LEIA O ARTIGO :  Operacionalmente desorganizadas, estrategicamente confusas

LEIA O ARTIGO : Operacionalmente desorganizadas, estrategicamente confusas

O que leva empresas a se apresentarem operacionalmente desorganizadas, taticamente perdidas e estrategicamente confusas com tanta informação e tecnologia à disposição?


Tenho feito essa pergunta e a resposta costuma levar a um ponto: falta de qualificação profissional.


Estranho, é impossível que todos na empresa apresentem essa deficiência, mas...


As técnicas de gestão não mudaram tanto, a ponto de criar barreiras tão significativas para a evolução empresarial.


Algumas até são negligenciadas por conta da simplificação e engessamento em softwares.


É verdade que os modelos de PPCP e apuração de custos, entre outros, podem ser customizados, mas de maneira geral seguem a formatação previamente estabelecida pelo fornecedor, quando não são precariamente conduzidos em planilhas eletrônicas.


Não compliquemos, tratemos do débito e crédito na contabilidade. Quantas pessoas, envolvidas no processo administrativo, dominam esse conceito?


Um mistério desvendado apenas com horas de exercícios e aplicações. Que barreira é essa que foi levantada?


Nosso modelo mental nos diz: - Isso é um negócio difícil. Muito complicado para entender.


Decorar a tabuada também era, não?


Regrinhas contábeis criadas pelo Monge Luca Paccioli, que viveu entre 1475 e 1517, ainda se mostram um mistério para profissionais preparados para gestão, enquanto crianças com menos de cinco anos de idade usam computadores e navegam pela internet.


Com dois anos de idade já conhecem os controles remotos e escolhem e acionam seus CD preferidos. Outro mistério?


Sim, a forma de aprendizado.


A máquina de escrever exigia horas de treinamento nas escolas, hoje, a garotada quando têm acesso a um computador não têm a menor timidez e dificuldade frente a um teclado. E, como num passe de mágica, aprendem sem muitas orientações em datilografia.


Falar ao telefone exigia desembaraço, hoje, o celular com suas funções e teclas não assusta nenhuma criança, alias é um brinquedo!


Brinquedo, essa é a palavra mágica!


Crianças aprendem brincando. Uma questão para reflexão, pois com pouca orientação e interferência descobrem o mundo e dão um toque pessoal.


Impacientes, se irritam quando não sabemos ensinar ou não conseguimos acompanhar seus raciocínios e velocidade de aprendizado.


Para a criança, a barreira é o acesso, tendo, um mundo a ser investigado.


Do processo estratégico, passando pelo tático e chegando ao operacional, percebemos que nossa técnica de ensino e aprendizado precisa ser repensada.


Quanto mais informatizada a operação, mais distante ficamos da realidade. O domínio de telas e teclas não significa domínio da ciência. A facilidade de cálculo e de operação não pode nos levar à negligência dos detalhes e significados.


Estamos eliminando perguntas básicas, com isso ficando sem respostas.


Da época de estudante, morando em república, vem uma lição:


Acostumados a “receber tudo na mão”, enquanto vivíamos com nossos pais, não sabíamos fritar um ovo.

Resolvemos fazer um arroz, então um dos amigos trouxe a receita: Duas xícaras de água para cada xícara de arroz.

Um desastre. Duro, nem periquito comia!

Com o tempo, conversando com as pessoas, olhando as panelas, descobrimos os erros: fogo alto, panela destampada...

Algumas horas de farra na cozinha e alguns risotos se tornaram famosos.

Com tempo, passaram a ser preparados com o arroz especial, para essa finalidade.


Sabíamos onde comprá-lo, como escolhê-lo e como cozinhá-lo, mexendo sempre para não grudar no fundo.

Em pouco tempo, todos sabiam se virar em meio a tantas receitas.


O segredo do aprendizado começou com atenção especial à fase operacional. É nesse ponto que avaliamos todo o processo e conseguimos clareza na condução.


Por essa razão, precisamos aprender a aprender, para realizarmos o passo seguinte fundamental que é aprender a ensinar.


As escolas informam, educam, mas não treinam, tarefa dedicada ao campo, ao mundo prático. Há uma separação de papéis que precisa ser corrigida: levar a escola ao campo e trazer o campo à escola.


Isso não elimina, como gestores, nosso comprometimento com a difusão de informações, técnicas e preparação dos colaboradores.


Abro um parêntesis para uma frase que me acompanha na carreira: “antes de pedir a alguém que faça alguma coisa, você deve ajudá-la a ser alguma coisa”.


Para nós, da Postigo Consultoria, nossas maiores conquistas não estão relacionados às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente e indicamos à promoção, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.


Sem esse comprometimento, teremos equipes operacionalmente desorganizadas, taticamente perdidas e gestores estrategicamente confusos, com reflexos nas empresas e nos seus resultados.


Ivan Postigo

Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP

Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

Fones (11) 4496 9660 / (11) 99954 3476

ipostigo@terra.com.br

Twitter: @ivanpostigo

 

 

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