Inteligência Artificial: a dor e a delícia de ser o que é

Inteligência Artificial: a dor e a delícia de ser o que é

Tecnologia traz um novo olhar sobre os empregos do futuro

Marco Stefanini (*)

A nova economia provoca uma série de transformações quando o assunto é empregabilidade. Profissionais de várias gerações precisam se adaptar ao contexto trazido pela era digital, em um desafio constante que implica a mudança de mindset para acompanhar a dinâmica do mercado e as necessidades de um consumidor mais exigente, questionador e disposto a mudar de marca. Vivemos o mundo da experiência que nos desafia a conhecer melhor o cliente, suas motivações e o que determina sua decisão de compra.

Para realmente compreender o consumidor e engajá-lo, as empresas buscam inovação capaz de interpretar o cliente e fazer uma entrega real de Customer Experience. Neste cenário, os dados valem ouro e – devidamente analisados – podem se transformar no grande diferencial competitivo. É justamente aqui que a Inteligência Artificial se transforma em protagonista para potencializar a experiência do consumidor, produzir insights e transformá-los em novos negócios.

Se a nova economia gera desafios para as empresas se transformarem, por outro lado traz oportunidades de crescimento. Ao priorizar o cliente, as empresas investirão em novas tecnologias, que por sua vez demandarão profissionais qualificados para utilizar as soluções e manusear os dados corretamente, tendo em vista as regras de conformidade. Nunca a Inteligência Artificial esteve tão próxima das equipes de negócios e marketing para revolucionar o Customer Experience.

Para acompanhar a agilidade intrínseca ao mundo digital, as empresas necessitam automatizar processos e investir na busca e formação de profissionais que reúnam habilidades técnicas, emocionais e comportamentais para lidar com as novas tecnologias. Com a previsão de gerar quase US$ 3 trilhões de valor para os negócios e 6,2 bilhões de horas de produtividade em todo o mundo, segundo o Gartner, a Inteligência Artificial é – ou deve estar – na lista de prioridades das corporações. E o potencial de utilização de IA é gigantesco. Se existem pessoas contrárias à sua utilização, sinto muito em dizer que precisam rever seus conceitos, pois a Inteligência Artificial vai mudar a regra do jogo.

O tema tem se tornado tão relevante que norteou discussões do Choose France, evento organizado pelo governo francês com o objetivo de atrair investimentos, e do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Eu mesmo tive a oportunidade de participar do lançamento do relatório The Global Talent Competitiveness Index 2020 (GTCI) do INSEAD, que este ano abordou o talento global na era da Inteligência Artificial.

Os dados do estudo apontam que a IA representa uma oportunidade real para ajudar várias regiões a iniciar um novo ciclo de crescimento e eficiência. A América Latina, por exemplo, tem potencial para se tornar um hub de talentos em Inteligência Artificial e soluções digitais nos próximos anos. O relatório avalia ainda a aplicação da tecnologia globalmente e revela os avanços na região. Para se ter uma ideia do potencial em nosso continente, entre os 100 países mais bem preparados para utilizar a Inteligência Artificial, 15 estão na América Latina, com destaque para México, Uruguai, Chile e Brasil.

No capítulo que assinamos no relatório do INSEAD, destacamos que existem profissionais de nível sênior na América Latina que podem ser retreinados com foco na IA. Para isso é necessário investir em educação contínua, independente das gerações, trazendo uma abordagem mais humana. Na era da digitalização, criar mais, propor e colaborar farão a diferença. E todo esse preparo deve começar no ensino básico, valorizando a pesquisa, o aprendizado de programação e o pensamento analítico.

De forma geral, os latino-americanos são empreendedores natos, característica que pode ser mais explorada para alavancar o interesse pelas profissões ligadas ao conceito de STEM (Science, Technology, Engineering e Mathematics). Com o desenvolvimento de soft skills e de hard skills (habilidades técnicas e práticas), a partir de investimentos do governo e da iniciativa privada, certamente daremos um salto qualitativo na educação, contribuindo para a formação de profissionais mais capacitados para desenvolver e implementar tecnologias disruptivas.

Os empregos do amanhã dependem de mudanças estruturais que façam do desafio e do risco de empreender uma grande oportunidade de aprendizado. A Inteligência Artificial pode ser um dos caminhos para unir a tecnologia ao que existe de melhor nos humanos: a inteligência real, capaz de utilizar a sensibilidade para transformar a experiência de ponta a ponta. A nova economia traz um novo olhar sobre as profissões e a empregabilidade. Que estejamos preparados para esta revolução, pois a IA está entre nós.

Publicado na revista Digitalks #25 

Antonio Morais

Sócio proprietário na Maziero e Morais Advogados Associados

2 a

👏👏👏

Cassiano Casagrande ★

CEO | Estruturação Comercial | Vendas Consultivas | Treinamentos | Social Selling

3 a

Boa Marco!

Karine Silveira

Liberto líderes dos tabus organizacionais 🔓 | Chief People Officer | Mentora | Autora da News Honestidade Radical | Host no People Tech | Conectando pessoas e tecnologia para mudar a vida das pessoas. 🚀

4 a

Muito bom seu artigo, Marco. A tecnologia altera o mercado de trabalho desde seus primeiros passos, trazendo novos desafios e oportunidades. Cabe a nós estarmos preparados para ambos.

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