A internet, a cidade e a exclusão
Olá! Estamos chegando com mais uma edição da Lellolab News, nosso espaço de reflexão e debate sobre a vida em comum. Esta edição inaugura um bloco temático em que vamos debater a cidade digital. Manteremos, como sempre, nosso otimismo realista, que tem sido nosso jeito de olhar para as cidades desde o começo da newsletter.
Em 2010, a BBC noticiou que a Finlândia havia declarado o acesso à internet de banda larga um direito de todos os cidadãos do país. Na época, estimava-se que 96% dos finlandeses já dispusessem de acesso à internet. Foi assim que o então ministro das comunicações da Finlândia explicou a medida à BBC: “Nós consideramos o papel que a internet tem no cotidiano dos finlandeses. A internet não é mais restrita ao entretenimento”. Isso faz 14 anos. O reconhecimento do acesso à internet como direito é um conceito que tem se generalizado entre nações e entre organismos internacionais como a ONU.
No Brasil, tramita há três anos a PEC 47/2021, já aprovada no Senado Federal e pronta para votação na Câmara, que insere o direito ao acesso à internet no artigo quinto da Constituição Federal. A justificativa da PEC resume bem sua necessidade e cabe nesta nossa discussão:
“Em um mundo cada vez mais conectado, o exercício da cidadania e a concretização de direitos sociais como educação, saúde e trabalho dependem da inclusão digital”.
Vamos dar uma olhada em três gráficos que nos ajudam a entender um pouco o contexto atual no Brasil.
Principais motivos pelos quais brasileiros da área urbana nunca acessaram a internet (em %)
Fonte: TIC Domicílios 2023, CGI.br
No estado de São Paulo, nem metade dos domicílios contam com computador com acesso à internet:
Domicílios de SP com acesso a computador e internet, em %
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Na cidade de São Paulo, a distribuição de antenas para acesso móvel está concentrada em regiões mais ricas da cidade:
Distribuição de antenas de internet móvel a cada dez mil habitantes
Moral da história: Nesse momento em que avançam os debates e as práticas das chamadas smart cities, o acesso à internet e o letramento digital são condições para a cidadania plena. Deixar parte da população para trás enquanto o acesso a serviços de saúde, transporte, educação e tantos outros se digitalizam em rápida velocidade é, mais uma vez, infelizmente, aprofundar as nossas desigualdades.
Voltaremos a esse tema na próxima edição, daqui a duas semanas. Até lá!
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Esta edição é uma produção O Expresso + Lellolab
Edição: Camila Conti e Gustavo Panacioni
Texto e pesquisa: Estelita Hass Carazzai e João Guilherme Frey