Intermitências dos Seguros

Assim como em Intermitências da Morte de José Saramago, em que a ‘Morte’ decide ausentar-se, os Seguros, diante das imprevisíveis atitudes humanas, decidiram retirar-se sem data de retorno.

 A ARSEG (Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros) anunciou essa inesperada ‘notícia’ em rede nacional, e nem mesmo a presença da ENSA conseguiu influenciar a decisão.

 A ASAN – Associação das Seguradoras de Angola foi pega de surpresa, impotente para intervir. Num ambiente de alerta constante, onde o mínimo sinal de mudança acciona sirenes de alarme, em denúncia.

 Sim, postergar é o caminho.

 Os princípios que regem os seguros foram colocados em causa, quase como se se tratasse de uma epidemia. O auge do desrespeito veio com a petição pela devolução das responsabilidades antes delegadas, reforçando um ciclo de negligência que desafia a cultura de prevenção.

 Os mediadores e bancos, pela proximidade com os seus clientes, tentaram negociar, mas foram ignorados. A falta de inteligência emocional e a ausência de literacia financeira destacaram a fragilidade do sistema, mostrando o quanto o declínio é abrangente.

 Assim, desejamos que esta ‘despedida’ dos sinistros não seja duradoura. Enquanto isso, o ‘Senhor do Sinistro’, Rumpelstiltskin, ri da nossa insistente resistência e da nossa falsa segurança.

 O boicote aos seguros é tão irónico quanto a cruzada do efeito Dunning-Kruger. É utópico e paradoxal almejarmos conforto e tranquilidade sem compromisso com a segurança.

 Apelamos ao ‘Nzambi’ para que, com sua divina sabedoria, sopre o Método Socrático sobre os ‘eruditos’ e os analfabetos funcionais, despertando a consciência e promovendo a sustentabilidade dos seguros como um dever para toda a sociedade, com a minimização do risco e a segurança como propósitos comuns.