Jogando como PJ - IV
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Jogando como PJ - IV

Dicas e reflexões de alguém que não sai de campo desde 2011


No primeiro artigo eu não imaginava como o assunto poderia se estender, e levar a reflexões sobre como as circunstâncias se encaixaram neste meu período como PJ para garantir alocação 100% do tempo. Percebi que terei que voltar um pouco mais no passado para explicar a formação deste perfil.

Vou pontuar algumas experiências e trends de TI do passado para colocar as gerações mais novas na mesma página. Eu iniciei carreira no final dos anos 90, quando existia um mundo que chamava TI de "Área de Sistemas", não havia clara distinção entre desenvolvimento e operação, os ERPs ainda estavam ganhando mercado (pois poucas empresas tinham cacife para bancar o licenciamento e o projeto de implementação), e a Internet começando a prover aplicações além de páginas de conteúdo. E somente empresas tinham caríssimo acesso banda larga!

Naquela época, o profissional de sistemas fazia de tudo um pouco: além de manter o sistema em funcionamento, buscava melhorias e inovações, e na maioria das vezes se fazia este trabalho com a "prata da casa". Quando o conhecimento inovador requeria uma experiência que não havia na empresa e a curva de aprendizado seria longa para alcançar os objetivos, se recorria às consultorias ou se contratava CLT "prontos". Lembrando que não existia e-Learning nem e-Docs com a mesma facilidade de hoje em dia. O resultado de um projeto se baseava no tripé custo-prazo-qualidade e os controles eram intuitivos.

Na virada do século, depois de sobrevivermos ao bug do milênio em 2000, a tendência se voltou à terceirização de serviços, movimento em que as TInc entregaram atividades de apoio a empresas terceirizadoras. Foi quando ocorreu o boom de call centers, e os outsourcings de TI. Em paralelo, para organizar as relações entre as partes, TI passou a seguir a enciclopédia ITIL, enquanto as empresas seguiam as ISO (14001, 9001), Lean Thinking, 6Sigma e formação de green e black belts. A Exxon fez nascer a SOX e governança, o Al Qaeda reformulou os conceitos de datacenters para atendimento a disaster recovery.

Por volta de 2006, estabilizadas as grandes mudanças, TI que já se chamava TI estava evoluindo o ferramental e conceitual para acompanhar o ritmo acelerado das inovações tecnológicas. Começavam a surgir dentro da área times específicos de arquitetura (o antigo "Suporte ao Desenvolvimento"), PMOs e governança se fortaleciam. Foi nesta época que comecei a mudar de papéis e empresas, segui pela carreira em Y, as decisões de vida me levaram a 2011 quando troquei CLT por PJ.

Este era o contexto onde formei meu perfil profissional, pano de fundo para descrevê-lo mais abaixo. Podia ser padrão representar desta forma no nosso perfil de rede social, creio que ajudaria a responder perguntas antes da entrevista:

  • CLT na empresa TInc1, operação, projetos, arquitetura, ponto focal técnico no outsourcing para TIc1, então decidida carreira em Y. Isso é o customer immersion que citei: dar "sangue, suor e lágrimas" em troca do salário.
  • CLT na empresa TIc1 com encaminhamento "top-down", mas essencialmente interno na empresa TInc1. Atendimento a ongoing (plantão) e projetos.
  • PJ via empresa TIc2, foco em ajudar tanto TInc1 quanto TIc2. Atendimento a projetos. O "pulo do gato".
  • PJ direto para empresa TInc1. Atendimento a projetos e ongoing (coordenação).
  • PJ direto para empresa TInc2. Atendimento a projetos, arquitetura e ongoing (técnico).
  • PJ via empresa TIc3, foco em ajudar tanto TInc3 quanto TIc3. Atendimento a ongoing.
  • PJ via empresa TIc4, atendendo vários clientes TIncx para a empresa TIc5. Atendimento a projetos e ongoing (cobertura de férias e reposição).

Quando digo que as circunstâncias me favoreceram, o networking me ajudou na parceria com TIc2 e TIc3, e me recomendou para TIc5. E foi com esta participação para a TIc5 que completei meu perfil, vivenciando mais a fundo o lado da prestadora de serviços.


Last but not least, finalmente apresento o "segredo" do perfil "100% do tempo alocado":

  • Senso de utilidade depende de conhecer as necessidades do seu cliente final, os TInc. Customer immersion se aprende vivenciando, não tem como absorver somente por empatia.
  • Não ser inflexível e recusar atividades que não são interesse de seu momento de vida, se isso não te desvalorizar. Faço uma analogia com o médico que é clínico geral, mas também oncologista: que mal tem atender um cliente para fazer checkup rotineiro, se ele paga a consulta como oncologista?
  • Quando forem intermediárias das TInc, buscar parcerias com as TIc, não somente a relação comercial. Ajude a te ajudarem a encontrar alocação.
  • Parceria somente é possível se existir o networking ANTES da negociação. Não force relacionamentos por interesse, mas por afinidades (ideias, ideais, atitudes, caráter similares aos seus).
  • Para fazer o atendimento direto da TInc, você não pode ser PJ (autônomo) somente, é preciso atuar como TIc ("all-in-one").


Enquanto escrevia já apareceu mais assunto... acho que teremos a parte V em breve...

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