João e Maria, a Bruxa e a empresa feita de doces - Uma fábula corporativa

João e Maria, a Bruxa e a empresa feita de doces - Uma fábula corporativa

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Era uma vez (várias vezes), João e Maria. Ao tentarem fugir da estatística do desemprego, acabaram perdidos na floresta (mercado de trabalho), famintos e cansados (de procurar emprego). Abandonados, sem lenço e sem documento - quase desalentados. E olha que o sol de quase dezembro estava longe. Por conta disso, dormiram por um tempo (de desempregado). Quando acordaram, ainda sim não conseguiam a recolocação. Como a falta de alguma normalmente leva à carência, avistaram uma casinha. Se você está faminto e avista comida, então...é aqui que a história começa. Trocaremos o início do texto "era uma vez" por "mais uma vez". Vire a página.

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"De repente, viram uma casinha muito mimosa, bem diferente, no meio da vasta floresta (mercado de trabalho). Aproximaram-se, curiosos, e viram, encantados, que o telhado era feito de chocolate, as paredes de bolo e as janelas de jujuba."

— Viva!— gritou João. Mais uma vez, era uma vez. João pensou que poderia ser dessa vez:

João e Maria se aproximaram da casa (entrevista de emprego). Como estavam famintos (desempregados) e normalmente nesse caso muitas vezes qualquer coisa serve, a casinha muito mimosa (empresa super-descolada) seria a cereja do bolo! - enfim, conseguiram a recolocação. Uma senhora muito simpática (a gestora), convidou ambos para entrar (contratados). Pronto, aí está a descrição da empresa dos sonhos: o telhado feito de chocolate é a brincadeira de escorrega no meio do expediente, o balanço e o videogame à disposição para relaxar, com direito geladeira cheia de cerveja e refrigerante, maquininha de cafés (Starbucks in Company) & similares - até massagista está rolando! As paredes de bolo eram os papéis de parede coloridos, com palavras motivadoras, universo colorido, como o Balão Mágico - o mundo bem mais divertido. As janelas de Jujuba eram assinadas pelo melhor designer de interiores. Que onda! A senhora simpática deixou-os tão à vontade que se esbaldaram com as novidades. Em um contexto moderno, comeram tanto e até tiraram fotos dos kits de boas vindas. Comeram (trabalharam bastante) até dormirem (entrarem no automático) - novamente.

Quando João e Maria acordaram (saíram do automático) - mais uma vez - se assustaram. João estava em uma gaiola (trabalhando todos os finais de semana) e Maria estava acorrentada (trabalhando mais de 12 horas por dia). Ao olharem a senhora simpática (gestora), perceberam que era uma bruxa malvada. A casa de doces (empresa dos sonhos) era como entrar no carro DeLorean DMC-12 (De Volta para o Futuro) e voltar à Primeira Revolução Industrial, mas com jogos de pebolim e muitos games para distrair. Que sinuca - de bico. Nem o melhor dos jogadores é capaz de aguentar por tanto tempo. A gestora disse que comeria João (no bom sentido?) e que Maria seria sua escrava.

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Todos os dias a Bruxa enchia João de comida (de trabalho). Estava faminta! Todos os dias a bruxa verificava se João estava gordinho, pronto para o abate. João, muito esperto, dava um ossinho de galinha para a gestora (Bruxa), que não enxergava bem e adiava sua refeição. Até que um dia Maria viu a bruxa preparando o caldeirão (normalmente somos "cozinhados" - até em banho Maria - antes de sermos demitidos). Bom, na história original, João e Maria foram espertos e conseguiram se salvar. Maria jogou a bruxa no forno e conseguiu ser feliz, levando nos seus bolsos tudo o que tinha direito (até rescisão e fgts rolou!). Foram embora, devem ter vivido felizes para sempre. Não sei. A história diz, maaas...vire a página.

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Essa pode ser a realidade de muitos profissionais. Nem sempre você vai ser esperto como João e Maria foram. Vão virar comida da Bruxa. Nem sempre a bruxa é a vilã da história. Na fábula original, os vilões poderiam ter sido os pais, que abandonaram os filhos. Nesse caso, podemos trazer os pais como os empregadores anteriores, que podem não ter dado o suporte necessário para João e Maria evoluírem na carreira, assim como os protagonistas podem ser culpados também, por qualquer outro motivo. A floresta seria o mercado de trabalho, mas também pode ser vista como a insegurança de muitos. O final da história atualmente é trágico para alguns e vai além do desemprego: é conhecido como desalento. Muitas pessoas, para entrarem em algumas empresas, pagam um alto preço: a liberdade. Deixam de viver a sua vida para respirar a empresa. Vestem tanto a camisa da empresa e esquecem de também ter a sua por baixo. Muitas vezes também a empresa não é culpada. O profissional, ambicioso demais, acha que pode comer todo o doce disponível (trabalhando mais do que o necessário) de forma descontrolada, criando um comportamento que naturalmente já é prejudicial, podendo ter pioras no quadro caso a gestora (bruxa), seja realmente uma bruxa, uma aproveitadora. Aí é que o profissional vira comida mesmo: quanto mais gordinho, mais suculento, mais saboroso. Em outros casos, o vilão da história pode novamente o próprio profissional, que engana a gestora - que nesse caso não é a bruxa, levando toda a sua riqueza - e sua essência. O que eu tenho a dizer é que você deve analisar cada fato de todos os ângulos possíveis e impossíveis, já que qualquer história pode ter diversas interpretações, inúmeras reviravoltas e muitas vezes levamos apenas para o nosso lado, deixando de ver o lado de todas as partes envolvidas. Então, aí você descobre que tem um talento inato para julgar. Para alguns, um final feliz, para outros, nem tanto. Uma das grandes conclusões que tiro dessa história é que o ser humano sempre é herói ou vítima. Nunca é vilão.

Rachel Pereira

Gerente de Projetos | Project Manager | Processos | Operações | Customer Experience | Customer Success

5 a

Adorei!!! Me identifiquei bastante na história!

Israel Carvalho

Sales Representative | Marketing | Propagandista | Vendas |

5 a
Priscila Meneghel

Gerente @ ITS Group | People Management, Organizational Development | Gestão da Mudança | HCMBOK® | HCMP® | BP | Coach | T&D

5 a

🎯Perfeito!! Excelente reflexão Eduardo Félix. E quando João e Maria começam a olhar para o quintal do vizinho, achando que lá os doces serão mais saborosos... 🎯 Compartilhei.

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