A Lenda do Prior Velho
Há muito tempo, na aldeia de Prior Velho, vivia um homem bondoso e sábio que era o prior da Ordem de Cristo. O seu nome era Francisco da Costa e era dono de uma bela quinta que produzia vinho e azeite de excelente qualidade. A quinta tinha também uma capela dedicada a Santa Maria, onde o prior celebrava missa todos os domingos para os habitantes da aldeia e dos arredores.
O prior era muito respeitado e querido por todos, que o chamavam de velho prior por causa da sua idade avançada e da sua longa barba branca. Ele era sempre solícito e generoso com os necessitados, distribuindo esmolas e conselhos. Ele também era um grande conhecedor da história e das tradições do seu país, e gostava de contar histórias sobre os feitos dos cavaleiros da Ordem de Cristo na defesa da fé e da pátria.
Um dia, o prior recebeu a visita de um jovem cavaleiro que vinha de Lisboa com uma missão especial. O seu nome era Pedro Álvares Cabral e trazia consigo uma carta do rei D. Manuel I, que lhe confiava o comando de uma frota que partiria em breve para a Índia, seguindo o caminho aberto por Vasco da Gama. O rei pedia ao prior que abençoasse o cavaleiro e a sua expedição, e que lhe desse alguns conselhos sobre a navegação e a diplomacia.
O prior ficou muito honrado com o pedido do rei e acolheu o cavaleiro com toda a hospitalidade. Ele mostrou-lhe a sua quinta e a sua capela, e ofereceu-lhe um banquete com o seu melhor vinho e azeite. Depois, levou-o à sua biblioteca, onde tinha vários livros e mapas sobre as terras descobertas pelos portugueses. Ele contou-lhe muitas histórias sobre as aventuras dos navegadores e dos missionários, e ensinou-lhe alguns segredos sobre os ventos, as correntes, as estrelas e os povos que encontraria pelo caminho.
O cavaleiro ficou muito impressionado com a sabedoria e a bondade do prior, e sentiu-se mais confiante e preparado para a sua viagem. Ele agradeceu-lhe pela sua ajuda e pediu-lhe que rezasse por ele e pelos seus companheiros. O prior abençoou-o com uma cruz de Cristo e entregou-lhe um relicário com uma imagem de Santa Maria, dizendo-lhe que ela seria a sua protetora em todas as situações.
O cavaleiro partiu no dia seguinte para Lisboa, onde se juntou à sua frota. Depois de alguns meses de navegação, ele chegou à Índia, onde fez importantes acordos comerciais com os governantes locais. Mas o seu maior feito foi ter descoberto, por acaso, uma nova terra no meio do oceano Atlântico, que ele chamou de Vera Cruz, em homenagem à cruz de Cristo. Mais tarde, essa terra seria conhecida como Brasil.
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O prior ficou muito feliz ao saber das notícias do cavaleiro e das suas descobertas. Ele sentiu-se orgulhoso de ter contribuído para a expansão do império português e da fé cristã. Ele escreveu uma carta ao rei D. Manuel I, contando-lhe tudo o que sabia sobre o novo mundo e pedindo-lhe que enviasse missionários para evangelizar os seus habitantes.
O rei ficou muito satisfeito com a carta do prior e reconheceu o seu mérito e o seu serviço à coroa. Ele concedeu-lhe o título de conde de Prior Velho e mandou construir um palácio na sua quinta, onde ele poderia viver com todo o conforto e honra. Ele também mandou erguer uma igreja maior na aldeia, dedicada à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Brasil.
O prior viveu ainda muitos anos na sua quinta, rodeado pelo carinho dos seus vizinhos e amigos. Ele continuou a contar as suas histórias sobre os feitos dos portugueses pelo mundo, inspirando as novas gerações a seguir o seu exemplo de coragem e fé. Ele morreu aos 100 anos de idade, deixando um grande legado para a história do seu país.
A aldeia de Prior Velho nunca esqueceu o seu benfeitor e guardou com orgulho o seu nome. Ainda hoje, ela é um lugar cheio de tradição e cultura, onde se respira o espírito dos antigos navegadores e dos cavaleiros da Ordem de Cristo.
Nuno Martinez Eloy
2023