"Let’s alinhamento this meeting and talk sobre insights?"

"Let’s alinhamento this meeting and talk sobre insights?"

Ah, o universo corporativo, onde as reuniões são calls, os problemas são issues e até o cafezinho pode virar coffee break. É um mundo fascinante, onde palavras simples ganham versões fancy e tudo parece ser mais sofisticado do que realmente é. Afinal, quem quer simplesmente “resolver um problema” quando pode “escalar a questão para mitigar o impacto”? Parece mais profissional, não é? Só que não.

No fundo, todos sabemos que o uso excessivo de termos em inglês não melhora a execução das tarefas. Quantos projetos já ficaram parados porque a equipe passou mais tempo alinhando o roadmap do que, de fato, fazendo algo? “Vamos mapear os deliverables e otimizar o workflow”, dizem eles. Tradução: ninguém sabe por onde começar, mas o discurso parece impressionante.

E os meetings? Ah, os intermináveis meetings. Porque, no mundo corporativo, nada pode ser resolvido com uma conversa direta. É preciso marcar um alignment, com pauta, agenda e talvez até um follow-up meeting para resolver o que ficou pendente no primeiro.

E quando você acha que finalmente entendeu o plano, surge um pivot no meio do projeto, porque alguém leu um artigo no LinkedIn e achou que era hora de “reposicionar a estratégia”. Enquanto isso, o prazo, ou melhor, o deadline, já foi para o espaço.

A confusão não para por aí. Tem também o famoso feedback. Mas não aquele honesto e direto, do tipo: “Você fez isso errado, vamos corrigir assim”. Não, o feedback moderno precisa vir embalado em camadas de jargões: “Gostei do seu approach, mas talvez pudéssemos pensar em algo mais out-of-the-box para engajar os stakeholders.”

E o coitado do colaborador fica tentando traduzir o elogio disfarçado enquanto o problema real segue sem solução.

E o que dizer dos cargos?

Antigamente, você era gerente ou coordenador. Hoje, você é Head of Growth, Product Owner, Sales Enablement Specialist... Um título maior que o crachá, mas que muitas vezes esconde a simplicidade do que realmente se faz: vender, organizar, gerenciar.

Enquanto isso, o “Seu Antônio” do almoxarifado, sem título em inglês, mantém a empresa funcionando porque sabe onde está tudo o que a equipe precisa.

Mas talvez o ponto alto do glossário corporativo seja o uso do termo mindset. Porque, aparentemente, nada é mais importante do que o seu “estado mental”. Se o projeto fracassou, pode ter certeza de que alguém dirá que foi por falta de growth mindset. E se a empresa está patinando, a solução é alinhar a equipe com um customer-centric mindset. É a muleta perfeita para mascarar a falta de planejamento, clareza ou até mesmo de bom senso.

E assim, seguimos no teatro corporativo, onde as palavras impressionam mais do que as ações. Porque, no fundo, não são os termos bonitos que fazem o trabalho acontecer. Não é o brainstorming que gera ideias, mas as pessoas que têm a liberdade de contribuir. Não é o follow-up que resolve problemas, mas a execução concreta das tarefas combinadas.

E certamente não é o alignment que move projetos, mas a clareza e o comprometimento de quem está envolvido.

O problema com o “corporativês” é que ele cria uma ilusão de competência. Dá a sensação de que algo importante está acontecendo, quando, na verdade, muitas vezes estamos apenas girando em círculos, falando muito e fazendo pouco. Porque é mais fácil dizer que precisamos “melhorar a sinergia interdepartamental” do que admitir que faltou comunicação básica entre duas equipes.

É mais bonito falar em “planejamento estratégico” do que simplesmente dizer: “Temos que decidir o que fazer e começar agora.”

Portanto, da próxima vez que alguém sugerir um call to action para “implementar os insights” de um meeting, respire fundo e pergunte: “Mas, na prática, o que isso significa?” Porque a verdade é simples: termos não resolvem problemas, ações sim.

No fim do dia, o melhor mindset que você pode ter é o de parar de enrolar e começar a fazer. Afinal, o sucesso de uma empresa não está no inglês do discurso, mas na eficiência das pessoas que trabalham nela.

E, sinceramente, quem precisa de buzzwords quando o que realmente importa é entregar resultados? 😉 #simplesassim

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