Libertação das mulheres: será que a vida delas melhorou mesmo?

Libertação das mulheres: será que a vida delas melhorou mesmo?

 Umas semanas atrás, em Paris, conversei com uma amiga sobre a situação das mulheres ao redor do mundo. Falamos mais precisamente sobre o caso das mulheres nos países ocidentais, e como achávamos difícil superar todos os desafios que a sociedade contemporânea nos oferecia, em particular o de ser bem sucedida profissionalmente e pessoalmente, de ser sofisticada e bonita, e de se manter jovem. Na verdade, se podemos legitimamente considerar como adquirido o fato de termos sido libertadas das condições nas quais muitas mulheres ainda viviam nos anos 60, a sociedade atual obriga-nos, de uma certa forma, a submeter-nos a um ambiente altamente exigente, tanto no trabalho quanto em casa.

Às vezes me pergunto se não era melhor antes

Minha amiga então fez essa reflexão: “Às vezes me pergunto o que ganhámos com a libertação das mulheres. Quero dizer... finalmente fazemos todo o trabalho que as mulheres já faziam – ou seja cuidar da casa e das crianças – e além disso trabalhamos em período integral para ganhar em média, na França, 20% a menos do que os homens em geral e 10% em menos a cargos e responsabilidades iguais. Me pergunto se não era melhor antes."

 Ouvindo isso, pensei na vida de mulheres na época da minha bisavó, até da minha avó, quando uma grande parte da população não tinha acesso à educação superior, trabalhava em fábricas ou nos campos, e quando as mulheres em particular não tinham nem o direito de votar, pedir o divórcio, de ter uma conta no banco (em 2015 comemoramos na França os 50 anos da lei que autoriza as mulheres a trabalharem sem a autorização do marido e a ter sua própria conta no banco). Então pensei que, mesmo que ainda não esteja tudo perfeito, ganhámos sim com a libertação da mulher. E é justamente por isso, que às vezes, meninas como minha amiga, vocês talvez e eu, esquecemos o que nossas antecessoras conquistaram, e como lutaram para justamente conquistá-lo, que há o que comemorar no Dia Internacional da Mulher.

Muitas vezes o Dia Internacional da Mulher é um pretexto para dar oportunidades a mulheres de se destacarem

Muitas vezes o Dia Internacional da Mulher é um pretexto para dar oportunidades a mulheres de se destacarem, por exemplo entregando a uma âncora a possibilidade de apresentar sozinha um programa de televisão que geralmente é apresentado por um homem. Mas isso soa um pouco como se o Dia da Mulher fosse a nossa oportunidade anual para expressar-nos, o que então significa que essa mesma oportunidade não é tão grande nos outros 364 dias do ano.

O Dia Internacional da Mulher tem origem nas lutas operárias que agitaram a Europa no início do século 20, e nos combates de mulheres que trabalhavam nas fábricas por melhores condições de trabalho, o direito de votar e de igualdade entre homens e mulheres. A ideia de um Dia Internacional da Mulher foi lançada em 1910, mas a ONU oficializou-a somente a partir de 1977.

 Ao contrário do que às vezes é apresentado, a luta das mulheres por melhores condições de vida nunca foi uma luta contra os homens, e sim uma luta para a conquista de direitos humanos. E, nesse propósito, as mulheres abriram a via do combate contra várias formas de discriminação.

A luta dos sexos não existe

Gosto de ver o Dia Internacional da Mulher muito mais do que uma data representativa da conquista das mulheres, em que uma minoria uniu forças para lutar pelos seus direitos. Vejo como um passo de um longo e essencial caminho ligado à conquista dos direitos humanos em geral, onde se deve ter por superada a questão de gênero. Percebe-se, cada vez mais, homens se juntando às mulheres para romper os estereótipos e superar os preconceitos, onde fica claro que a luta dos sexos não existe. O que há é a busca para que se tenham garantidas melhores condições de vida e de trabalho.

janete jardim

professora na Governo do Estado de Minas Gerais - Secretaria de Estado de C&T e Ensino Superior

8 a

creio q sim, porem temos muito mais ainda p mudar!!

Claudia Lins

Diretora at Associação de Pais e Mestres do CMRJ

8 a

Bacana!

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