Inteligência Social: como criar conexões melhores e gerar empatia
Neste artigo busco trazer os insights do livro Inteligência Social escrito por Daniel Goleman .
O livro ilustra a Inteligência Social, que é a capacidade de uma pessoa entender o comportamento humano e lidar com as relações interpessoais. Essa habilidade é essencial para a sobrevivência e tem um profundo impacto em nosso bem-estar.
Assim como no livro Inteligência emocional, do mesmo autor, este busca trazer reflexões e ensinamentos de como ser inteligente socialmente usando os nossos atributos cerebrais ao nosso favor.
Comportamento selecionado
Por mais que não vemos em alguns aspectos que a interação social seja importante, precisamos entender a evolução da nossa espécie para entender que isso é intrínseco do ser humano, quer a gente queira ou não.
Fazer parte de um grupo na pré-história era essencial para sobrevivência, com certeza sozinho não era possível sobreviver e isso é um comportamento que ainda persiste até hoje em nossa espécie, mesmo que hoje essa dependência de sobrevivência seja simbólica.
Para entender melhor, é só percebermos a dor que sentimos na rejeição. A dor de não conseguir fazer parte de um grupo ou não conseguir interagir de forma mais intima com alguém desperta uma dor aguda no nosso cérebro no mesmo local onde sentimos dores físicas. Então fazer parte de um grupo ou ter interações sociais é um comportamento selecionado e, portanto, nos traz benefícios e assim, tem um profundo impacto no nosso bem-estar.
Este contexto inicial é importante, porque pode ser que muitos digam que sim: é possível não ter interações. E concordo totalmente que é possível, porém o comportamento humano e nosso cérebro não vão nesta direção, pois consideram que a interação social é sim importante para a sobrevivência.
Contexto Científico
Para entender o contexto cientifico da inteligência social precisamos entender como as emoções são identificadas no nosso cérebro (deixando claro que esta visão é a minha como leitora com o que entendi do livro e não um especialista).
O autor trata a entrada da informação em duas partes: o ATALHO, onde a informação é recebida em uma velocidade impressionante e reagimos imediatamente e a ESTRADA PRINCIPAL, onde ponderamos mais sobre aquilo que estamos recebendo.
Para explicar um pouco como isso funciona o autor traz um experimento feito com o Paciente X que após dois derrames perdeu a conexão do olho com o córtex visual. Sendo assim, o olho capta os sinais, mas o cérebro não consegue decifrá-los.
No experimento o paciente era apresentado a várias imagens de objetos (formas em geral) e não apresentava nenhuma reação, porém a serem apresentadas fotos de pessoas com expressões faciais com emoções características, era percebido uma rápida reação.
Com isso foi possível entender que as informações do olho não vão diretamente para o córtex visual quando estamos falando de emoções. Elas vão do olho, para tálamo e de lá vão para a amigdala, local que capta as emoções e reage ao estimulo.
O que se concluiu é que a amigdala capta a emoção microssegundos antes de a gente distinguir o que está vendo.
Em um cérebro saudável esta antecipação é como uma preparação para a interação que vamos ter. O atalho opera abaixo da nossa consciência. Quando achamos um rosto atraente ou percebemos sarcasmo, é o atalho que está em ação.
Já a estrada principal é uma rota mais pertinente e racional controlada pelo córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pela nossa racionalidade.
Em resumo, o atalho nos permite sentir imediatamente o que a outra pessoa sente; a estrada principal nos faz pensar sobre o que estamos sentindo.
A ideia é que os dois circuitos atuem em harmonia. Nossa vida social é regida pelo intercambio entre os dois módulos.
Como existe conexão entre as pessoas?
A inteligência social vai ser regida pela interação entre os dois módulos (atalho e estrada principal) para que seja eficaz, porém para que exista conexão entre duas ou mais pessoas, são necessários 3 aspectos:
Aqui podemos até abrir uma questão que é relacionada a introspecção. Como o nosso cérebro selecionou o comportamento em grupo, ser introspectivo pode trazer alguns problemas nesse sentido. Não estou criticando a introspecção, só fazendo uma análise comportamental e de evolução.
Em outras palavras, se você for uma pessoa introspectiva, isso dificulta a empatia e a compaixão. Quando nos concentramos em nós mesmos, o nosso muno de contrai e nossos problemas ocupam mais espaço no nosso cérebro e quando voltamos a nossa atenção para o outro o nosso mundo se expande e nossos problemas parecem menores, onde acaba sobrando espaço para a capacidade de conexão.
Recomendados pelo LinkedIn
Criar conexão facilita a empatia
A empatia tem 3 sentidos distintos segundo o autor:
É um sequência: presto atenção a pessoa, sinto o que ela sente e ajo para ajudá-la.
É legal abrir um parênteses aqui, porque as distancias sociais e virtuais da vida moderna criaram uma anomalia na convivência humana. Essa separação dificulta a empatia, pois não temos distinção do verdadeiro estado emocional da pessoa.
Voltando lá para o atalho e estrada principal, normalmente a estrada principal deveria nos manter nos trilhos, conseguindo entender o sentimento e agindo em conforme, porém na internet não temos o feedback completo, expressão facial, tom de voz, etc. E assim muitas vezes fazemos coisas que ferem as outras pessoas sem muito discernimento.
Mas afinal então, o que é Inteligência Emocional?
Ela é uma mistura da utilização do atalho com a estrada principal e tem dois principais atributos:
Consciência Social – que visa tomar consciência do que a outra pessoa sente e entender situações complicadas.
Dentro deste atributo temos 4 tópicos:
Porém sozinha a consciência social não traz a inteligência social, é preciso mais ação, do que só a consciência.
Então entra o segundo atributo:
Aptidão social – junto com a consciência social permite interações tranquilas e eficazes, calculadas para dar certo.
Dentro dela temos os seguintes atributos:
É possível treinar esta Inteligência?
Sim, é possível. Sincronia, apresentação, influência são caraterísticas altamente treináveis e que vão munindo a nossa estrada principal de mais conhecimento de como agir.
E o atalho, é treinável também? Estudos comprovam que sim, porém no nosso contexto não temos feedback adequado. Na maioria das vezes as pessoas não nos dizem se agimos corretamente ou não ou se identificamos corretamente a emoção.
Então entende-se que é possível e com isso vemos a importância do feedback para construção de relações mais duradouras e eficazes.
Será que então temos a capacidade de ler mentes? Quase isso né? Temos atributos suficientes para ler bem os sentimentos e emoções e agir de acordo.
Outras contribuições o livro
O livro traz muitas nuances também mais relacionadas a saúde que acho válido comentar. As interações sociais estão muito associadas a imunidade e também nos ajudam a superar situações de estresse. Que hoje é uma das doenças do século.
Vale muito a leitura do livro. Foquei em trazer aqui a parte relacionada a empatia que é uma skill muito importante para quem trabalha com gestão de produtos.
Este livro faz parte do meu guia de livros para desenvolver soft skills em pessoas de produto. Quem ainda não viu, clique aqui para conferir a indicação deste e mais outros livros para te ajudar no desenvolvimento das suas soft skills.
Product Manager
7 mPerfeito! Me interesso bastante por esse tema.