As lições dos Reis Magos
Núcleo Alma Brasileira – SP
Departamento Alma Brasileira – Associação Junguiana do Brasil
Conta a tradição cristã que, quando Jesus nasceu em Belém da Judéia, foi visitado por três Reis Magos, ou simplesmente Magos ou Sábios. Poucos dados se têm a respeito destes personagens, mas a arte, sempre inspirada fonte de ensinamentos da Alma, produziu na tela de Andrea Mantegna (1431 – 1506) a imagem destes sábios como representantes de três etnias e três idades da vida. Gaspar, o jovem, era negro; Baltasar, o maduro, era oriental e Melchior, o velho, era branco. Três idades, três etnias, uma unidade.
Gaspar, o representante da sabedoria africana, pleno da força da juventude e dos Orixás, era o baluarte da liberdade. Sabedor da profunda significação desta virtude, buscava expandir esta compreensão por onde fosse. Conhecia muito bem o que a falta de liberdade causava de sofrimento aos que sem ela padeciam; e não se referia somente à liberdade de ação, mas também a de espírito. Gaspar reafirmava este valor e o ensinava onde fosse pois, conhecera bem os que foram privados desse dom, e sabia as consequências nefastas que a prisão e a escravidão acarretam. Por ser sábio, trouxe como presente mirra, utilizada para embalsamar os mortos, os que tombam pela opressão, os que morrem sem ar pela ação dos insensatos ou perecem nas senzalas antigas e atuais.
Baltasar, o representante da sabedoria oriental e dos povos originários das Américas, pleno da sabedoria dos monges e dos xamãs, de Gautama e dos animais de poder, com o vigor da idade adulta, era o baluarte da fraternidade. Também conhecedor da grandeza desta virtude, que concede a profunda identificação com o outro, com o irmão, para além de todas as diferenças superficiais, pois igual é nossa estrutura e nossa Alma. Ele bem compreende que a cor das paredes não altera a estrutura da casa e, se um dano grave ocorrer com o barco, todos se afogam. Por ser sábio, trouxe incenso, a fragrância oferecida aos deuses em gratidão pela vida e cujo aroma eleva os espíritos para além das diferenças. Conhecia bem os que acusavam seus confrades de ações destrutivas e planejadas e entendia que a ausência da fraternidade leva à loucura dos autocentrados, que enxergam somente a terra onde pisam. A terra é muito maior.
Melchior, o representante da sabedoria ocidental, dos filósofos, dos druidas e dos futuros cristãos, com a experiência da velhice, dos magos antigos e dos santos, era o portador da virtude da igualdade. Conhecedor deste ideal que reconhece no diferente a profunda identidade humana de todas as manifestações humanas, afirmava a necessidade de se buscar o essencial para além das aparências e que, nenhum povo é superior ao outro. É sabedor da ilusão da busca de raça pura e entende a profunda solidão que este engano causa, pois quem se coloca superior já está condenado ao abandono e a ouvir somente o eco de seus próprios desvarios. Olha seu próprio reflexo e aliena-se da humanidade. Por ser sábio trouxe ouro, o metal do sol que a todos ilumina indiscriminadamente, expande sua luz e seu calor igualitariamente, sem discriminação valorativa, origem dos preconceitos.
Os três Reis Magos e Sábios cainharam juntos seguindo uma estrela, uma promessa de unidade e comunhão, seguiram a estrela que anunciava um novo dia, que somente chegará se houver trabalho e intensão amorosa de construí-lo. Caminharam juntos, pois irmãos, tem uma e a mesma origem, por isto humanos, tem por mãe a Terra e por pai o Céu; tem por ideal a liberdade, a fraternidade e a igualdade, tem por meta a Vida de todos e todas, realizando a Alma no mundo. Aprendamos com estes Sábios, aprendamos suas lições!
Psicóloga clínica Astróloga Escritora
4 aAdorei! Muitos beijos!