Juiz Moro no Roda Viva. O que aprendemos para os nossos negócios?
Não existe um Herói. O que realmente irá salvar seu negócio, sua meta mensal, sua equipe ou o Brasil é o apoio incondicional às novas ideias. Em entrevista ao Roda Viva, Moro nos deixou claro porquê o "seu Luiz" ainda não foi preso conforme a vontade de mais de 80% da população brasileira. Ele nos explicou o princípio da Presunção de Inocência, que resumidamente diz:
“1 - Para condenar alguém, você precisa ter uma prova categórica, uma prova clara como a luz do dia, acima de qualquer dúvida razoável. 2 - A prisão deve seguir um julgamento e não preceder a um. Isso é um princípio universal, pelo menos nos países mais modernos e liberais”.
Logo, o Juiz Moro deixa claro que não existe salvador da pátria para o Brasil e que o julgamento seguirá até encontrarmos essa prova “clara como a luz do dia” e isso requer tempo. Trazendo para nossa realidade de negócios podemos tirar proveito que para um projeto ou uma venda ser promissora você também precisará de tempo e de boas escolhas. Mas antes de tudo isso, é preciso vontade, esforços e compreensão que nem sempre, são gratuitos e fáceis de serem absorvidos pelas células que envolvem a organização ou no caso do Moro, do Supremo Tribunal Federal.
Quando nos maravilhamos com os indivíduos originais que alimentam a criatividade e conduzem transformações no mundo, costumamos achar que eles são feitos de matéria diferente da nossa, que trouxeram seus poderes de berço com uma imunidade biológica ao risco, que flertam com às incertezas, programados a serem rebeldes, independentes e impermeáveis ao medo, à rejeição ou a insegurança. Ontem vimos que Moro é como você e eu, esforçado, estudioso e que alimenta uma vontade incrível de fazer coisas fora da curva, mas que está amarrado nas leis como qualquer mero mortal.
A palavra entrepeneur (empreendedor) significa literalmente “aquele que assume riscos”. Porém se estudarmos afundo, a maioria dos “imortais” não tinham nada de superpoderes e eram apenas mais um juiz Moro da época, acompanhe comigo:
A declaração de independência dos Estados Unidos quase não ocorreu devido a relutância de seus principais revolucionários. Os homens que assumiram as posições de liderança na Revolução Americana eram o time mais improvável que se possa imaginar, escreve o historiador “Jack Rakove”, vencedor do prêmio Pulitzer. Concentrado em gerenciar seus negócios de trigo, farinha, peixes e cavalos, George Washington só se juntou a causa depois de ser nomeado como comandante chefe do exército.
Quase dois séculos depois Martin Luther King Jr estava apreensivo com a ideia de liderar o movimento pelos direitos civis. Seu sonho era se tornar pastor e diretor de faculdade. Em 1955, depois que Rosa Parks foi julgada por recusar-se a ceder seu assento na parte da frente de um ônibus, um grupo de ativistas pelos direitos civis se reuniu para debater como reagir. Concordaram em formar a Associação pelo Progresso de Montgomery e iniciar um boicote aos ônibus. Um dos presentes sugeriu o nome de King para a presidência da entidade. “Aconteceu tão depressa que nem tive tempo de pensar. É provável que, se eu tivesse pensado bem, recusasse a indicação”, refletiu King mais tarde. Apenas três semanas antes, King e sua mulher haviam “concordado que eu não assumiria nenhuma responsabilidade comunitária de peso, uma vez que eu tinha acabado de concluir minha tese de doutorado e precisava dar mais atenção ao trabalho na igreja”.
Ele acabou eleito por unanimidade para liderar o boicote. Diante da perspectiva de fazer um discurso para uma multidão, ele conta em seus escritos que naquela mesma noite, foi “dominado pelo medo”. King logo superaria seus temores e, em 1963, sua voz vigorosa uniria o pais em torno de uma eletrizante visão de liberdade. Mas isso só aconteceu porque um colega propôs seu nome para o discurso de encerramento da Marcha de Washington e juntou uma coalizão de líderes para apoiar a ideia.
Quando o Papa quis contratar Michelangelo para pintar um afresco no teto da capela Sistina, ele não se interessou. Via-se mais como um escultor e não como pintor. Sentiu-se tão pressionado pela encomenda que fugiu para Florença. Somente 2 anos mais tarde, cedeu a insistência do pontífice e começou o projeto.
A astronomia ficou estagnada por décadas por que Nicolau Copérnico se recusou a publicar sua descoberta original que a Terra gira em torno do Sol, com o medo da rejeição de ser taxado como ridículo ou até mesmo morto. Se manteve em silencio por 22 anos, comentando apenas com amigos. Um dia um cardeal importante soube de seu trabalho e lhe escreveu encorajando-o a publica-lo. Mesmo assim Copérnico hesitou por mais 4 anos.
Quase meio milênio depois, em 1977, quando um investidor-anjo ofereceu 250 mil dólares a Steve Jobs e Steve Wozniak para bancar a Apple, a proposta veio acompanhada de um ultimato: Ele teria que pedir demissão da Hewlett-Packard. Ele recusou.- “Eu pretendia ficar naquela empresa para sempre, no fundo eu não queria fundar uma empresa, estava com medo”, reflete e admite Wozniak. Ele só mudou de ideia depois que Jobs, vários amigos e até seus pais o encorajaram.
Podemos imaginar quantos Wozniaks, Michelangelos, Copérnicos e Kings nunca perseguiram ou publicaram suas ideias originais por não terem sido arrastados ou catapultados por suas referências ou mentores. Embora nem todos aspirem a fundo ter suas próprias empresas, criar obras primas, revolucionar o pensamento ocidental ou liderar um movimento por direitos civis TODOS TEMOS IDEIAS PARA APRIMORAR NOSSO AMBIENTE DE TRABALHO, mas infelizmente muitos hesitam em agir e colocar essas ideias em pratica, pois sabem que existe uma grande corrente para manter as coisas na zona de conforto e no “status quo”. Pois defender novos sistemas com frequência requer derrubar o modo antigo de fazer as coisas e nossa espécie tem como princípio hesitar por termos medo de balançar demais o barco.
O que todos esses personagens tem em comum? Todos chegaram até o nível de imortalidade literária devido ao apoio incondicional de seus pares, familiares ou mentores. Aprendemos com Moro que quem leva as idéias liberais, de progresso e modernidade a frente não são os heróis dos livros de história, mas sim o encorajamento dos que estão a sua volta, dos que vão as ruas em busca de um amanhã mais promissor e as vozes de suas referencias que impulsionam e ecoam na mente destes ditos "notáveis" para nos levar ao próximo degrau.
Lhe deixo a seguinte questão: Quanto você vem impulsionando e estimulando sua equipe para que ela chegue ao próximo nível? Você hoje mais cobra sua equipe ou encoraja ela a superar seus limites?