILELA at. al.2017).
Depois se segue com a implantação dos componentes de integração simultânea entre a lavoura, pecuária e floresta coexistindo simultaneamente em uma mesma área. Também se faz a integração rotacionada (sucessão de culturas), onde as culturas são alternadas ao longo do tempo, por exemplo, lavoura na safra de verão, seguida pela pecuária no inverno, com um componente florestal sendo implantado de forma permanente ou rotacionado em áreas específicas (CARVALHO et. al. 2015).
Alguns pormenores devem ser levados em consideração, pois, na lavoura os cultivos como soja, milho, sorgo ou outras culturas comerciais são usados, geralmente no início da implantação, para preparar o solo e melhorar a fertilidade para o pasto subsequente. Na pecuária o sistema de pastagem é integrado à lavoura, após a colheita, o solo é utilizado para o pastejo do gado, aproveitando os resíduos da lavoura ou pastagens perenes plantadas em rotação. E na floresta as árvores (como o eucalipto, mogno ou espécies nativas) são plantadas em consórcios ou em faixas ao longo das pastagens, pois elas oferecem sombra, aumentam a biodiversidade, melhoram o microclima e podem ser exploradas comercialmente no futuro (madeira, biomassa, etc.) (MACHADO el. al.).
Outra etapa é o manejo rotacionado do gado, que é fundamental para manter a qualidade do pasto e a saúde do solo. O gado é movido entre diferentes piquetes ou áreas da propriedade, permitindo que as áreas de pastagem descansem e se recuperem, o que aumenta a capacidade de suporte e a sustentabilidade da atividade. Logo em seguida temos o sistema de sombras e microclimas, pois a presença de árvores no sistema ILPF oferece benefícios para o gado, como a redução do estresse térmico, o que melhora a produtividade animal (ganho de peso, produção de leite) e as árvores também ajudam na conservação do solo e na retenção de água. Em seguida são feitas a rotação de culturas e de pastagens para melhoria na fertilidade do solo, quebra os siclos de pragas e doenças e reduz a necessidade de fertilizantes químicos e defensivos (CARVALHO et. al. 2015). Consequentemente começa a se implantar uma sustentabilidade ambiental, como a recuperação de pastagens degradadas, aumento da biodiversidade e o sequestro de carbono, no qual as árvores no sistema contribuem para mitigação das mudanças climáticas.
Apos a implantação é importante e necessário monitorar continuamente o desempenho das pastagens, a saúde do solo, o crescimento das árvores e a produção pecuária, pois o sistema precisa de ajustes contínuos para garantir sua eficácia.
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Na abrangência da pesquisa com âmbito qualitativo é importante garantir que a ética seja respeitada, especialmente em relação à privacidade, se for relevante, e ao anonimato de locais ou pessoas, caso não seja autorizado identificá-los, por isto na figura 3 não identificaremos a propriedade em análise.
Figura 3 - Imagem representativa de um sistema agroflorestal em desenvolvimento com eucaliptos e pecuária.
A imagem na figura 3, é a implantação do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Ela mostra um arranjo de árvores em fileiras com espaço entre elas, onde há pastagem e, ao fundo, gado pastando. A princípio, o espaçamento das árvores e a combinação de pastagem com o componente florestal indicam que o sistema foi bem planejado. No entanto, para avaliar se a ILPF está sendo feita de forma ideal, seria importante observar alguns fatores, como espaçamento entre arvores, condicionamento de pastagens, bem está animal e manejo do solo e das culturas (FERRAZ & SOARES, 2020).
O espaçamento entre as árvores deve permitir luz solar suficiente para que a pastagem se desenvolva de forma adequada e para que o gado tenha espaço para se mover, a pastagem na figura 3 parece bem desenvolvida, o que é um bom sinal, pois o ideal é manter o equilíbrio entre a densidade de árvores e o crescimento saudável da forragem, já que o gado precisa ter acesso adequado à pastagem e sombra fornecida pelas árvores. Sendo assim, além do pastoreio e da floresta, o solo deve ser bem manejado para garantir que não haja degradação com o tempo (ALMEIDA & LEITE, 2015).
Continuando com a análise da figura 3, o uso de eucaliptos em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) são bastantes comuns devido a suas características, como crescimento rápido e alta produtividade de madeira. No entanto, há algumas considerações a se fazer quando se trata de eucaliptos em comparação a espécies nativas. O eucalipto atinge maturidade comercial rapidamente, o que é atrativo economicamente, oferece uma boa produção de madeira, podendo ser usada em diferentes indústrias, como celulose e papel, além da produção de energia e ele conseguem se adaptar a diversas condições climáticas e tipos de solo, facilitando a implementação em várias regiões (FERRAZ & SOARES, 2020).
No entanto, o eucalipto apresenta algumas desvantagens para a implantação de ILPF, já que é uma árvore que consome uma quantidade significativa de água, o que pode afetar a disponibilidade hídrica para o solo e para as plantas ao redor, impactando a pastagem e o bem-estar do gado, especialmente em áreas com déficit hídrico, também, o plantio de eucaliptos pode reduzir a diversidade de espécies de plantas e animais, se comparado ao uso de árvores nativas. Árvores nativas costumam atrair mais fauna local e contribuem para a conservação da biodiversidade. Outra desvantagem é que o eucalipto pode competir com a pastagem por nutrientes e luz, dependendo do espaçamento e do manejo, sendo que o sistema radicular também pode interferir mais intensamente no solo, reduzindo a qualidade para a pecuária se o manejo não for adequado (ALMEIDA & LEITE, 2015).
O indicado para a implantação do ILPF seria árvores de espécies nativas, devido geralmente ter uma interação mais equilibrada com o ambiente, favorecendo a biodiversidade, o ciclo de nutrientes e a preservação dos recursos naturais, sendo mais resistentes a pragas e doenças da região, exigindo menos intervenções e produtos químicos e o uso de espécies nativas pode trazer benefícios em termos de sustentabilidade e imagem, especialmente em projetos voltados à certificação ambiental e recuperação de áreas degradadas (VILELA et. al., 2011).
5 CONCLUSÃO
A agropecuária brasileira é importante para o desenvolvimento do país, porém existem outros fatores envolvidos para que esta produção tenha sucesso e qualidade a longo prazo. Entender os ramos das ciências envolvidas ao longo da história do país são ferramentas importantes no manejo do solo e da qualidade animal que impactam diretamente na alimentação do povo brasileiro. Por isto, diante da pesquisa apresentada, os fatores ambientais devem ser criteriosamente analisadas em conjunto com a produção agrícola, pecuária e a recuperação de florestas para agregar resultados futuros.
Diante das informações apresentadas relacionada ao eucalipto, na pesquisa, temos que entender o foco do sistema ILPF, que se é a produção de madeira com retorno econômico a curto prazo, o eucalipto pode ser a escolha certa. No entanto, se o objetivo inclui a restauração ecológica, conservação da água e diversificação de produtos (como frutas ou produtos florestais não madeireiros), espécies nativas podem ser uma alternativa mais interessante. Outra conclusão é um manejo adequado que leve em consideração a rotação de culturas, o espaçamento correto, e a interação com a pecuária pode mitigar alguns dos impactos negativos.
Então podemos entender que a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia promissora para promover a sustentabilidade ambiental e aumentar a produtividade agrícola e esse sistema oferece uma série de benefícios, incluindo a recuperação do solo, a melhoria do microclima, o aumento da eficiência no uso de recursos e a diversificação das fontes de renda. No entanto, a escolha das espécies arbóreas tem um impacto significativo no equilíbrio entre os componentes agrícola, pecuário e florestal. Assim como na produção de commodities como café e carne bovina, existem outras produções importantes no país em que a integração com a floresta apresentam resultados satisfatórios, mas, deve-se saber que a decisão sobre o tipo de vegetação a ser implantada deve ser baseada nos objetivos de curto ou longo prazo dos produtores. Se o foco for o retorno econômico rápido, o eucalipto pode ser adequado, desde que acompanhado de boas práticas de manejo. Por outro lado, se o objetivo for a sustentabilidade ambiental, o uso de espécies nativas ou a diversificação das árvores florestais no sistema deve ser considerado.
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* Graduado em pedagogia e especialista em Educação pela Universidade estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), também especialista em Gestão de pessoas e de RH pela Faveni, recentemente graduando em Química pela UESB e Agente Comercial do Banco do Brasil S.A.