LEALDADE.

Todos em posição de liderança, valorizam a lealdade. Numa das empresas onde trabalhei, o gerente escreveu na porta de entrada de sua sala: "Mas vale um grama de lealdade, do que uma tonelada de competência".Lealdade tem valor, é claro, mas o que é  de fato lealdade? Como deixamos a pessoa leal a nós ou aos propósitos de nossa empresa, família ou negócios? É possível transformar uma pessoal não leal em uma pessoa leal? Onde entra o limite da lealdade? Como através de gestão de relacionamento podemos fazer um pessoa ser leal? 

 Se nossa lealdade for baseada em fazer algo sem esperar nada em troca, podem ocorrer questionamentos do gênero: "sou mais leal a empresa do que a empresa a mim" ou "sou mais leal ao meu amigo do que meu amigo a mim". São dúvidas que hão de ser superadas e de fato nunca encaradas deste modo.  

   Há ramos nos negócios cuja lealdade é a base de tudo. Negócios assim parecem sombrios, mafiosos, de alguma entidade de espionagem. Tal fato pode ser expresso no ditado "amigos amigos, negócios a parte". A lealdade não precisa ser pessoal para existir. Lealdade é o respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade. O mais importante, a lealdade praticamente só depende de si próprio e não de terceiros. Por qualquer lado que imaginemos, podemos pensar nessa virtude como uma ferramenta do nosso estoque comportamental, que sendo usada corretamente pode aumentar nosso relacionamento com todos. Pode-se pensar que não se sabe quando começa ou quando termina uma lealdade a um amigo, mas um fato é que, sempre que a mesma se dá um fim, termina o bom relacionamento. Ora, se pensarmos que as ciências tem links de ligação entre elas, e estes links nos ajudam a entender melhor tudo na vida. Por exemplo: a primeira lei da termodinâmica postula que nenhuma energia no universo é criada e nem destruída. Ela simplesmente existe. Então uma lealdade entre às pessoas, às empresas e ao mundo, igualmente simplesmente existem. Não criamos uma relação de lealdade; só descobrimos que estamos sendo leais. O fato é que precisamos de lealdade entre todos nós, precisa-se de uma boa gestão de relacionamento, e quando não o temos; sofremos, e tentamos compensa-lo com um outro. Por quê? Porque temos ligações secretas, ligações ocultas entre nós, ligações que nos completam. Assim como passa-se pela necessidade de alimentação, pelo trânsito, pelo amor, pelo respeito e pelo  reconhecimento, todas essas ligações já estão estufadas na pirâmides de Maslow. A hierarquia de necessidades de Maslow, também conhecida como pirâmide de Maslow, é uma divisão hierárquica em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem que "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto realização. Este definiu um conjunto de cinco necessidades descritas em sua  pirâmide. 

1-necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo; 

2-necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa; à formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;

3-necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;

4-necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos; e

5- necessidades de auto realização, na qual o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser em seu potencial, como diz (autor): "What humans can be, they must be: they must be true to their own nature!" ( "O que os humanos podem ser, eles devem ser: Eles devem ser verdadeiros com a sua própria natureza). 

   É neste último patamar da pirâmide que Maslow considera que a pessoa tem que ser coerente com aquilo que é na realidade "... temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais".  

  Essas necessidades de todos fazem ligações ocultas e secretas individualmente. São necessidades das multidões e se torna bem claro quando a analisamos. Também podemos entender, como a melhor maneira de conseguir as necessidades da pirâmide, seja vivendo um bom relacionamento com as pessoas, com o mundo. A respeitar, no sentido mais claro possível, ou seja, considerar que as pessoas e o esforço que elas fazem é um excelente caminho de aprendizado para uma boa gestão de relacionamento. Lealdade continua sendo uma qualidade que só depende de nós mesmos e isso está oculto nas relações com quem não conhecemos, como uma espécie de "efeito borboleta". Somos leais com quem conhecemos e este são com outros que não conhecemos, logo, somos indiretamente e inconscientemente leais também com quem não conhecemos.

 Mas assim como conhecer a estrada e percorre-la; tratam-se de situações diferentes. Ter conhecimento e transformá-lo em resultado é bem diferente. Uma breve história deixaria tal fato mais claro. Dizem que Cristóvão Colombo enfrentou um séria tormenta há 500 anos atrás. Com o vento muito forte, só restou a ele ancorar em uma terra de nativos hostis e aguardar esperançosamente um socorro que nunca chegou. Já com 8 meses de fome e inclusive de falta d'água, o descobridor teve um ideia genial. Falou para os nativos que se eles não trouxessem provisão, seus deuses ficariam zangados a ponto de engolir a lua. E de fato, com o passar dos dias a lua foi sumindo. Os nativos, quase desesperados entregaram a provisão para o viajante. Contudo, onde aplicou-se o conhecimento ?  Cristóvão tinha um espécie de tábua lunar que previa todos os eclipses lunares daquele séculos e alguns do século futuro. Eis o conhecimento profundamente aplicado; que não seria nada sem a engenhosidade de como usá-lo, tento em vista determinada situação. Situação que aliás, acabou por mudar seu destino, de sua tripulação e de toda a América. 

 Mas tudo no mundo não aconteceu com previsão matemática como um eclipse lunar. Os comportamentos das massas podem ser previsíveis, mas de uma pessoa individualmente não o é.  Apesar de nossos comportamentos afetarem o relacionamento das massas como um efeito borboleta , são os relacionamentos individuais com aqueles que convivemos que fazem a diferença . São os relacionamentos com a família, que nos preparam para a convivência com as pessoas da escola, do trabalho, enfim, do mundo a fora. Apesar de tudo, revela-se um paradoxo: mesmo sendo previsíveis as massas e não previsíveis os indivíduos, pesquisa e teorias dos jogos tem mostrado que somos tão viciados em padrões aceitamos tudo que ocorre durante a vida, ou seja, individualmente, mesmo quando saímos do modo automático que caracteriza uma multidão e entramos no modo consciente, nosso cérebro procura uma padronização em tudo; uma maneira rápida e irracionalmente eficiente a curto prazo. Porém, poucos são os que percebem a criação de um padrão. Talvez, somente com meditação que conseguiremos enxergar qual o padrão que estamos criando e os efeitos deste padrão nas pessoas que nos cercam.    

Mais um dos maiores paradoxo do comportamento humano. Bom empirismo versus ação comum   Não são a mesma coisa. A ser objetivo, sabemos que dormir oito horas por dia e fazer exercício é o melhor para nossa saúde, mas não fazemos. Leonardo da Vinci, certa vez falou "saber e não fazer, é mesmo que não saber "; Aristóteles também deixou um pensamento para nossa reflexão sobre este tema: "para sermos excelentes, não podemos simplesmente pensar em excelência, ou nos sentirmos excelentes, precisamos agir com excelência". Tudo isso é quase um saber comum, mas foi o escritor Romano que disse "prática é o melhor de todos os instrutores." (Publílio Siro)  e inúmeras vezes provamos que a prática conduz a perfeição, mas somente depois das inúmeras pesquisas de William James Hall, (há mais de 100 anos atrás) que começamos a entender como transformar o bom senso em ação comum. O assunto é extenso mas podemos dizer, que no início precisamos de um esforço consciente em praticar os bons hábitos, depois as práticas dos bons hábitos serão automáticos e o faremos sem esforço. É uma boa notícia, afinal estudos atuais já demonstraram que adquirir bons hábitos é possível para todos, independente da idade. Inicia a ser leal. Se já é, sabe como é bom.

Abraços.

Marcos Rogério.