Língua portuguesa, eu ti amo! Ou seria te amo?

É triste ver a deterioração que o uso da língua portuguesa vem sofrendo no Brasil. E nem estou fazendo alusão às abreviaturas e aos símbolos usados nas redes sociais (como LOL, OMG, kkkk etc.). Mas sim sobre a aplicação correta da gramática, da conjugação, da concordância e tantos outros aspectos. E um deles é esse “ti” aí de cima, do título. Brasileiro não fala ou escreve usando a segunda pessoa. Nunca! Ops, quer dizer... Ultimamente, há uma tal “modinha” em querer usar o tu , o te, o ti. Até aí tudo bem. O problema é usar esses pronomes sem saber conjugá-los. Afinal, sempre usamos o “você” para tudo, mesmo que oculto na frase, com a consequente concordância na terceira pessoa (“Você quer estudar mais?”, “O que acha de ler um livro?”). Mas agora vejo uma proliferação de frases do tipo “vou ti ouvir”, “ti espero lá em casa”, “ti adoro”! E meu olhar de revisora torna uma tortura a vontade de consertar o post alheio! E já que não posso fazer isso, dou umas dicas para ajudar:

Qual a diferença entre o te e o ti? Os dois são pronomes oblíquos da segunda pessoa do singular. Mas um é oblíquo átono (te) e o outro oblíquo tônico (ti). E o que isso quer dizer? Na prática, significa que o te nunca deverá ser precedido de uma preposição, enquanto o ti sempre deverá ser precedido de uma preposição (para, a, com, de).

Os dois são complementos verbais, mas um está ligado diretamente ao verbo (te) e o outro é usado sempre que essa complementação necessitar de uma preposição (ti). Exemplos:

Eu te adoro  mas   Eu adoro a ti.

Eu te esperarei amanhã lá em casa  mas  Eu esperarei por ti amanhã lá em casa.

Ele te ligou?  mas   Ele ligou para ti?

E ainda tem a questão da concordância verbal (não é “tu vai lá em casa”, ok? O verbo tem que concordar com o sujeito: tu vais lá em casa). Essa sim uma grande dificuldade na linguagem oral para quem, como eu, vem morar em Portugal. Mas isso fica para outra hora.