Investidor: Conheça-se a si próprio...

Investidor: Conheça-se a si próprio...

Conhecer-se… - O que significa? Já Aristóteles dizia que “o processo de auto-conhecimento é o princípio de toda a sabedoria”. No momento de investir, conhecer-se significa compreender a sua situação patrimonial actual, os seus objectivos e a sua tolerância ao risco. Todo este processo de auto-conhecimento ajudá-lo-á a planear da melhor maneira o seu futuro. Para muitas pessoas, estimar a sua tolerância ao risco é o aspecto mais difícil do processo de investimento. O investidor precisa de se auto-conhecer, e por isto quero dizer, conhecer-se enquanto investidor. Também necessita de conhecer os vários tipos de investimentos e mercados, uma vez que a relação risco/retorno dos investimentos provoca diferentes reacções.

Se não nos conhecemos como investidores, nunca estaremos preparados para as variáveis do mercado. Que fazer em caso de queda abrupta mercado? Tomar alguma medida? Se nunca se lhe colocaram estas perguntas acabará por no final ter realizado vários investimentos inoportunos.

Os investidores podem aprender muito com a famosa máxima grega inscrita no Templo de Apolo em Delfos: "Conhece-te a ti mesmo". No contexto de investimento estas sábias palavras enfatizam que, o sucesso depende de garantir que a sua estratégia de investimento se adapta às suas características pessoais.

Como investidores, muitas das vossas escolhas devem ser pensadas de maneira clara e sistemática. Decisões arbitrárias ou caprichosas podem custar-vos muito dinheiro. Antes de tomarem qualquer decisão de investimento, devem avaliar as opções disponíveis. Cada investidor tem as suas necessidades e objectivos, pelo que o processo de investimento é único e exclusivo.

Embora “conhecer-mo-nos a nós mesmos” possa parecer um conceito simples, pensar e até mesmo escrever sobre as nossas preferências pessoais, metas e prazos individuais pode facilitar as nossas decisões e ajudar-nos a alcançar os nossos objectivos finais. Além disso, o ato de escrever estas respostas pessoais pode-nos ajudar a recordar e a manter firmes as nossas metas no longo prazo.    

De um modo geral, os investidores têm alguns factores a considerar quando se olha para o lugar certo para colocar o capital para investir - Segurança do Intermediário, Rendimento Potencial e Valorização do Capital são alguns factores que devem influenciar uma decisão de investimento e que vão depender da idade, estágio/posição de uma pessoa na vida e circunstâncias pessoais.          

Não é segredo nenhum, que muitos dos nossos hábitos de poupança e investimento são influenciados pela nossa idade e pela idade com a qual nós gostaríamos de nos aposentar. Uma pessoa na casa dos vinte anos pode ter mais dificuldade em poupar dinheiro do que uma pessoa com cinquenta anos, devido ao início de carreira, ao pagamento dos empréstimos entre outros factores.          

Também a experiência pode significar uma maior tolerância a investimentos de maior risco. Antes de definir metas ou determinar a sua preferência de risco, é prudente avaliar a sua experiência e confiança em investimentos. Compare os possíveis riscos com as possíveis recompensas.

A sua situação financeira e estilo de investimento também poderão determinar os seus objectivos. Qual é o seu estilo de investimento? Gosta de carros velozes, desportos radicais, da adrenalina do risco? Ou prefere ler aproveitando a calma, estabilidade e segurança do seu lar?

Peter Lynch* um dos maiores investidores de todos os tempos, disse que o "órgão chave para investir é o estômago, não o cérebro". Por outras palavras, você precisa de saber quanta volatilidade você pretende para os seus investimentos. De acordo com a revista Psychology Today, outro factor que também influencia o nosso perfil de investimento é o nosso grau de extroversão. As pessoas extrovertidas são, do ponto de vista psicológico, mais propensas a correr riscos do que as pessoas introvertidas. Uma das teorias afirma que as pessoas extrovertidas estão simplesmente mais confortáveis com tudo o que as rodeia. A ideia de fracasso parece assustá-las menos, e estas pessoas são mais propensas a admitir quando cometem erros. No mundo do investimento, estas duas características são enormes barreiras mentais. Muitas vezes, o risco assusta os investidores, porque as pessoas, naturalmente, não gostam de falhar e não gostam de admitir quando tomaram uma decisão errada. Conhecer o seu nível de extroversão (alto, moderado ou baixo) pode ajudá-lo a decidir qual o nível de risco que você está disposto a assumir.

A organização é outra grande componente mental do investimento. Em psicologia, esta característica é muitas vezes chamada de “conscienciosidade”. Em termos de investimento, a conscienciosidade pode referir-se a várias coisas, desde a frequência com que o investidor verifica sua carteira de investimentos até à preocupação que os seus investimentos existentes suscitam em si. Normalmente, os investidores com elevada conscienciosidade reestruturam as suas carteiras com mais frequência e preocupam-se mais com os seus investimentos atuais. Se normalmente lamenta as “más escolhas” por muito tempo, os investimentos extremamente arriscados ou de curto prazo podem não ser os melhores para o seu tipo de personalidade. Se você consegue facilmente seguir em frente sem duvidar de si mesmo, talvez possa pensar em investimentos mais arriscados. Conhecer-se a si mesmo no que concerne às suas emoções e à sua maneira de tomar decisões pode ajudá-lo a escolher investimentos que sejam mais adaptados a si.

Como já provavelmente reparou até agora, as emoções e predisposições de cada um de nós tendem a trabalhar contra nós no mundo dos investimentos. Muitas vezes, para ter sucesso neste meio precisamos de desenvolver a capacidade de fazer exactamente o oposto do que as nossas emoções nos dizem. Para fazer isso de forma eficaz, é necessário trazer à tona as verdadeiras razões pelas quais estamos a investir em primeiro lugar.

Podemos caracterizar os investidores em 2 tipos: O Investidor Egocêntrico e o Investidor Focado nos Resultados. O investidor egocêntrico vê o investimento como algo emocionante. Na maior parte das vezes fá-lo de forma a procurar o reconhecimento dos outros. Contudo também pode vê-lo como entretenimento. Ele está constantemente a falar sobre este ou aquele grande negócio que fez, imaginando o que os outros vão pensar da sua valentia e imensa sabedoria. Ele fica sempre preso aos investimentos perdedores enquanto que os positivos vende-os imediatamente. A verdadeira tragédia neste tipo de investidor é que culpa sempre os outros por todos os seus investimentos falhados. O investidor focado nos resultados raramente fala com outras pessoas sobre os seus investimentos. Ele está muito focado em melhorar os seus resultados e segue o seu plano de compra e venda ao risco mesmo que isso implique vender com lucro ou com prejuízo.

Uma grande diferença entre os dois perfis é o que eles fazem relativamente às perdas. Enquanto o investidor egocêntrico culpa os outros e nada aprende, o focado nos resultados analisa em grande detalhe como ocorreu a sua perda e, eventualmente, descobre as falácias do seu pensamento e/ou do sistema de investimento por forma a melhorar a sua próxima decisão.

Concluindo, uma boa estratégia pode ser a de entregar a um consultor financeiro a concepção e execução de uma carteira de investimento para si. Um bom consultor financeiro pode acalmá-lo quando verificamos fortes oscilações tanto ascendentes como descendentes de mercado. Ele ou ela também o podem ajudar a impor regras para se certificar de que o investidor está a seguir os movimentos correctos de mercado. Um bom Research de Mercado  também o poderá ajudar nas decisões de investimento (ex: Value Line – The Most Trusted Name in Investment Research: www.valueline.com; Macroeconomic Insights – Goldman Sachs. www.goldmansachs.com; Market Watch Research Tools: www.marketwatch.com, entre outros…).

Espero que esta breve análise o tenha ajudado a descobrir um pouco mais de si próprio e o auxilie a tomar as melhores decisões de investimento. Bons Negócios…

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