Líderes que já sabem e líderes que aprendem
Estamos vivendo uma crise diferente de todas as anteriores com impactos em praticamente todas as dimensões. Isto requer abordagens diferentes, novas perspectivas e, para as organizações, novos olhares e novas práticas de liderança.
Um dos desafios a ser superado é que o mundo está cheio de líderes que têm respostas para tudo e continuam utilizando as mesmas práticas do passado, como se as mudanças de contexto não importassem. Saber dirigir um carro, tendo aprendido em carros simples do passado, não habilita o condutor a dirigir um carro semiautônomo em uma pista em que ele nunca esteve.
O mundo e as empresas atuais carecem de líderes aprendizes, que tenham menos certezas, menos respostas e mais perguntas exploratórias, investigativas, integradoras, adequadas aos novos tempos.
“The important and difficult job is never to find the right answers; it is to find the right question” - Peter Drucker
Líderes que aprendem sabem que o que veem da realidade é uma parte muito pequena do que está disponível para ser visto. Sabem também que o que é dito a eles representa apenas o que as pessoas pensam sobre o que falam, o que é muito pouco.
Líderes que já sabem tendem a acreditar que o mundo é como um iceberg composto essencialmente pela sua parte visível, e tomam decisões que impactam profundamente negócios e pessoas tendo como referência apenas o que veem e pensam sobre o que veem.
Líderes que vivam o nobre desafio de ser eternos aprendizes, onde estão eles?
Aprendizagem requer expansão da consciência e entrar em contato com os próprios limites e fragilidades, porque estas são as chaves para acessar o pleno potencial, o que dá real significado à vida.
Somente pela ampliação da consciência é possível ver a vida como um milagre e não como uma sucessão de eventos que termina com a morte.
A aprendizagem não é um lugar a que se chega e sim um caminho a ser percorrido, com vontade sincera e muita disciplina.
"A essência do conhecimento é o autoconhecimento” - Platão
Há uma tendência de se entender aprendizagem como um processo de especialização, onde se aprende cada vez mais sobre cada vez menos, o que implica, entre outras coisas, desenvolver-se numa lógica fragmentada.
Boa parte dos atuais problemas das organizações e do mundo são consequências deste processo, na medida em que se maximiza a performance de subsistemas que impactam negativamente a performance do sistema maior. Pessoas e áreas vão bem, mas às custas de outras.
Outra tendência relacionada à aprendizagem é focar apenas no conhecimento, no saber intelectual, na especialização no mundo dos conceitos. A aprendizagem real demanda trabalhar o intelecto integrado aos sentimentos e à ação.
Líderes que aprendem sempre fazem questionamentos: quem eu sou e como a minha forma de atuação influencia fortemente a realidade?
O que tenho à minha volta que é um reflexo de quem sou e de como sou?
O que tenho que mudar em mim, sem o que será difícil algo mudar ao meu redor?
Os líderes costumam se iludir com o que aprenderam no passado e com o que os trouxeram até a posição de liderança que ocupam, e não percebem que se tornaram prisioneiros deste aprendizado do passado, que pararam de aprender e ficaram extremamente experientes em utilizar competências antigas que, cada vez mais, entregam resultados inferiores àqueles do passado.
Num mundo em construção, em constante mudanças, a essência da liderança é aprender a observar através de um novo olhar, aprender a escutar liberto da escuta pronta do passado que já tem respostas prontas para tudo.
Morre aquele que julga ter as respostas, aquele que acha que já sabe.
O alimento vital da nossa identidade são as perguntas, porque nossa alma anseia pelo saber primordial.
É muito difícil para uma pessoa admitir que ela própria é seu maior obstáculo a aprender continuamente.
As pessoas costumam ter orgulho das suas convicções e das suas crenças e não querem perceber que hoje estão dominadas pelas suas crenças, são prisioneiras das suas lógicas, formas de pensar e interpretar a realidade e que perderam a capacidade de aprender.
Liderar é um exercício de estabelecer conexões, de influenciar, de desenvolver, de gerar abundância. É, antes de qualquer coisa, um processo de autoconhecimento e, portanto, um processo de ter mais perguntas que respostas. Perguntas que iluminem e norteiem a jornada das pessoas à sua volta para futuros desejáveis.
"The questions which one asks oneself begin, at least, to illuminate the world, and become one’s key to the experience of others” - James Baldwin
Autodesenvolvimento é meio e fim. É a primeira e a última das tarefas para aqueles que, de fato, anseiam por se tornarem líderes melhores do que foram até aqui.
Airam Corrêa e Mario Lucio Machado.
CHRO | HRVP | Head of HR | Chief People Officer
4 aAdorei, Mario Lucio Machado!
Keynote Speaker, Facilitador e Coach internacional em L&D com experiências impactantes
4 athe quality of your Life depends on the quality of your questions... Tony Robbins