Inteligência Ampliada : Como a IA está transformando carreiras, gerações e oportunidades

Inteligência Ampliada : Como a IA está transformando carreiras, gerações e oportunidades


Nos últimos anos, muito tem se falado sobre o crescente papel da Inteligência Artificial (IA) em praticamente todos os setores da economia.

No entanto, a despeito da popularização do termo “IA”, pensadores e especialistas como Walter Longo, José Salibi Neto e Sandro Magaldi defendem que deveríamos chamar esse fenômeno de “Inteligência Ampliada”.

Mais do que um mero substituto para tarefas humanas, essa tecnologia potencializa e amplia nossas capacidades.

Como profissional de contabilidade, confesso que, no início, tive receio de que a chamada “Revolução Digital” pudesse tornar obsoleta minha experiência de décadas.

Mas, surpreendentemente, percebi que a IA me colocou “de volta ao jogo” com ferramentas que ampliam meu repertório e minhas habilidades de maneira inédita.

A lógica de “Damas” vs. “Xadrez”: mesmo tabuleiro, regras diferentes

Um paralelo interessante é o fato de damas e xadrez serem jogados no mesmo tabuleiro, mas com regras completamente diferentes.

Enquanto estávamos habituados a uma dinâmica de mercado – digamos, no “modo damas” –, a revolução da Inteligência Ampliada nos faz jogar “xadrez”.

A estratégia e a forma de pensar mudam. Quem dominar as novas regras e movimentos tende a se destacar.

Por exemplo, em contabilidade, o uso de sistemas de aprendizado de máquina (machine learning) tem revolucionado a análise de dados.

De acordo com a Gartner, até 2025, 50% das tarefas manuais em finanças e contabilidade serão automatizadas. Isso não significa “exclusão do contador”, mas, sim, a migração das atividades repetitivas para as máquinas, liberando os profissionais para análises mais estratégicas e consultivas.

Conflito de gerações ou oportunidade de aprendizado?

O mundo corporativo vive uma tensão entre as gerações: mais jovens, nativos digitais, e profissionais mais experientes, muitas vezes chamados de “sêniores” ou “quarentões” (no bom sentido).

Acontece que essa diferença tem potencial para se converter em uma força catalisadora de inovação.

  • Os profissionais com mais de 40 anos trazem um arsenal de vivências e conhecimento setorial que não pode ser simplesmente ignorado.
  • Já as gerações mais novas, que nasceram com smartphones na mão, entendem rapidamente as novas tecnologias e impulsionam a adoção delas dentro das empresas.

O conflito se dissolve quando esses dois perfis trabalham de forma colaborativa, unindo a expertise de quem conhece o “tabuleiro” com a agilidade de quem domina as “novas regras do jogo”.

A “Economia Prateada” e o valor do repertório

O conceito de “Economia Prateada” (ou “Silver Economy”) refere-se às oportunidades de mercado voltadas para o público 50+, mas também abrange a valorização de profissionais experientes.

Além do potencial de consumo, existe uma vasta riqueza de conhecimento que esses profissionais podem oferecer.

Segundo relatório da União Europeia (EU Silver Economy Study, 2018), o segmento 50+ representa um dos principais motores econômicos para as próximas décadas, seja como consumidores ou como força de trabalho qualificada.

E é justamente aqui que a Inteligência Ampliada ganha relevância:

  1. Repositório de conhecimento: A Inteligência Ampliada se nutre de dados e experiências prévias, exatamente o que profissionais com maior repertório podem oferecer.
  2. Contribuição para novas soluções: Ao incluir a experiência e visão de mercado desses profissionais, as soluções de IA (ou IA ampliada) tornam-se mais robustas e sensíveis às nuances do mundo real.
  3. Capacitação continuada: A tecnologia não exclui o fator humano; ao contrário, profissionais experientes podem se atualizar, agregar valor à IA e, em troca, receber insights de como manter suas expertises em sintonia com as demandas do mercado atual.

Inteligência Ampliada: o passo além da mera automação

A diferença entre “Inteligência Artificial” e “Inteligência Ampliada” está na forma como percebemos o papel da tecnologia.

Em vez de substituir profissionais, esse novo conceito acentua a colaboração entre humanos e máquinas.

Pesquisas da Deloitte indicam que empresas que investem em AI para capacitar – ao invés de simplesmente automatizar – seus colaboradores, apresentam um crescimento de produtividade até 30% superior à média da indústria.

Esse é o ponto que me fascina como profissional de contabilidade: posso utilizar algoritmos de análise de dados para identificar fraudes, prever fluxo de caixa e aperfeiçoar processos de auditoria.

Em contrapartida, trago minha vivência e conhecimento normativo para ensinar (e treinar) esses algoritmos a serem cada vez mais precisos e aderentes às exigências legais. Assim, não sou “engolido” pela IA, mas, sim, me torno maior por meio dela.

Humanização e propósito no centro

Muitos se perguntam: mas e o fator humano?

A Inteligência Ampliada não deve reduzir a importância das relações pessoais, da empatia ou do “olho no olho” no mundo dos negócios.

Pelo contrário, ao liberarmos energia e tempo que antes eram consumidos por tarefas repetitivas, podemos focar no que nos torna essencialmente humanos:

  • Criatividade
  • Empatia
  • Visão holística dos problemas
  • Tomada de decisão baseada em valores

No novo xadrez dos negócios, relacionamento e propósito passam a ser peças fundamentais no tabuleiro. Sem eles, mesmo as tecnologias mais avançadas podem cair no vazio.

Conclusão: abrace o futuro com “superpoderes”

Como contador que, por muito tempo, esteve imerso em planilhas e rotinas, descobri que a Inteligência Ampliada oferece superpoderes que antes eu não tinha.

Consigo analisar muito mais dados em um tempo menor, tomar decisões mais acertadas e oferecer serviços que vão além da contabilidade tradicional, como consultoria estratégica e planejamento financeiro customizado.

Nessa era em que damas e xadrez coexistem, cabe a cada um de nós entender que as regras estão mudando.

Em vez de resistirmos, podemos abraçar o futuro, unindo experiência de vida com o poder da tecnologia.

Há espaço para todas as gerações, e quem souber usar o melhor dos mundos (humano + IA) estará muito à frente na corrida por inovação, seja no setor contábil ou em qualquer outra área.

Assim, deixo aqui o convite: vamos transformar o conflito de gerações em convergência de oportunidades, acelerar o desenvolvimento da Economia Prateada e, principalmente, redefinir nossa visão do que chamamos de “Inteligência Artificial”.

Afinal, como defendem Walter Longo, José Salibi Neto e Sandro Magaldi, a verdadeira força dessa revolução está na Inteligência Ampliada.




Rosangela Rocha

Gerente de Controladoria e Fiscal na Brasilprev | Contadora

1 sem

Excelente matéria, parabéns!

Julio Pasqualeto

Diretor da Pasqualeto, Rosa e Prattes - PRP Soluções Contábeis

1 sem

Muito bom👏

Darlan Barbosa

Contador, Presidente do CRCDF, Presidente do Conselho Deliberativo da DF-PREVICOM, Consultor Técnico-Legislativo da CLDF

1 sem

Excelente! Parabéns por mergulhar nessa seara Sérgio!

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