Inteligência artificial: com responsabilidade, mas sem medo

Inteligência artificial: com responsabilidade, mas sem medo

A inteligência artificial (IA) percorreu um longo caminho nos laboratórios para agora, no início da segunda década deste século, deixar os modelos teóricos e chegar ao dia a dia das pessoas. Os avanços que estão sugeridos para os próximos anos não deixam mais dúvidas de que o futuro já chegou nesse campo. Desenha-se um mercado para os computadores baseados em entrelaçamento quântico, ou então com sua capacidade de cálculo potencializada pela nanotecnologia do carbono, com empresas do mundo todo se posicionando para dar o primeiro passo nesse ramo de negócios. Essas novas e sofisticadas máquinas vão permitir um salto espetacular na IA, que é apontada pelos especialistas como um dos pilares da 4ª Revolução Industrial.

Diante de rupturas desse tipo, naturalmente surgem uma série de questionamentos. As implicações do uso disseminado de IA serão sentidas em vários campos, transformando radicalmente o mercado de trabalho na indústria, nos serviços, em logística, agricultura, ensino e saúde. O que se prevê é a possibilidade de obsolescência da maior parte dos padrões profissionais nos próximos anos, com a correspondente abertura de novas possibilidades em áreas que sequer podemos vislumbrar, num incrível dinamismo. Além disso, toda vez que uma nova tecnologia é introduzida nessa escala e com essa velocidade, há uma série de transformação de modelos de funcionamento social, que altera os aspectos comportamentais, a respeito de como nos relacionamos em uma comunidade, com nossos familiares, vizinhos, colegas e assim por diante.

Evidentemente, dada a magnitude das mudanças que virão, há um natural questionamento, e mesmo um temor sobre suas consequências, que escapa das previsões dos grupos de especialistas e chega às pessoas comuns, que não têm uma instrução específica sobre esse assunto. Nesse caso específico, contudo, o imaginário popular já havia sido previamente colonizado pela literatura e pelo cinema de ficção científica. Os excelentes livros de Isaac Azimov, por exemplo, quase todos transformados em filmes pela indústria de Hollywood, são pródigos em criar personagens marcantes baseados na ideia de máquinas inteligentes como seres humanos ou ainda mais. Mas a maior parte dessas obras de ficção mostra futuros sombrios, nos quais a condição humana é posta em crise pela presença dos computadores pensantes.

Esse imaginário se reflete em números, como o de uma pesquisa organizada pelo Instituto Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford. Nela, embora 41% dos entrevistados dissessem que apoiam um pouco ou fortemente o desenvolvimento da IA, havia outros 22% que disseram se opor um pouco ou fortemente a ele. Os 28% restantes disseram não ter sentimentos fortes, de um jeito ou de outro.

Lidar com tecnologias disruptivas com esse potencial de transformação naturalmente traz responsabilidades, que devem ser levadas em conta a cada nova etapa do progresso. No entanto, se ainda está distante a possibilidade de máquinas que possam ocupar o lugar dos humanos como na ficção, se é que um dia elas serão desenvolvidas, a IA que começa trará imensos avanços, resultando em prosperidade, conforto e qualidade de vida numa nova escala. Cabe, portanto, a todos os educadores, comunicólogos, ou simplesmente àqueles que se interessam pelo assunto, desfazer o preconceito, e ajudar a construir um quadro mais realista e muito mais promissor que possa ser assimilado pela população.

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