Internacionalização vs Guerras internacionais

Nos primeiros anos do século XXI, muitas empresas nacionais chegaram a uma conclusão: se queremos crescer, ou mesmo sobreviver, teremos de internacionalizar os nossos negócios. O mercado interno já não é suficiente.

Nesse processo de internacionalização, fizeram uma pergunta: Para onde vamos? Para Espanha? França? Restante Europa? Brasil? África? Médio Oriente? Ásia? América do Sul? América do Norte?

A partir daqui, muitos optam por começar por uma região ou país para, posteriormente, usar a experiência adquirida nessa primeira plataforma no processo de expansão para as regiões seguintes. Assim, deduz-se que inicialmente apenas será escolhida uma região geográfica. Mas qual?

Dependendo do sector em que a empresa opera, pode fazer sentido a expansão para um país próximo geograficamente, como Espanha, ou para um país de língua comum, como o Brasil. A lógica aqui é de exclusão de partes: a América do Norte e Ásia são muito afastadas e a concorrência é muito forte, entre outros obstáculos iniciais aparentes. Nos países a leste de Espanha pode haver um custo elevado de entrada por inúmeras razões como a diversidade de línguas e questões legais demoradas, a concorrência intensa dada a concentração de muitos países na Europa, etc. O Médio Oriente, embora afastado de Portugal na geografia e na cultura, é apelativo pelo capital existente e pelo potencial de crescimento. A América do Sul pode ficar para uma segunda fase, após cimentação da posição no Brasil. E África? Bem, existem os países de língua Portuguesa, ligações históricas a vários níveis, potencial de crescimento e falta de know-how interno que leva à contratação de empresas estrangeiras. Mas nem tudo é cor-de-rosa. Este post não pretende ser uma análise ao processo de internacionalização, nem aos critérios de escolha das regiões, mas pretende sim focar-se no ponto seguinte.

Há inúmeros países que facilmente são ignorados ou, dito de outra forma, dificilmente são escolhidos como candidatos a alvo de negócios. São os países em guerra. Ou os países onde o nível de conflito é suficientemente elevado para afastar empresas, turistas e até os próprios colaboradores das empresas que poderiam receber a tarefa de viajar para lá.

As empresas no geral, teriam todo o interesse em que os diversos conflitos militares e políticos terminassem. Deixariam de existir países indesejados para a internacionalização. E a economia internacional (e a de Portugal) poderia crescer ainda mais. Enquanto umas poucas empresas fazem negócio com a (continuidade da) guerra, através de equipamentos militares e bens intrínsecos, a maioria das empresas é privada de aceder a determinados mercados...porque eles nem sequer têm condições para surgir como mercados.

É, por isso, do interesse das empresas nacionais e internacionais, e da maioria dos sectores económicos, que as várias guerras terminem. E deveriam pressionar governos e instituições para investirem as suas energias para lidar com os vários conflitos. Nem que seja para puderem ter mais receitas, se quiserem excluir os benefícios humanos e de evolução colectiva.

A Segunda Guerra Mundial terminou oficialmente em 1945, mas 71 anos depois continuamos a observar diariamente guerras e tensões politico-militares em vários pontos do mundo (algumas sem guerra, mas eventualmente em clima de guerra). E nem contamos com as guerras já terminadas nestes 71 anos. Actualmente, temos conflitos (leves ou intensos) na Síria, Israel/Palestina, Coreias/Japão/EUA, EUA/Cuba, Venezuela/EUA, EUA/Rússia, Iraque, Afeganistão, Sudão, Ucrânia/Rússia, Somália, República Centro-Africana, Líbia, Iémen, etc. Para se chamar Guerra Mundial é necessário que muitos dos países guerreiem uns contra os outros, como em 1914 ou 1939? E as guerras só são relevantes quando atingem directamente os países Aliados?

Tal como os Portugueses têm emigrado com vista a uma vida melhor, também aqueles a quem chamam "refugiados" saem dos seus países. Quem pensa que uma guerra lá longe não nos afecta, poderá ver facilmente e finalmente agora que isso não é bem assim. Mais cedo ou mais tarde, o mal dos outros também nos afecta. Às pessoas e às empresas.

O futuro das empresas passa pela existência de clientes. Se os clientes não puderem pagar pelos bens e serviços oferecidos pelas empresas devido à afectação drástica da sua qualidade de vida, as empresas deixarão de ter futuro. Quanto mais as guerras se internacionalizarem, menos as empresas poderão fazê-lo...





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