A leitura como fonte de combate a miséria

A leitura como fonte de combate a miséria

Interessante o mundo em que vivemos. Temos diversas formas de miséria: a miséria moral, a miséria intelectual, a miséria física, a miséria espiritual, a miséria familiar, a miséria da solidão, mas como diria Ariano Suassuna:" O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado".

Um dos lugares mais comuns para sonhar são os livros, que nos permitem chegar em lugares desconhecidos, conhecer experiências que talvez não possamos viver nesta vida, reconhecer o legado de nossos ancestrais e aspirar novas possibilidades de vida, de mundo e de planeta, através de histórias contadas por tantas mentes que se predispuseram a compartilhar conosco sua criatividade e experiência.

Não é a toa que as pequenas livrarias , desde os tempos mais antigos reúnem pessoas em torno de outras pessoas que contam histórias, reúnem amigos para discutir politica, trocar experiências e reúnem até amantes que podem vir a se casar.

Me lembro de uma reportagem do G1, em julho de 21 quando um casal que se conheceu em 2016 numa livraria em Oxford, decidiu fazer seus ensaios de pré-casamento na livraria para celebrar o encontro dos dois. Além de serem amantes de livros, provaram que não há dificuldade para quem entende a expansão de suas possibilidades, ambos disléxicos adoravam ler e celebraram o encontro no local que os uniu.

Segundo levantamento da Associação Nacional de Livrarias publicado em 2023, o Brasil possui em torno de 2.972 livrarias espalhadas pelo país, o que considero um número muito pequeno, haja vista a possibilidade de transformação que um livro pode causar.

Sei que a fala comum é do mundo imediato, da compra pela internet, da valorização do e-commerce, mas na outra ponta, a fala mais comum ainda é da solidão, das doenças mentais e dos fatores psicossociais que tem gerado um consumo absurdo de remédios pela população, o aumento dos casos de suicídio, afastamento do trabalho e exigência de cuidados adicionais das famílias com as pessoas doentes.

Diante deste cenário, será que não vale a pena pensar um pouco mais sobre o convívio? Largar o computador , largar o celular, e vivenciar uma pequena livraria, abrir uma pequena livraria, e permitir sua expansão das relações, sua cura das emoções, seu aumento de perspectiva , consciência, e porque não o desenvolvimento de novos sonhos?

Tenho ministrado aulas em vários céus que possuem bibliotecas incríveis, geralmente vazias quando vou lecionar. Temos a restauração de vários centros e bibliotecas públicas que podem oferecer de pequenos shows, cafés a eventos como o citado acima do casal. Inclusive , mesmo em dias chuvosos, estes espaços abrem e são locais incríveis para a familia experimentar com filhos pequenos ou grandes, basta se permitir, ao invés de se bloquear.

Será que muitas das nossas misérias não tem possibilidades de soluções bastante simples, para alguns casos, desde que nos permitamos retornar ao convívio, retornar a leitura, voltar a sonhar?

As artes de forma geral, a leitura, a pintura, a escultura, o grafite, a escrita, a dança, a música, entre tantas outras formas de arte, nos nutrem de forma simples e na maioria das vezes não exigem riquezas para fazê-lo. Inclusive existe uma frase de Red Auerbach, um dos maiores treinadores da NBA, que diz: A música lava nossa alma da poeira que fica da vida diária".

Lendo a frase acima me permito traduzi-la para: Em nosso cotidiano temos momentos de alegria, realização, mas também momentos de tristeza, frustração, raiva, estresse e decepção, o que mostra que a vida traz em um único dia uma variação de emoções boas e doloridas. Se não tivermos a arte, como uma das fontes, para nos mostrar a luz, nos lembrar que esta jornada exige resiliência, compaixão, compreensão e expansão de consciência, e que sua beleza está no aprendizado de que o próximo nos ajuda a melhorar sempre, independente dos caminhos que percorramos nas relações, viveremos sujos, míopes e vitimados pela falta de perspectiva.

Portanto não é o dinheiro que compra remédios que nos melhorará, mas a capacidade de ler, de compreender, de nos desenvolver para enxergarmos o belo, agradecermos a vida e buscarmos soluções práticas para o desenvolvimento da sociedade.

Valorize a leitura, valorize o pequeno livreiro, será que você conhece todas as ricas histórias que cada lugar destes pode contar? Será que cada escritor regional, que cada particularidade local não pode trazer um ensinamento coletivo que nos ajude a ser uma sociedade melhor?

Descubra se você quer se permitir conhecer lugares e perspectivas antes nunca imaginados por você, lhe trazendo liberdade do ser e responsabilidade no existir, ou se prefere viver com suas limitações e vieses, acalentando um conforto de lugar comum e expectativas definidas.

No final desta história longa, de jornada curta, chamada vida, suas escolhas dirão como você encarou a sua existência neste planeta!

Marcio Motter

Conselheiro Consultivo | Conselheiro Independente | Advisor | Mentor | Executivo Financeiro | CFO | Diretor Financeiro

2 m

Renata Vilenky, infelizmente a quantidade média de livros lidos pelos brasileiros é baixíssima, o que deve se relacionar com a pequena quantidade de livrarias que você menciona. Com toda a certeza o hábito de leitura precisa ser incentivado e o uso das bibliotecas já existentes seria um bom caminho. Será um trabalho de formiguinha e com resultado a longo prazo, mas precisa sim ser iniciado.

Maria José N. Macedo Vizone

Executiva de TI | Portfólio Manager | Agile Coach | Mentora de Carreira | Diagnóstico Empresarial | Transformação Organizacional

2 m

Sensacional sua abordagem, e tão verdadeira! Algumas ferramentas tecnológicas estão nos distanciando dos seres humanos que somos, não dando espaço para a troca de energias e de sentimentos que só o contato pessoal promove. Renata Vilenky você é uma inspiração a ser seguida!! 👏🏻👏🏻👏🏻 vou tomar a liberdade de compartilhar com meus contatos ❤️

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