LíderCast 118 – Maria Luján Tubio
Jovem argentina, com vivência em vários países e que escolhe vir morar no Brasil, país pelo qual se apaixona. E quer ajudar a revolucionar pela educação.
Aqui vai um trecho:
Luciano: A assimilação de uma culura. Eu entendo que tem particularidades, mas a tua predisposição, “estou indo para assimilar uma cultura”, que cuidados, ou o que você fez? Como é que você faz isso?
Maria: Olha, uma coisa que é importante primeiro é tentar fazer amizade com as pessoas do país. Eu vejo muitos estrangeiros que ficam querendo encontrar estrangeiros do próprio país, em vez de realmente se misturar com pessoas do país. Então você vai morar na França, em vez de ficar com brasileiros, faz amigos franceses e conhece eles e sobretudo observa como eles se comportam, observa o que eles fazem diferente, as palavras que eles usam e começar a replicar isso, sem questionar muito, porque muitos dos problemas culturais saem dessa falta de observação, você vem e faz do jeito que você conhece e aí não funciona. Então tem que observar um pouquinho mais e também sem se preocupar muito, porque na maioria dos países que eu morei, visitei, eles são muito abertos quando você é respeitoso pela cultura, você mostra interesse.
Luciano: Como é que foi esse teu choque de Brasil? Fala um pouquinho dessa tua chegada aqui.
Maria: Foram muitas coisas, muitas coisas. Os horários, porque mesmo sendo argentina, eu sempre fui uma pessoa muito pontual, mas aqui a dificuldade para chegar num horário marcado, a dificuldade para falar não, as pessoas não conseguem falar não, aí você acha que a pessoa vai aparecer, porque ela disse talvez eu vou, talvez eu vá lá e ela não aparece, ou vamos ver, talvez consiga e tudo isso não existe, eu não sabia nada disso, demorei muito para entender essas coisas. Mas hoje eu falo direto, “ah, vamos marcar”. Mas, enfim, teve essas coisas de que eu não estava preparada, digamos, dessa dificuldade, mas teve também uma surpresa, um tesouro muito grande que eu encontrei, que eu vejo até hoje e que é a razão pela qual eu ainda gosto muito de morar aqui, que são as pessoas. Eu não me senti tão acolhida em nenhum país como aqui. Aqui tem sido o país com mais abertura para me receber, eu tenho me sentido tão bem tratada, acolhida, respeitada. As pessoas são muito queridas. (...) Mas, olha, tem essas coisinhas assim, de repente, que eu falei, os horários, o não falar não, mas ao mesmo tempo eu comecei a curtir também esses aspectos que eu achava meio negativos, porque faz parte da cultura. Por exemplo, a falta de capacidade para marcar alguma coisa dá muita liberdade, a gente em outros países fica meio que constrangido, porque você falou que ia fazer alguma coisa e tem que fazer, não pode desmarcar. By the way, é o único país que eu conheço que tem uma palavra que não é cancelar, tem desmarcar, é a única língua que eu conheço que tem esse conceito, está desmarcado. Então isso dá muita liberdade para, realmente, você se conectar com o que você quer fazer na hora nesse dia e vai e faz e essa possibilidade também de desmarcar, que ninguém vai ficar assim muito chateado e todo mundo aceita você desmarcar, até certo ponto, lógico. Traz muita liberdade.
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