LAMENTOS DA NATUREZA

LAMENTOS DA NATUREZA

Nildo Lage


Este universo infinito

Ouve e testemunha o meu grito

Ao ver a minha beleza se apagando

O meu espaço se resumindo

Para satisfazer a ambição

De um ser que se acha dono do mundo

No direito de governar o destino, a própria vida.

Eu, de uma beleza insigne.

Tão majestosa

Quanto quem me criou

Tão tranquila e formosa

Em meu seio acolhia

Toda a espécie que havia

Do mais dócil ao bravio

Do minúsculo ao gigantesco

Do inócuo ao predador

O alimento para matar a fome

A água fresca para saciar a sede

Do bicho chamado homem

Que só tristeza me dar

Que só mal me proporciona

Desnudando-me a cada instante

Enfraquecendo-me a cada golpe

Consciente que doravante

Destrói o próprio lar

Oh quanta dor!

Viver desprotegida

A mercê de um ser

Que necessita de mim para sobreviver

Mas não me respeita

Não me protege...

Onde estão as minhas matas?

De árvores frondosas, copadas e majestosas

Acolhendo e alimentando animais

Um cenário de devastação,

Um corpo despido... Sem vida...

O que foram feitos dos meus animais?

Que corriam alegres,

Brincando e encantando os bosques...

Com a melodia da vida...

Extintos pela ambição

O desrespeito à própria vida.

Veja como estão as minhas praias!

De águas límpidas e tranquilas

Tão farta de espécies

Um deserto silencioso...

... Um oceano de poluição.

Não entristeces ao me ver desvanecida?

Preste a extinguir?

Por que não ouves os meus gritos de socorro?

Os meus lamentos de dor?

Não reconheces o meu direito de viver?

Nada posso fazer

Não tenho mais forças

Para fazer germinar a semente

Que no meu seio foi plantada

Estou tão ressequida

Que nem mesmo o filho rio

Pode me dar guarida

Pois o seu leito franzino

Encontra-se poluído e envenenado

Os peixes já não existem mais

Pois o predador progresso,

O desrespeito à vida

Deram fim a sua existência

Quem és tu, oh homem cruel?

Que não tens amor à vida

Que destrói tanta beleza

Não vês que a natureza é a tua mãe

E tudo que nela há

Do pó fostes criado

E para ele hás de voltar.



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