Inteligência Artificial na Banca: Inovação em Cibersegurança e Hiperpersonalização
A transformação digital do setor financeiro impulsionada pela inteligência artificial (AI) trouxe muitos ganhos, mas também expôs as instituições a novos riscos, que exigem uma resposta robusta das instituições financeiras.
Durante a mesa-redonda “Enhancing the Financial Services Experience with AI” do Portugal Digital Summit 2024, com líderes do setor financeiro, falou-se sobre o papel da AI na defesa contra ciberataques e no avanço da hiperpersonalização da oferta. O painel debruçou-se também sobre a complexidade de equilibrar inovação, regulamentação e segurança. Destacamos as principais reflexões desta partilha.
A Inteligência Artificial como Ferramenta de Combate a Ciberataques
A crescente digitalização trouxe inúmeras oportunidades, mas também aumentou as ameaças cibernéticas. Antonio Ribeiro , Head of Portugal Cybersecurity da DXC, sublinhou a vulnerabilidade crescente no cenário digital:
“Quanto mais digitais vamos sendo, maior vai sendo aquilo a que nós chamamos de superfície de ataque.”
À medida que as empresas criam novos canais digitais, abrem-se mais “portas” para crimes cibernéticos. A democratização da AI tem dois lados da moeda:
“A mesma inteligência artificial que é usada para inovar é também utilizada pelos criminosos para conceber novos métodos de ataque.”
Este duplo uso da AI exige uma vigilância constante. Antonio Ribeiro destacou o papel vital da rapidez no processamento de dados em larga escala para enfrentar as ameaças.
Teresa Sousa , Head of Center of Excellence for Innovation and New Business no BPI, enfatizou o papel da AI na segurança: "Nós estamos a combater AI com AI" e destacou a importância de alertar e educar os clientes acerca da segurança digital, como forma de combater fraudes como o phishing.
Maria Tereza Cavaco , Head of Payments Systems no Banco de Portugal (BdP), acrescentou que a cooperação entre instituições financeiras é fundamental para mitigar ataques cibernéticos. A partilha de ameaças e soluções fortalece todo o sistema: “Às vezes um banco é o ponto de entrada, mas o que se pretende atingir é o sistema todo.” Para o BdP, a AI já é utilizada em processos internos, como a análise de riscos financeiros e a verificação de reportes estatísticos.
Equilíbrio entre Regulamentação e Inovação
Vivemos um desafio de encontrar o equilíbrio entre a criação de normas que garantam segurança e ética, sem sufocar o avanço tecnológico. Enquanto a inovação procura soluções disruptivas e ágeis, a regulamentação tem como objetivo proteger os clientes, evitando riscos associados a novas tecnologias. Se, por um lado, regulamentações rígidas podem inibir o desenvolvimento de novas ideias e produtos, por outro, a falta de regras pode gerar consequências imprevisíveis.
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Teresa Sousa reconheceu que, embora a regulamentação possa trazer “carga burocrática”, é uma necessidade para proteger o cliente e a reputação do banco. A colaboração com reguladores, como o Banco de Portugal, é crucial para garantir a segurança e proteger os dados sensíveis dos clientes.
Para Maria Tereza Cavaco,
“A Europa tem feito um equilíbrio notável entre a inovação e regulamentação. Na maior parte dos casos, o legislador europeu não tem feito uma intervenção antes da inovação acontecer,"
permitindo que a tecnologia floresça antes de serem implementadas regulamentações. São exemplo disso o DORA, a Diretiva Europeia de Serviços de Pagamento (PSD2) e o Regulamento relativo aos mercados de criptoativos (MiCA): são todos regulamentos europeus que já aparecem numa fase em que a aplicação da tecnologia já estava em andamento.
Com o avanço da regulamentação e a integração de AI em todos os níveis operacionais, o futuro do setor financeiro parece promissor, oferecendo tanto proteção quanto inovação em um equilíbrio delicado, mas necessário.
Transformação Digital e Hiperpersonalização
A transformação digital no setor financeiro está a impulsionar a hiperpersonalização dos serviços, permitindo que as instituições ofereçam experiências cada vez mais ajustadas às necessidades individuais dos clientes.
Com o uso de algoritmos avançados e machine learning, os bancos conseguem analisar grandes volumes de dados em tempo real, sobre preferências, comportamentos e interações, permitindo que os bancos possam oferecer produtos e serviços customizados para cada cliente. Isto vai muito além da personalização tradicional, uma vez que a AI identifica padrões e tendências de consumo de forma preditiva, antecipando as necessidades dos clientes e proporcionando recomendações altamente precisas e relevantes. A hiperpersonalização, impulsionada pela AI melhora não só a satisfação do cliente como também otimiza a eficiência e a fidelização do cliente.
Teresa Sousa mencionou o uso de “robo-advisors,” assistentes virtuais que fornecem consultoria financeira personalizada, com base no perfil de risco dos clientes e na sua fase de vida. Estes sistemas não só ajudam a alocar investimentos, mas também ajustam as estratégias ao longo do tempo, à medida que a vida dos clientes evolui (arranque de vida profissional, constituição de família, reforma, etc).
Principais conclusões: