"Intermediadores de inovação" ou "intermediários de inovação": qual a diferença e o uso mais adequado no Brasil?
Intermediadores de inovação são pessoas que atuam na mediação de diálogos, articulações, acordos e negociações em ecossistemas de inovação.

"Intermediadores de inovação" ou "intermediários de inovação": qual a diferença e o uso mais adequado no Brasil?


O profissional que atua na mediação das relações, negociações, acordos de inovação e transferência de tecnologia em ecossistemas de inovação é reconhecido em vários países como sendo o "innovation intermediary" (intermediário de inovação).

Porém alguns especialistas no Brasil não reconhecem essa terminologia como sendo a mais adequada para este tipo de profissional. Portanto, utiliza-se mais comumente "intermediador de inovação", que em língua inglesa, é o mesmo "innovation intermediary".

Isso acaba gerando uma dúvida por parte de algumas pessoas em relação a qual é o melhor termo a ser utilizado aqui em nosso país.

Nas pesquisas que tenho feito relacionadas ao meu mestrado, nos mais recentes avanços, eu identifiquei que existe uma diferença entre os dois termos no contexto brasileiro. Eu explico.

Na língua portuguesa, as palavras "intermediário" e "intermediador" são usadas muitas vezes no mesmo sentido. Mas em se tratando desse trabalho de articulação de parceiros para a inovação e transferência de tecnologia, eles tem nuances em contextos específicos.

Os intermediários de inovação são as entidades ou indivíduos que atuam como facilitadores ou catalisadores no processo de inovação. Eles podem conectar diferentes partes interessadas, como empresas, instituições de pesquisa e investidores, e ajudar na transferência de conhecimento, tecnologia e recursos. O termo "intermediário" implica uma posição de facilitação ou ponte entre diferentes entidades, sem necessariamente ter um papel ativo ou direto no processo criativo ou de desenvolvimento. Nesse caso pode ser utilizado tanto para instituições, organizações, como para pessoas. Porém é mais correto que seja utilizado para organizações e não para pessoas. Podemos citar como exemplos: os NITs, as ICTs, as agências, os centros de inovação, hubs, incubadoras, aceleradoras, entre outros.

Já os intermediadores de inovação se encaixam como as pessoas profissionais que atuam em um papel mais ativo no processo de inovação no sentido de levar a transferência de conhecimento para o mercado. Isso inclui não apenas conectar as partes interessadas, mas também ativamente mediar negociações, facilitar acordos, resolver conflitos entre os parceiros, mediar relações governamentais, e, ainda, se necessário, atuar diretamente no processo de licenciamento ou atração de investimentos, para o desenvolvimento e implementação de projetos inovadores. Podemos citar como exemplos: consultores de inovação ou consultores de transferência de tecnologia, agentes de mercado, agentes de inovação, corretores, entre outros.

Em resumo os papéis são bem parecidos, mas os intermediários de inovação se encaixam mais como sendo organizações e instituições; e os intermediadores de inovação são as pessoas, os profissionais, que atuam na linha de frente de diálogos, negociações e mediações entre os parceiros.

Ambos terminam atuando no sentido de promover a transferência de tecnologia ou criação de novos negócios, como por exemplo as startups.

É importante notar que, na prática, a distinção entre esses termos pode não ser sempre clara ou consistentemente aplicada. Em muitos contextos, eles são usados de forma sinônima, com o entendimento de que ambos se referem a agentes que desempenham um papel fundamental em facilitar e promover atividades de inovação e transferência de tecnologia em diversos setores.

A diferença dos termos e, muitas vezes, a dificuldade de chegar a denominação adequada, não exime a importância desses atores nos ecossistemas de inovação.

Independente da "confusão" que causa o uso dos termos, a busca pelo reconhecimento destes profissionais ou organizações no intermédio dos diálogos e articulações para a transferência de conhecimento das universidades para o mercado, é fundamental para que tenhamos um reconhecimento claro da sociedade, dos governos, das universidades, das indústrias e empresas, e assim possamos colher mais resultados a partir no âmbito da Inovação nessas relações no Brasil e no mundo.

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